Meus queridos antepassados,
Sei que somos numerosos e por vez nos tornamos menos no sentido de pertencer, levo dentro de mim todos vocês, embora não tenha conhecido muitos de voces.
Hoje escrevo esta carta em sinal de amor e honra por tudo que vocês foram, viveram e passaram, reconheço vossas forças e lutas por tanta exclusão violações, medos, quero agradecer pela vida que chegou a mim e, como um membro desses sistema, com muito amor e gratidão, faço esse movimento de inclusão aos que se sentem excluídos; vocês fazem parte da família.
Eu: Maria Erineide Do Nascimento, a quinta filha de 11 filhos, desses 11 filhos que eu sempre pensei ser 10 só fiquei sabendo da existência do décimo primeiro minutos antes de escrever esta carta; sendo então 10 vivos!!
Meus pais, João Rodrigues Do Nascimento e Maria Moreira Do Nascimento, naturais do CE.
Meus pais já não estão nesse plano; meu pai faleceu há 38 anos; ele foi um homem muito trabalhador, um agricultor, apesar da época e a criação dos filhos ser distinta aos dias de hoje, ele foi um homem dedicado a família e cuidou bem de nós.
Sim, as vezes apanhávamos! Para a nossa subsistência, tínhamos vários animais que garantiam nosso sustento, vacas, cabras, ovelhas, galinhas, suínos, além das plantações.
Quando vinha a seca, todos sofriam e também nós passamos por algumas privações, isso mas adiante quando meu pai faleceu e éramos todos muito pequenos ainda, eu tinha 14 anos minha irmã mas velha 18 e meu irmão caçula 6 anos.
Devido também as secas da nossa região e o fato de não saber lidar com todas as dificuldades, fomos migrando para o estado de SP e minha mãe ia ficando com os mais pequenos na nossa cidade; ela era dona do lar e se foi em 2018, tive o grande privilegio de cuidar dela e estar com ela até os seus últimos dias, não querendo ocupar lugar de meus irmãos mais velhos, mas fui eu que falei a ela as ultimas palavras, antes de sua partida, um momento difícil e doloroso para mim, e todos nós.
Papai Mamãe te amamos!
MEUS QUERIDOS AVÓS PATERNOS,
Não os conheci, não tenho nem nunca tive nenhuma foto que me lembrem vocês, nem mesmo seus nomes sei; peço perdão por esta grande falha e falta de interesse. Prometo que buscarei saber mais de vocês.]
Acredito que meu avô paterno faleceu meu pai ainda adolescente, e minha avó, só quem alcançou conhecer ela foi minha irmã mais velha; poucas vezes ouvi falar de meus avós; aquela época as crianças pouco participavam das conversas e não sabiam quase nada; só sei que era uma família numerosa também. Conheci muitos de meus tios e gostava muito de todos eles.
MEUS QUERIDOS AVÓS MATERNOS,
Minha querida avó Precila Rodrigues Da Silva, faleceu também, reza a lenda que de parto, minha mãe tinha apenas 12 anos; meu avó Francisco Moreira Da Silva, nunca se casou de novo, ficou só com os filhos, viveram com ele duas das filhas até ele falecer; foi o único avô que tive convivência; minhas tias sempre iam em casa e levavam uma de nós para passar uma temporada com eles.
Quando devolviam uma, levavam outra, eu acredito que era uma forma de ajudar minha mãe.
Essas minhas tias maternas não tiveram filhos; das 4 irmãs, só minha mãe teve filhos; suas outras irmãs, além de dificuldades para casar, também não tinham filhos biológicos.
Meu avó tinha uns olhos lindos azuis, aqueles olhinhos lindos tão meigo, amoroso, de personalidade tranquila, assim era meu avó. VÔ, muita saudades do senhor. Você nos fez muita falta, era muito bom ter sua presença, seu carinho e cuidado; amava ir para sua casa e, mais ainda, quando o senhor vinha ficar em nossa casa.
Nós, eu e meus irmãos, tivemos muita alegria e amor em compartilhar parte de nossas vidas com o senhor.
Grata por fazer parte de nós.
que saudades!!!