Conhecemos as Constelações Familiares Sistêmicas através da extensa obra literária de Bert Hellinger, o alemão e psicoterapeuta, criador do método e abordagem terapêutica sistêmica, com base na fenomenologia.
Atualmente seu método é utilizado por terapeutas do mundo inteiro, e, tem como objetivo principal a resolução dos conflitos existentes que se originam no âmbito do próprio sistema familiar.
Sabemos que “toda família tem sua singularidade, sua dor, seus desafios, seus pontos a superar e vencer”. É no espaço de cada sistema que os sofrimentos emergem e ancoram.
De acordo com as aulas do módulo 2 vimos que: para obter a cura destes sofrimentos, e que os mesmos muitas vezes são provenientes dos "emaranhamentos, ou seja, dos sofrimentos fora de contexto", é necessário “constelarmos por pelo menos quatro gerações".
Só assim, fazendo o processo de cura, podemos liberar nossos antepassados e deixarmos de carregar seus sofrimentos e dificuldades que eles tiveram que enfrentar.
Olhando para o meu sistema familiar e para a teoria de Bert Hellinger vejo várias situações que poderiam ser mencionadas como exemplo de que: realmente a lealdade existe, os emaranhamentos existem, os vínculos de amor interrompidos existem.
Conforme nos sinaliza a Lei do Pertencimento, todos pertencem a um sistema; nenhum membro da família pode ou deveria ser excluído.
Entretanto, constatamos que as situações de exclusões acontecem, e realmente isso afeta todo o nosso sistema causando sofrimentos, situações indesejadas ou dificuldades de prosseguirmos na vida.
Com essa constatação, só agora percebo o quão difícil estava em tomar algumas decisões e atitudes na minha trajetória e propósito de vida. Desde quando eu nasci meu pai já havia perdido a audição. Então eu fui gestada e acolhida onde o pai não podia ouvir.
Por conta desta limitação paterna muitas das minhas necessidades infantis deixaram de serem atendidas certamente.
Cresci acreditando que ninguém me ouvia, que ninguém podia me acolher, que eu não merecia nada de bom. Que era melhor não conquistar nada porque eu não tinha para quem contar. Que meu destino era viver sozinha mesmo... sem ser ouvida e compreendida... Com o passar do tempo comecei a perceber que algumas pessoas chamavam-me e eu não as respondia... mas, não era porque eu não as ouvia... era porque eu havia aprendido a ficar sem reagir.
Era assim que eu via meu pai.
Às vezes, quando a família se reunida, meu pai chegava perto por alguns instantes, conversava um pouco e depois ele se retirava e permanecia afastado do grupo e em silêncio.
Em silêncio fui observando, em silêncio fui assimilando e em silêncio praticando na vida o silêncio do meu pai. Isso, tornou-se muitas vezes um bem para mim, em muitos outros momentos, tornou-se um obstáculo. Eu sentia um enorme desconforto quando questionavam o meu silêncio.
Eu achava as pessoas agressivas por questionar-me e por traçarem certos comentários a esse respeito.
Eu não entendia porque ficar em silêncio fosse motivo para questionamentos, igualmente, não percebia de onde vinha o meu silêncio.
Afinal, eu nunca questionei o silêncio do meu pai, porque, para mim, meu pai era o amor da minha vida e eu só o via viver sem ouvir e sem responder aos comentários que faziam a respeito dele.
Na minha mente eu estava simplesmente agindo da forma correta, ou seja, repetindo o jeito do meu pai.
Contudo, enquanto não fui despedida do que eu acreditei por muitos anos que fosse o amor da minha vida, eu não tomei consciência de que havia algo que eu precisa perceber, incluir e sanar. Só com as Constelações Sistêmicas pude adentrar mais profundamente nas questões sutis e quase imperceptíveis do amor e da dor que eu sempre vivi.
Aos poucos comecei a perceber o quanto eu só quis amar o meu pai e ser semelhante a ele. Sinto-me grata ao meu pai. Entretanto, posso continuar amando, honrando, respeitando a deficiência auditiva dele.
Contudo, e além de tudo, fazer algo diferente do que ele pode viver.
Enfim, vale ressaltar que: muitas vezes, para curar-se é necessária uma intervenção terapêutica profunda. A fim de percebermos as nuances dos nossos traumas, apegos e emaranhamentos. É fundamental nos exercitar perseverar na prática da compaixão, do diálogo e da empatia para conosco e descobrir que, por conta do amor, as vezes, nos apegamos à dor e ao sofrimento dos nossos entes queridos.
O estudo desse módulo: "as leis do amor e os movimentos que curam": possibilita ampliar a visão e a audição sobre a real importância das Constelações Familiares, bem como, o necessário estudo, aprofundamento e dedicação constante ao conteúdo teórico e a prática sistêmica que as constelações oferecem, para que se tenha uma vida em movimento de cura, alegria e felicidade.
#mod02#conclusão