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MEU PAI, ARLINDO RODRIGUES

MEU PAI, ARLINDO RODRIGUES
Gisele Reis
abr. 27 - 3 min de leitura
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Meu pai completou 101 anos em janeiro de 2021. No dia dos Santos Reis.

Sempre achei que é uma bela data para aniversariar. Parece que os santos o abençoaram com seus presentes de ouro, mirra e incenso.

Me pergunto, muitas vezes, quantas vidas esse homem teve durante esse século? Quantas mudanças testemunhou no mundo? De um mundo iluminado a lampiões até a atualidade quântica.

De que forma lapidou-se como um diamante, cada vez mais brilhante e translúcido, como sua mente lúcida, jovem e transparente? De que forma maturou, como um bom vinho, enriquecendo a cada episódio de vida, mudando o sabor, tornando-se raro.

Ele é raro! É um artista. Tem o olhar do mundo ao seu redor para "além do aparente", o que está oculto por trás da fotografia que transforma em quadro. Transforma o que vê em telas de aquarela, óleo ou bico de pena, delicadas e coloridas, documentando momentos, lembranças, imaginações, sonhos e desejos.

Tem a meta de documentá-las fielmente, esquecendo que essa é sua visão particular do objeto. É apenas sua forma de criar a realidade. Acha que todos enxergam o céu assim, tão azul, as águas do Capibaribe tão límpidas e verdes, a areia da praia tão limpa e brilhante? Elas são assim em suas pinturas. 

Ele tenta enganar a morte, cuidando de si e dos arredores. Tenta inverter o desgaste do tempo, barganhando um pouquinho mais de vida. Tanta vontade de viver que não cansa, criança! É um sobrevivente da pobreza no campo, da malária, das epidemias e disenterias que levaram embora seus irmãozinhos, quase todos.  

Cresceu, se fortaleceu e partiu para o mundo. Criou seu mundo, sua família, seus 4 filhos. Opa! Quero dizer, seus 6 filhos, pois dois não vingaram. Quase não inclui.

Passou pela guerra, pela recessão, pelos tempos de ditadura, pouco dinheiro, aprendeu a dirigir aos 50 anos. Viu seus filhos casarem e os os netos chegarem.

Perdeu sua companheira de mais de 50 anos. Sobreviveu! Sacudiu a poeira, se reergueu e se reinventou. Reiventou a família também. Sentou na cabeceira da mesa familiar para mostrar que estava ali, presente, olhando e cuidando de todos.

Levantou a união fraterna, fortaleceu o amor que nos une, incluiu os afastados, recebeu os agregados de braços abertos, ressaltou em seus discursos que a família é seu bem maior, além da vida.

Agora, aos 101, ainda preza e cultiva todos os dias esse amor e esse exemplo maior. 

Como sou grata a você, meu querido pai! Agradeço todos os dias por ser sua filha.

Agradeço a sorte de lhe ter aqui nessa terra, por tanto tempo. Isso me deu tempo para resolver os emaranhamentos, as mágoas e os ressentimentos de infância e ter o privilégio de dizer o quanto te amo.

Que sorte a minha de ter você.

Gratidão eterna!

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