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Liane Antonelli
abr. 24 - 3 min de leitura
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Dos sintomas mais frequentes em minha família que agora observo é a angustia, que era sentida pelo meu avô materno e por mim. Minha mãe sempre comentava quando eu respirava fundo e soltava o ar com um suspiro profundo, que eu fazia exatamente como meu avô.

Ele perdeu a mãe quando tinha( ?)anos. Muito responsável e trabalhador sentiu muito a falta da mãe, minha bisavó Umbelina. Tenho uma foto dele ao lado do túmulo quando foi visita-la aos 60 anos, no interior de Minas Gerais. Quis revisitar antes de morrer.

Ele faleceu com 82 anos com mal de Parkinson.

Isto me fez entender o quanto ele amava a mãe e o quanto sentiu a sua falta. Tirou muitas cópias da foto ao lado do túmulo e deu para os irmãos e sobrinhos.  Reconheço também a angustia e ansiedade, a pressa em querer fazer muito em pouco tempo.

Minha mãe dizia que queria que o dia tivesse 48 horas para dar conta de tudo que tinha e queria fazer. Teve o pai presente, mas como trabalhava muito não deu o amor necessário. Reconheço o sentimento de pressa também como memória da avó dela que era homeopata e cuidava da comunidade onde vivia e que faleceu aos 36 anos, deixando muito por fazer. 

Outros sintomas que vejo frequente no sistema familiar materno é a depressão, raiva, nervosismo e falta de alegria em alguns tios, irmãos da minha mãe que são netos da bisa Umbelina.

Agora identifico como sendo memória transgeracional de orfandade de meu avô que passou para os filhos e para mim também. Desde criança era nervosa brigava muito com uma prima e, adulta, tive depressão pós parto (não diagnosticada), descobri que tinha tido anos depois e uma depressão após o falecimento da minha mãe que trato até hoje.

Do lado paterno convivi pouco porque moravam distante e éramos sempre visitas.

Dos meus bisavós e outros antepassados italianos não sei nada.

Minha avó, filha de italianos, que nasceu aqui logo que chegaram, era melancólica, talvez deprimida, pois não era uma típica italiana, alegre, falante, ela era muito reservada e de sorriso difícil e muito religiosa. Casou nova, foi morar longe, teve 11 filhos e perdeu a mãe cedo.

Reconheço que me sinto melancólica, sinto uma tristeza que não sei de onde. Agora eu vejo que a melancolia é memória de saudade da Pátria mãe. Saudades dos que ficaram, saudades que minha bisa sentia de seus pais, avós e bisavós que ficaram na Itália.

Minha avó paterna, Rosa, carregou este sentimento a vida toda.

Meu avô Giuseppe não conheci, veio aos 4 anos para o Brasil e faleceu aos 60 anos de enfarte. 

#mod05#aula03

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