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MARIA MADALENA E JESUS CRISTO

MARIA MADALENA E JESUS CRISTO
Márcia Regina Valderamos
abr. 4 - 12 min de leitura
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REFLEXÕES

Ainda sob os efeitos da reverberação dos ensinamentos dos nossos amados Juliano Ravanello e Olinda Guedes na live de hoje, 04/04/2021, durante os Cânticos Gregorianos de Páscoa, uma reflexão do querido Juliano não me sai da cabeça:

“Para quem Cristo apareceu primeiro ao ressuscitar? Para Maria Madalena, considerada a endemoniada, a prostituta, a pecadora. Mas, por que Ele apareceu primeiro a ela? Porque ela já havia se arrependido e os demais discípulos não.”

Fico refletindo sobre tudo o que ouvi nessa live, desde a leitura da Mestra desse maravilhoso livro de Kallil Gilbran, Jesus, o filho do homem, até as palavras do Juliano e vou estabelecendo algumas conexões que, para mim, fazem grande sentido quando ligamos com o que aprendemos com nossa Mestra Olinda na Formação Real, na abordagem sistêmica:

- A Centelha Divina está em todos nós, sejamos homens, mulheres, com ou sem máculas em nosso caráter segundo a cultura que vivamos;

- Desde que nos arrependamos realmente e não voltemos a cometer os mesmos pecados, podemos sempre andar na Companhia do Amor e da Graça do Nosso Deus, sermos dignos de Seus Milagres e recebermos as Curas que Ele nos proporciona, a todos, indistintamente;

- O feminino, no Seu Divino, apesar de humilhado, rejeitado, inferiorizado e desprezado nas sociedades judaicas-cristãs, cumpre com coragem e obstinação o seu papel quando persiste, quando se torna protagonista de sua missão de vida e não vítima, papel esse de gerar, acolher, compreender, ter compaixão, nutrir, validar, amar acima de tudo e cuidar, apesar de tudo, e de zelar, proporcionando meios para que sejam cumpridos os desígnios de cada ser sob sua guarda;

- O masculino que, no Seu Divino também, ensina que ninguém é mais que ninguém, nem em relação ao gênero, a raça, ao credo, a cor, a cultura, as condições econômicas e que o ser sob sua guarda será protegido, amparado, estimulado nos seus dons, orientado e motivado, sempre buscando fortalece-lo para ser quem é e se fazer no mundo e para o mundo;

- A união de ambos, feminino e masculino, é que proporciona ensinamentos adequados, condições de superação dos sofrimentos e de integralização, de complementaridade, de ser um todo e saudável, feliz, próspero e pleno.

- Sem julgamento e sem exclusão a humanidade evolui e avança.

Do Livro de Kallil Gilbran a Mestra leu:”Pois que distancias pode o amor atravessar que não estejam contidas nessa vasta esfera, que visões, que esperanças, que presunções podem elevar-se acima desse voo? Como um carvalho gigante, recoberto de flores de macieira é o homem é o homem imenso que está em vós”. O autor aqui fala de Jesus para Jesus. E não cabem mais palavras.

PESQUISA

O AMOR NA VIDA DE MARIA MADALENA: UMA MULHER ALÉM DO SEU TEMPO E NÃO PROSTITUTA

Introdução

Um bom ponto de partida para falar de Maria Madalena e o amor em sua e de sua vida é o texto de Jo 20,1-18. Trata-se da aparição de Jesus ressuscitado a Maria Madalena.

No entanto, vamos focar nossa reflexão em Maria Madalena, a santa, celebrada no dia 22 de julho, tendo como base essa passagem de João, o evangelho de Maria Madalena, Ct 3,1-6 e o seu papel na história do cristianismo como mulher que tanto amou, mas que foi menosprezada, por causa da misoginia (aversão à liderança da mulher) na vida da Igreja.

Maria Madalena: significado do seu nome

Quem era de fato, Maria Madalena? Ela foi ou não prostituta? Para responder a essa pergunta, analisemos, primeiramente, o seu nome. Maria é Míriam, o qual é um substantivo composto de duas raízes, uma egípcia (myr) e outra hebraica (yam). Myr significa a amada e yam, abreviação de Yavhé, Deus). Maria significa, então, a amada de Deus. Maria Madalena é amada de Deus, ou melhor de Jesus.

 

O evangelho apócrifo de Felipe 59,9 confirma esse dado ao afirmar: “O Senhor amava Maria mais que todos os discípulos, e a beijava na boca frequentemente. Os outros discípulos viram-no amando Maria e lhe disseram: ‘Por que a amas mais que a todos nós?’ O Salvador respondeu dizendo: ‘Como é possível que eu não vos ame tanto quanto ela?”

 

Outras raízes para Miriam provêm do hebraico mar que significa amargo e o ugarítico mrym que, ao contrário, significa agraciada, excelsa.

 

Assim, Maria Madalena simboliza todo e qualquer ser humano que vive a eterna dualidade da vida: amargura e graça divina. Alegria e amargura são os dias do ser humano sobre a terra. Depois da tristeza vem alegria. Na tristeza, a alma chora. Na alegria, o ser humano sorri. Foi desse modo que agiu a comunidade de Miriam de Mágdala no seguimento de Jesus.

 

O sobrenome de Maria é Mágdala e é, por sua vez, um substantivo hebraico. Nele estão unidos a preposição me que em português significa da e o adjetivo gadol, grande. Torre em hebraico se diz migdal. Maria é, portanto, a Mulher da Torre, Aquela que guarda, a Guardiã dos ensinamentos de Cristo.

 

A torre era no mundo antigo o lugar que mais sobressaía nas cidades. Maria Madalena também era, assim, aquela que sobressaia diante dos apóstolos. Não teria isso gerado ciúme entre os seguidores de Jesus? Claro que sim. Quem tem mais liderança em um grupo é o mais querido, mas também rejeitado por outros.

 

É significativo o fato de o evangelho de Maria Madalena ter conservado a seguinte fala de Pedro em relação a Maria Madalena: – “Será que Ele (Jesus) verdadeiramente a escolheu e a preferiu a nós?” (MM 17,20).

Maria Madalena: citação nos evangelhos

Nos evangelhos canônicos: Mateus, Marcos, Lucas e João, Maria Madalena é a figura feminina mais importante. Ela é citada 17 vezes.

Na literatura apócrifa, isto é, quase duas centenas de livros do Primeiro e Segundo Testamento que não foram considerados inspirados, e, por isso, chamados de apócrifos, um evangelho, na versão copta, datado do ano 150 E.C., foi atribuído a Maria Madalena. Vale a pena ler esse livro de inspiração gnóstica. Madalena é apresentada como líder dos apóstolos. Nele, ela repassa para os apóstolos os ensinamentos de Jesus ressuscitado.

Outros apócrifos também falam de Madalena e, a partir deles, existe uma grande polêmica sobre a relação afetiva de Jesus com Maria Madalena. Seria ela ou não amada ou companheira de Jesus. Como vimos acima, o evangelho de Filipe é claro quanto a isso.

 

Maria Madalena: um imaginário religioso que fez história

 

Muitas lendas cercaram a tradição de Madalena ao longo da história do cristianismo. Ela teria se casado com João Evangelista, o casamento deles foi relatado nas bodas de Caná (Jo 2,1-11).

 

Ali mesmo, durante a cerimônia, o noivo teria abandonado Madalena e seguido Jesus, e Madalena se tornado prostituta.

Mais tarde, ela se encontra com Jesus, passando a segui-lo também.

 

Outras lendas contam que ela era esposa de um soldado romano, mulher rica, herdeira de uma grande fortuna, dona de um castelo em Magdala, cidade que está sendo escavada atualmente. Ao encontrar-se com Jesus, em Mágdala, ela abandonou tudo e o seguiu.

Na tradição da Igreja, Madalena recebeu muitos adjetivos: adúltera, santa e pecadora, penitente, bela e formosa. Para Santo Ambrósio, Madalena poderia ter sido pecadora. Já Pedro Crisólogo, arcebispo de Ravena nos inícios do séc. VII, diz que Madalena é o símbolo da Igreja “Santa e Pecadora”.

A misoginia (aversão à mulher) de Crisólogo o levou a afirmar, quanto ao fato de mulheres, dentre elas, Madalena, receber por primeiro o anúncio da ressurreição, o seguinte: “Neste serviço, as mulheres precedem aos homens, elas que pelo sexo vêm depois dos homens, por ordem (hierárquica) depois dos discípulos, mas não por isso estão a significar que os apóstolos sejam mais lentos, pois elas levam ao sepulcro do Senhor não a imagem de mulheres, mas a figura da Igreja…”.

No entanto, o que mais marcou foi o equívoco cometido pelo papa Gregório Magno, no ano 591, na catedral de Milão, interpretando Lc 7,36-50, que fala de uma prostituta que unge os pés de Jesus, ter afirmado que tal prostituta seria Madalena arrependida. Na sua homilia 33, ele diz: “Aquela a quem o evangelista Lucas chama de mulher pecadora é a Maria Madalena da qual são expulsos os sete demônios, e o que significam esses sete demônios senão todos os vícios?”

Os milaneses pervertidos se converteram e a apóstola Madalena passou a ser aquilo que nunca foi, prostituta.

A partir daí, o inconsciente coletivo guardou na memória a figura de Maria Madalena como mito de pecadora redimida.

Nas sociedades patriarcais antigas, a mulher era identificada com o sexo e ocasião de pecado por excelência. Lc 8,2 cita nominalmente Maria Madalena e diz que dela “haviam saído sete demônios”.

Ter demônios, segundo o pensamento judaico, era o mesmo que ser acometido de uma doença grave. No cristianismo, o demônio foi associado ao pecado.

No caso da mulher, o pecado era sempre o sexual. Nesse sentido, a confusão parece lógica.

A Igreja, em 1050, fez de Madalena padroeira de uma abadia de monjas beneditinas. A ideia seria mostrar que Maria Madalena se arrependeu e tornou-se eremita.

 

Na França, ela é tida como padroeira dos perfumistas e cabeleireiros. Ela é também a padroeira das prostitutas.

 

A ligação de Maria Madalena com a França, ocorreu porque no tratado hagiográfico Legenda Áurea, publicado em 1293, o frade dominicano Jacopo de Varazze (1230-1298) conta que 14 anos depois da morte de Jesus, Madalena e um grupo de cristãos acabaram expulsos da Judeia. Embarcados à força, foram atracar no porto de Marselha, no sul da França.

Lá, Maria Madalena teria pregado e convertido muitas pessoas.

 

Mais tarde, ela se retirou à gruta de Sainte Baume, onde terminaria se dedicando por 30 anos à penitência e à contemplação. O local é venerado ainda hoje por cristãos no Santuário de Maria Madalena.

Em 1969, os predicados “penitente” e “pecadora” foram excluídos da seção dedicada a ela no Breviário Romano. Com isso, a Igreja reconheceu que Madalena não era prostituta.

Madalena é celebrada pela Igreja Católica no dia 22 de julho, com festa litúrgica, a pedido do Papa Francisco, que em 2016 a declarou apóstola dos apóstolos, recordando esse título que foi dado a ela pelo teólogo Hipólito de Roma (178- 236) e retomado por Santo Tomás de Aquino (1274).

 

Para o Papa Francisco, esse seu pedido foi para demonstrar a relevância desta mulher que mostrou “um grande amor por Cristo”. O certo é que, para além de todas essas tradições, Maria Madalena era mulher de grande proeminência no início do cristianismo.

 

Ela foi feita prostituta para desmerecer o seu papel de mulher no seguimento de Jesus.

 

Por ele, Jesus, ela teve grande amor, não importa como terá sido. O que vale para nós, hoje, é tirar dela essa alcunha de prostituta, não desmerecendo as prostitutas, mas a negatividade que carrega essa simbologia na sociedade machista, misógina de ontem e de hoje.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Biblia sagrada:

- Mateus  27:56; 27:61; 28:1; Marcos 15:40; Marcos 15:47; Marcos 16:1; Marcos 16:9; Lucas 24:10: João 19:25;João 20:1; João 20:18.

Sites:

https://franciscanos.org.br/vidacrista/o-amor-na-vida-de-maria-madalena-uma-mulher-alem-do-seu-tempo-e-nao-prostituta/#gsc.tab=0

https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2018/03/o-que-voce-ainda-nao-sabia-sobre-maria-madalena-e-sua-relacao-com-jesus.html

https://www.bbc.com/portuguese/geral-43381775

 

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