Estava refletindo sobre o peso carregado por inúmeras mães para dar conta de casa, comida, filhos, marido, trabalho sem nenhuma rede de apoio.
Essa situação é para adoecer a qualquer pessoa física e emocionalmente.
A questão a ser olhada não é o gênero, é sobre ser gente, vive sem apoio, com tarefas sobre humana, nunca se ter tempo para o autocuidado e no final do dia ainda fica aquela sensação de incompetência e de não ter feito todo o possível.
Esse contexto em que muitas mulheres sobrevivem é enfermiço.
Precisamos ter clareza que nós não somos problemáticas e doentes, mas que somos sobrecarregadas.
Devemos dar um basta a esses discursos, que estamos desequilibradas pela PTM, ou pela menopausa, ou pela falta de sexo, simplesmente somos seres humanos, que estamos adoecendo por falta de apoio e estrutura para dar conta de uma tarefa estafante.
Esse contexto causa dores profundas na alma, que se apresenta como enfermidades, esse é o preço que pagaremos por aceitar fardo além da conta, por não saber dizer não, por não se colocar em primeiro lugar, por não se olhar e pior por aceitar não ser vista, por conviver com discursos machista, por se calar e aceitar que o problema está na mulher.
Comigo não foi tão diferente, sobretudo em tempo de pandemia, olhe que sempre faço o que dá, quando preciso paro tudo e relaxo, mas tinha horas que precisava retomar forças, pois a casa precisava ser arrumada, a comida precisava ser feita, a briga das crianças precisava ser parada era tanta luta que nem conseguia lembra de mim.
Durante essa jornada na escola real percebi que eu estava com uma dor profunda na maternidade e muita desordem em meu sistema familiar.
Ser mãe nunca esteve em meus planos e confesso o processo em um certo momento de minha vida foi bem pior, bem mais aprisionador do que eu poderia imaginar nos meus mais insanos devaneios.
Porém esse embate que a vida me proporcionou me fez um ser humano mais nobre, empático, forte, capaz, doce e tenro.
A lição foi aprendida, passei a colocar leveza em meu olhar para com a vida e agora está no hora de passar para a próxima fase, não dá para viver na repetição, onde já não se tem mais nada a aprender, permanecer onde eu estava era só cultivar dores e amargura de um sofre.
É o auto perdão, o encontro consigo e com a humanidade em mim, é constelação espontânea completando e trazendo a amor de volta para mim.
Minha proposta foi entregar-me ao amor incondicional de ser mãe, viver toda a vulnerabilidade que essa entrega me traz e descobrir as delicias de ser mãe o amor e a paz no olhar de meus filhos.