Em 2018 fraturei a tíbia e a fíbula da perna esquerda.
Eu estava no meu auge do esporte que tanto amava! Tinha encontro nacional e curso importante marcado e, num salto de 50cm de uma pedra para outra, virei o pé esquerdo e o impacto aumentado pelo impulso fizeram esse estrago todo.
Quando eu vi a radiografia não podia acreditar como um salto tão simples pudera ter tido uma consequência tão grande.
Foram oferecidas duas possibilidades de tratamento: o mais comum (com sucessivas imobilizações com gesso) ou um mais moderno e eficaz (o implante de uma haste intramedular na tíbia). A primeira técnica consumiria em média seis meses para a primeira fase de recuperação; a segunda diminuiria pela metade esse prazo.
E como urgente que sou, optei pela cirurgia!
Em 30 dias voltei a dirigir, em 45 a andar sem muletas, com 3 meses estava de volta ao esporte!
Recuperação surreal, 'fora dos padrões' disseram. Fui pesquisar e era verdade. Minha recuperação aparentemente sem sequelas fora milagrosa.
Um passo em falso e minha trajetória havia mudado. Eu desfiz, ou melhor, fui obrigada a desfazer dos meus planos esportivos e isso me frustrou profundamente.
O pior não era a dor física, mas a emocional, acompanhada do medo excruciante de não conseguir mais andar, correr, nadar, praticar meu esporte, enfim, não conseguir mais voltar para a vida que eu estava construindo após um casamento desgastante de 13 anos.
Eu não entendia porque a vida tinha me parado num momento tão importante, em que eu estava tão radiante e feliz, tão certa do que queria para minha vida.
Mas Ela me parou, parou com gosto.
Existiam questões com as quais eu precisava lidar e que já se arrastavam há alguns anos desde a separação, mas que eu sempre empurrava adiante.
A vida, o universo, Deus (ou como você queira chamar) é muito sábia e sabia que só algo muito drástico me faria parar, dar uma pausa no ritmo que eu estava levando e me fazer olhar o que eu precisava enxergar e desemaranhar.
Foi doloroso, sofrido e em alguns momentos desesperador, mas cumpriu sua função. Eu pude lidar com várias questões difíceis e que eu não imaginava o tanto que atravancavam minha vida.
Foi um divisor de águas.
Pessoas se foram, outras chegaram, ciclos se fecharam, outros se iniciaram.
Hoje sinto que estou no meu caminho, de uma forma mais madura e consciente.
Pelos meus estudos atuais, descobri que esse problema na perna esquerda está diretamente relacionado a questões relativas a minha mãe, fazendo total sentido pra mim.
Terei que fazer o explante da haste, em razão dela estar interferindo na funcionalidade da perna, atrapalhando minhas atividades físicas e esportivas.
Creio que seja mais um indício para que eu olhe a relação com minha mãe e trabalhe para a transformação dessas energias disfuncionais.
Trago comigo a convicção de estar fazendo o meu melhor para desfazer esses emaranhamentos do meu sistema e que tenho sido brindada constantemente por sinais do universo, indicando que estou no caminho certo para a construção de uma vida mais saudável, funcional e feliz.