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HISTÓRIAS QUE VIVI...

HISTÓRIAS QUE VIVI...
Selma Melo
dez. 18 - 14 min de leitura
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Não me lembro do meu primeiro dia de aula, sei que minha mãe era professora, tenho lembranças boas da escola, mas também lembranças ruins.

Lembro de uma professora que jogou meu caderno no chão e me chamou de relaxada, porque minhas tarefas de matemática estavam erradas, lembro que fui chorando na sala da minha mãe e ela foi na minha sala de aula e chamou a tenção da professora.

As constelações que curam as fases da vida atual, curam feridas de antepassados, para que possamos viver bem hoje, curam memórias de sofrimento angustia e dor.

Minha mãe foi dizendo a ela, que aquilo não se fazia com uma criança, e que a mesma não era digna de ser chamada de professora.

Abro aqui um parêntese que muitos anos mais tarde encontrei essa professora e relatei o que aconteceu.

Quando isso aconteceu eu deveria ter 7 anos de idade, obvio cresci e sempre estudando segui os passos de minha mãe me tornei professora primária, aos 17 quase 18 anos, terminei o magistério sem dinheiro para fazer faculdade continuei fazendo outros cursos a nível de segundo grau, hoje denominado ensino médio.

Mais aos 20 anos entrei para faculdade, e vejam só, no curso de ciências e matemática, e assim segui minha carreira, passei no concurso do estado, trabalhei em escolas particulares, fui diretora de escola e acabei trabalhando no Núcleo Regional de Educação, onde aprendi e cresci muito meu conhecimento se expandiu muito.

Por obvio tive muitas tarefas e uma delas foi coordenar a Prova Brasil. Resumindo tudo, para aplicar a Prova Brasil fiz um chamamento de professores aposentados em nome do NRE, pois requisito para aplicação dessa prova eram ser professores aposentados.

Ao fazer a organização dos nomes e documentos para aplicar o treinamento, vi um nome que me chamou atenção, fiquei inquieta, coração meio angustiado uma sensação estranha...e eu pensava é ELA.

Ao mesmo tempo pensava, não pode ser e fazia as contas se hoje tenho 43 anos ela deve ter quase 70 anos… será que é ela?. Enfim chegou o dia do treinamento e de eu conhecer meus colegas de profissão que já estavam aposentados e que seriam meus colaboradores naquela tarefa.

Me apresentei dei as boas vindas a todos, era um grupo de mais ou menos 40 pessoas, fiz uma chamada para ver quem estava presente e como de costume sempre vou dizendo os nome e olhando para as pessoas, e ao chamar o nome dela nos olhamos ambas uma no olho da outra por alguns instantes, foi inevitável era ela...enfim nunca mais a vi.

Creio que ela me reconheceu e lembrou-se de mim, pois ao indagar sobre ela as outras professoras me disseram que ela desistiu de aplicar as provas.

Voltando aos tempos de escolas, lembro sim de professores mais ternos, lembro de um prof.  que entre outras coisas cortava as unhas compridas das alunas, menos de uma aluna, porque? Isso não sei.

Lembro da dona Norfa, assim que chamávamos a cozinheira da escola, que num cobertinho sem proteção nenhuma e em um fogão a lenha fazia merenda para os alunos.

As vezes os órgãos públicos mandavam a merenda que era aveia, as vez com leite e açúcar, as vezes só aveia, e nos levávamos o açúcar de casa, quando não tinha aveia passavam na sala pedindo para cada aluno trazer de casa o que tivesse, uma batatinha, um tomate um punhadinho de arroz, uma raiz de mandioca enfim… o que tivesse e a dona querida Onofra fazia uma sopa deliciosa.

Nossa comunidade era muito carente.

Tenho lembrança dos desfiles de 7 de setembro, quando minha mãe me vestia de florista, cigana...ou me deixava fazer parte da fanfarra. Ah! que expectativa para ouvir o hino nacional ser tocado as 6:00 horas da manhã no auto falante da comunidade, a expectativa para vestir a roupa nova e ir desfilar.

Meu Deus, hoje vejo o tamanho do carinho e do amor da minha mãe por mim, obrigada mãezinha, eternamente grata por tanto amor e dedicação, bons tempos apesar de todas as dificuldades enfrentados e vencidas graças a Deus.

Eu profissional, atuei 38 anos no magistério, sinto tanto orgulho disso, sei a importância que representa o professor para uma sociedade, ainda que essa não reconheça.

Ler o livro O QUE TRAZ QUEM LEVAMOS PARA ESCOLA, faz com que meu coração se alegre ainda mais dessa nobre profissão que escolhi e com amor a abracei. 

Obvio que nele encontro minhas falhas, minhas fragilidades, mas também encontro muita das minhas realizações pessoal e principalmente como foi bom ser uma professora inquieta que pra ela não bastava só ir la e cumprir sua jornada de 40 horas, as vez 56 horas de trabalho por semana.

Sempre estive envolvida com pais e alunos em atividades extra classe, muitas vezes sem apoio o efetivo nem mesmo da direção, mas olho para trás e me sinto feliz. Naquela época, sim naquela época porque estou aposentada a 4 anos, eu nem sabia o que era constelação sistêmica, mas de alguma forma já á fazia em meu trabalho, assim como creio que muitos profissionais a faz sem saber direito.

A aula 2, me deixou um tanto inquieta e realmente é verdade, tem muita escola em que professores e alunos não se sentem seguros no ambiente escolar, algumas vezes também não me senti.

Quando as vezes chamava atenção de alguns alunos parque estavam mascando chicletes durante a aula ou para que tirasse o boné em sala de aula para que pudesse ver seu rosto durante as aula, ai então surgiam as ameaças veladas do tipo, professora eu sei onde você mora, ou então professora você tem filhos né?

Tem professores que trabalham só por dinheiro? Claro que tem.

Como em todas as outras profissões, inclusive “terapeutas”, com certeza esse profissional torna escola um ambiente triste, doente e uma escola triste ( pois esse profissional também esta doente), tem pouca possibilidade de oferecer o melhor para o aluno, em partes, porque como foi dito “tem professor que trabalha por dinheiro”, por necessidade de por o pão de cada dia na mesa.

Mas nessa escola também tem o professor que além da necessidade do dinheiro também tem muito amor pelo que faz, não gosto e não acho justo a generalização nem da escola, nem do professor e muito menos do aluno.

Quanto ao orfandade funcional, sim realmente a grande maioria do povo brasileiro é um órfão funcional, porém creio que isso vai além da vida familiar e escolar, isso esta dentro de um sistema escravagista que vivemos e que ha muito pouco tempo “acabou” no Brasil.

Um sistema que tem o trabalhador como produtor de riqueza porem sem nenhum direito ao que ele produz, tanto que a riqueza brasileira se concentra nas mãos de uma minoria, quase 30% da riqueza no Brasil esta nas mão de apenar 1% da população enquanto os 99% do povo se vira com o restante.

Não discordo dessa orfandade, porém sou sindicalista desde o primeiro dia que entrei para o magistério, muito a contra gosto da minha mãe que também era professora na época, eu fui convidada e de imediato aceitei , assinei minha sindicalização, porque apesar de na época ter apenas 17 anos e minha mãe já ser professora a mais de 12 anos, eu já tinha vivido muita história de desrespeito profissional.

Como pode um trabalhador ficar 10 meses sem receber salário?

Como pode um trabalhador ter que sair de porta em porta no comércio implorando para os comerciantes para que quando ele fosse pagar o imposto de renda esse trabalhador ir junto até a prefeitura para poder então receber parte de seu proventos atrasados.

E o comerciante também receber o que vendeu fiado para o funcionário, enfim foram esses fatores que me levaram a ser sindicalista, orfandade, sim claro, orfandade de um sistema corrupto e desrespeitoso com o trabalhador.

Me aposentei da vida acadêmica, mas não me aposentei da vida sindical, na vida sindical a minha luta e coletiva, não e apenas por mim e por um todo, por tantas injustiças e pelos que pensam como eu, mas e também por aquele acomodado que senta e reclama, mas não faz nada.

Vejo o sindicato como orfandade institucional por que se os patrões reconhecessem seus funcionários como sujeito de direito, direito a parcela justa da riqueza que produziu através do seu trabalho (salário justo) sem ter que mendigar farelos não precisaria sindicatos para tentar leva-los a rever os direitos dos trabalhadores.

Ai então a quem diga: muda de profissão, e eu digo NÃO, não mude quem ama o que faz que lute por seus direitos de ser reconhecido profissionalmente e ter seu trabalho valorizado, por isso vá a luta por direitos, por dignidade profissional dentro do que faz.

Temos sim direito a ter qualidade de vida, tenho sim direito a viver e não apenas trabalhar para comer, tenho direito a casa própria ao seu carro a ter férias a viajar a proporcionar aos filhos uma escola de qualidade, uma formação no curso que escolherem fazer, afinal houve empenho estudo, profissionalização , contribuição com a nação com conhecimento, e com parte do salário em forma de impostos.

Se o o filho do patrão pode usufruir dessas possibilidades, o filho do trabalhador produtor de riqueza também deverá ter esse deve ser direito, é um dever do patrão reconhecer seu funcionário como produtor de riqueza e não apenas como alguém que trabalha em troca de migalhas(pesquisa liderada por Thomas Pikett, Desigualdade econômica, Brasil tem maior concentração de renda do mundo entre 0 1% mais rico).

Tomei para mim as dores? Não, penso que são pontos a serem refletidos dentro da memoria de orfandade.

Tempo é dinheiro sim e cada uma trabalha no seu ritmo esse é um ganho para essa nova geração tenho esse exemplo em casa e hoje grande parte da juventude esta se apropriando desse modo de vida, porem nós , nossa geração esta sendo difícil entender esse processo, pois frequentemente as perguntas surgem, seu filho não trabalha? Seu filho não estuda ? Ah, se essa gente soubesse.

Quando se fala que tempo é mãe, sim eu penso que apesar de conflitos com minha mãe eu sempre estive em paz com ela no subconsciente porque meu tempo realmente rende muito, sempre rendeu.

Linda essa frase “ Ninguém abre o caminho para seu pai se não, sua mãe”, na verdade apesar de tantas dificuldades com álcool, minha mãe reclamava muito do meu pai, porém ela era cuidadosa com meu pai e penso que isso passou para mim,  amor, muito amor pelo meu pai.

Não li esse livro Deus quer que você enriqueça, porém acho que minha mãe se encarregou de me ensinar isso, pois ela jamais aceitou a escassez, ela jamais teve esse apego religioso conformista em dizer que rico não entrar no reino do céu.

Ela sempre lutou, do jeito dela, mas a luta foi intensa para nos criar, vivemos escassez, sim vivemos, minha teve dinheiro em abundância? Não, mais ela ansiava por isso, e dessa forma passou para nós que ter dinheiro era muito bom, e eu vejo isso. Ensinamentos hoje através de suas aulas, do jeito dela, mas ela ensinou.

Gostar de aprender, gostar de aprender, isso pra mim é muito prazeroso. Iniciei minha nova profissão a uma ano e meio, hoje sou corretora de imóveis, sou muito grata, estudei mais uma ano fiz o CRECI e aqui estou eu, conhecendo gente, ganhando uma graninha extra e muito feliz.

Estou fazendo esse curso na Escola Real por paixão, porque meu objetivo com esse curso é ajudar pessoas, principalmente as que não conseguem pagar, vejo as maravilhas que as constelações realizaram na minha vida, na vida do meu filho e vejo pessoas que gostariam de se constelar, porém o poder aquisitivo não permite.

Bom talvez você pode me chamar atenção, mais sempre digo que para ganhar dinheiro eu fiz o CRECI e sou corretora, as constelação e acupuntura, que pretendo começar em breve, são para ajudar quem precisa e não tem recursos financeiro.

Minha primeira profissão foi de babá dos meus irmãos aos 5 anos de idade, confesso que isso me machucou por muito tempo. Depois fui dona de casa porque minha mãe trabalhava fora e eu me encarregava de cuidar de casa, até meus 15 anos.

Depois trabalhei em um supermercado e depois fui para o magistério, mas hoje entendo que fazer esse trabalho me tornou a pessoa responsável que sou.

Minhas escolhas profissionais, bem minha mãe sempre teve paixão por ensinar, meu avô materno administrador de fazenda, não sei quase nada da minha família.

Minha avó paterna era benzedeira, mística, então eu acho que nisso me encontro pelo prazer de chás como remédios, me encontro nessa vontade de ajudar as pessoas através de conhecimento de técnicas da acupuntura, da constelação, sei lá...acho que tenho um pouco dela em mim nesse aspecto também.

As influencias da energias de pessoas que vieram antes, realmente sinto isso, hoje a partir de suas aulas entendo um pouco mais, a energia positiva é fundamental e olhar para esse campo é importante, porém como você diz são poucas pessoas estão disposta a entender esse processo.

Gratidão, Mestra.

Gratidão, Bert Hellinger.

Amo tudo que fiz, amo tudo.

 

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