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LAÇOS MATERNAIS

LAÇOS MATERNAIS
Bianca Portela
set. 10 - 4 min de leitura
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Sou neta de Celizete de Assis Viana, Dona Cely, uma nordestina porreta, que não levava desaforo para casa. Dona de um lindo de par de olhos azuis, que me deixou como herança, e de palavras sábias e piadas engraçadas.

Vovó sempre foi alegre, alto astral, sorridente, contente e tantas outras palavras que significam a mesma coisa: feliz.

Sua história começa em Portugal, quando seus antepassados resolvem largar Viana do Castelo e seguir em direção a uma terra desconhecida, cheia de mistérios e pelo que disseram, cheia de oportunidades.

Mas assim não foi a vida da minha feliz avó. Sua trajetória foi recheada de sofrimento, abandono, fome, incertezas, traições e violências.  Sua mãe, minha bisavó, casou duas vezes e teve filhos em ambos os casamentos.

Filhos esses que foram separados em algum momento da vida infantil e reunidos quando eu tinha uns 10 anos, talvez. 

Minha vó, por sua vez, casou-se duas vezes e teve filhos em ambos os casamentos. Não os separou em nenhum momento da infância e talvez isso tenha os levados a se separarem depois de adultos. Minha vó teve três filhos. Minha mãe, com o primeiro marido, e meu tio e tia com o segundo marido, o único avô que eu conheci.

Quando tomaram a decisão de afastar o pai da minha mãe e toda sua família, vovó e vovô também os afastaram de mim e dos meus filhos.

Hoje minha mãe constela essa perda, entende os efeitos e aos poucos se cura de uma doença grave nos rins. 

Minha mãe foi um pouco além e resolveu casar 5 vezes, mas teve apenas uma filha, eu. Ela não deu conta de cuidar de mim e eu não dei conta disso até entender que não era pessoal. Afinal, ela não conseguia se relacionar de forma saudável e um suspiro de algo duradouro era demais para ela carregar.  Resultado, essas três mulheres terminaram a vida sozinhas. Duas viúvas e uma divorciada. 

Chegamos a minha pessoa. Eu casei uma vez, tardiamente para os parâmetros dessa sociedade. Claro que eu relutei, nem preciso dizer o por que. Eu buscava o amor romântico, outro sintoma dentro do emaranhamento familiar. Eu tive 3 filhos em dois casamentos. Aliás, o primeiro casamento não foi em cartório como manda o figurino, mas foi bem ao estilo da época: juntado com fé, casado é.

Meu primeiro filho, Bruno, tem hoje 24 anos e eu também não dei conta de ser sua mãe na época. Além de ter apenas 20 anos, eu estava no meio do furacão familiar entre minha vó e minha mãe que brigaram até que a morte as separaram. Eu casei com 35 anos. Tive mais dois filhos, Victor e Davi, sete e cinco anos. Meu sofrimento hoje está em saber que meus filhos tem a mãe que meu primogênito merecia. 

Ele sofre. Todos sofremos. 

Hoje eu trabalho e me esforço para curar esse emaranhamento e viver uma vida plena dentro dos conceitos da Constelação e do amor.

Eu já trilho o caminho do auto conhecimento e não é nada fácil, mas vale cada lágrima. Eu me aceito com as qualidades e defeitos. Eu me perdoo por aquilo que eu não sabia, mas tenho consciência que hoje eu sei.

Hoje eu posso ser melhor. Hoje eu posso fazer melhor.

Eu estou pronta. 

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