A atividade pedia para escrever sobre um super herói, conto de fadas ou filme e a sua dinâmica sistêmica.
Porém, não fui uma criança de curtir super heróis ou contos de fada, mas tive uma super heroína: Luluzinha.
Resolvi escrever sobre ela.
Acredito que a maioria das crianças hoje não a conhece, mas é uma personagem e tanto.
Fui apresentada a ela pela minha mãe, que também era sua fã.
Desde que comecei a ler, minha mãe comprava os gibis da Luluzinha e sua turma, para mim. E eu lia, devorava, não via a hora de chegar o próximo.
Luluzinha era feminista e não aceitava nenhum tipo de machismo. Inteligente, teimosa, moleca, sem grandes vaidades, criativa e independente. Parece que estou até falando de mim mesma.
Acredito que o que me fez gostar tanto dela é a história da minha família. Mulheres fortes, práticas, que tiveram que se virar, sem muito tempo para futilidades. E, principalmente, mulheres que não ficaram à sombra dos homens, pelo contrário.
Vejo na minha dinâmica familiar, semelhanças com a Luluzinha. Os homens não têm tanto espaço. Há um desequilíbrio e as mulheres predominam, quando, na verdade, cada um teria que ter o mesmo espaço.
Acredito que ela mostra também uma memória de orfandade. A necessidade de fazer tudo sozinha, sem contar muito com os outros, uma independência não condizente com uma menina de cerca de 8 anos. Minha avó materna teve que sair cedo de casa para trabalhar e, quando pedia para voltar, a mãe a empurrava para a vida, dizendo que seria melhor assim.
Acredito que minha avó sentiu muito essa falta, porque sempre dizia que não havia usufruído da sua mãe. Hoje vejo a orfandade nisso.
Eu apresentei a Luluzinha para as minhas filhas também, mas não se interessaram muito. Talvez haja aí uma cura. Não precisam se sentir tão sozinhas, ter que ser tão independentes e percebem que é bom ter um companheiro, dividir a carga e que isso não é machismo, nem futilidade. É humanidade.
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