Há vários contos de fadas com os quais me identifico desde muito pequena. Eu me lembro que ganhei de minha tia uma coleção de livros ilustrados, tão perfeitos que por longos anos nem os tocava direito para não estragar.
Porém, vieram meus filhos meninos, quando na verdade eu guardava meus brinquedos todos para minhas filhas meninas, que não vieram; dei vários de meus brinquedos para meus meninos e entre eles a coleção de livros de contos de fadas. Resultado? Todos os livros destruídos, não sobrou nenhum para contar história. Na verdade, somente diante deste relato inicial, já percebo reverberando em mim tudo isto que relatei, agora eu vejo.
Enfim, mas por quem eu era e sou ainda muito apaixonada mesmo, sempre foi a minha heroína preferida, aquela da Liga da Justiça, a mulher maravilha.
Sempre tão linda e bem resolvida, forte, inteligente, independente. Eu queria ser como ela.
E na verdade hoje assim me vejo, uma mulher maravilha, não em todos os aspectos é claro, mas muito dela vejo em mim. A salvadora, aquela que com seu laço mágico resolve tudo, não deixando que nada saia do seu controle, e de modo que todos fiquem bem, se sintam bem.
Porém, na luta diária travada com esse mundo externo, ela esquece de olhar para dentro de si, para as suas dores, e ao final do dia, está exausta. Mas sabendo que no outro dia tudo começa novamente.
Homens que são excluídos. Falta de auto-cuidado. Desejo de salvar a todos. Na verdade, ela sente a falta de alguém que cuide dela, que a abrace e diga, vai ficar tudo bem.
Mas ela segue, linda, forte, bem resolvida, inteligente, independente e com diversos curativos pelo seu interior. A vida precisa continuar.
Porém hoje, com tanto conhecimento adquirido, ela percebe também, que isso tudo é um peso muito grande, e que agora, ela pode honrar todas que vieram antes, e fazer diferente.
Agora eu sei.