Meus pais, como a maioria dos descendentes de imigrantes, não tiveram uma vida fácil e, se por uma eventualidade muitos tiveram, este não foi o caso dos meus genitores.
Meu pai biológico nasceu em uma pequena cidade de Santa Catarina, terceiro dos seis filhos. Meus avós descendentes de alemães e italianos, com muito sacrifício tentavam manter a família com os poucos recursos que possuíam. Por isso, os dois filhos mais velhos foram para o seminário, enquanto os demais ajudavam em casa com pequenas tarefas como vender cerragem e bananas. Algumas vezes, inclusive, vendiam os quitutes que minha avó paterna fazia.
O tempo passou e se mudaram para capital do paraná. Tiveram alguns comércios onde, com muito trabalho, a avó tomava a frente das atividades juntamente com a ajuda dos filhos, enquanto o avô, na maioria das vezes se enveredava na bebida.
Seguindo o exemplo do pai, quatro dos primeiros filhos também se entregaram ao vício da bebida, sendo um deles meu pai, o qual, também demostrava um temperamento agressivo, sempre se metendo em brigas e, logo, foi servir na força aérea.
Passado algum tempo, foi convidado a se retirar por seu mal comportamento.
Voltando para casa, conheceu minha mãe, que na época, também vivia na capital.
Originária de Porto Alegre, segunda filha de sete, onde o primeiro morreu ainda bebê. Meus avós maternos eram descendentes de italianos, e também tinham um comércio. No entanto eram mais tranquilos do que os avós paternos. Meu avô, pai da minha mãe infelizmente mantinha o hábito da infidelidade.
Ao se casarem meus pais ganharam uma pequena casa em um bairro simples a qual, assim que pode, meu pai a vendeu. O relacionamento deles era regado a brigas, onde por inúmeras vezes a mãe sofria agressão de todos os tipos. Logo que nasci, minha mãe pegou infecção hospitalar ficando entre a vida e a morte. Assim, fui sendo criada pelos avós paternos enquanto a mãe foi cuidada pelos avós maternos.
Com uma vida de muito vícios e privações meus pais tiveram seu segundo filho, meu irmão, o qual foi criado por eles.
Apesar da avó paterna ser extremamente rígida, dava para perceber que me amava de verdade. Amor este, muitas vezes demostrado de maneira áspera, pois não sabia ser amável porque também teve uma infância extremamente difícil.
Eu fui crescendo no meio daquele caos e, como era de se esperar, também demostrava comportamentos agressivos, não sabia falar com as pessoas sem gritar.
Com muito sacrifício fui para a faculdade, muitas vezes sem condições de fazer um lanche, tendo que usar a mesma calça e sapatos por seis meses.
O tempo passou, e como já era de se esperar, tive um relacionamento abusivo onde me deixei ser subjugada até conhecer as constelações familiares em 2010. Depois de um tempo, consegui definitivamente seguir meu próprio caminho e me reconciliar com meus pais.
Hoje, eu me dou conta de que só o amor é capaz de superar os maiores sofrimentos, e é claro, que este amor só foi possível de perceber sob a luz do conhecimento das constelações familiares e acima de tudo da misericórdia Divina.
Eu busquei a paz em muitos lugares e foi com as constelações familiares, que pude colocar a peça do quebra–cabeças que estava faltando.
Eu sempre dou um testemunho:
Eu nasci para ser nada e Deus me fez gente.
Obrigada Senhor! Te amo!