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MEUS PAIS E EU, AS SEMELHANÇAS E O QUE TRAGO COMIGO

MEUS PAIS E EU, AS SEMELHANÇAS E O QUE TRAGO COMIGO
Talita M. M. Yokoyama
set. 4 - 7 min de leitura
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Infância de meus pais e a minha, qual a semelhança.

Meu pai é o caçula de 10 filhos, dias após seu nascimento minha avó precisou viajar para cuidar dos negócios, ela quem fazia toda a parte de banco, cartórios, toda a parte de negociação pois meu avô não sabia ler.

Foi muito amado e cuidado por sua irmã mais velha de 9 anos enquanto a mãe estava ausente, que não somente cuidou do irmão como também da casa, dos peões e dos afazeres do sítio.

Algum tempo depois teve o mal de simioto, muito cedo chegou próximo à morte, mas por graça de Deus muita oração e fé de meus avós, sobreviveu, é um milagre vivo.Cresceu sendo mais poupado que seus irmãos pois era o que tinha a saúde mais frágil, mais magro entre eles, mas teve e tem muita força para batalhar e fazer o diferente.

Minha mãe também é a caçula, desde seu nascimento precisou lutar para sobreviver, minha avó entrou em trabalho de parto e a parteira estava muito longe, então foram apenas as duas na hora de seu nascimento.

Ainda menina teve muitas turbulências em sua vida, viviam em situação bastante precária, precisava morar com alguns familiares, sempre de uma casa para a outra, em uma irmã, tia. No início de sua adolescência minha avó teve uma paralisia e ficou acamada, minha mãe perdeu seu lugar na casa, as senhoras que cuidavam de minha avó tinham total liberdade concedida por meu avô para tomar qualquer decisão tirando dos filhos o direito de cuidar ou se quer opinar.

Meu pai resolveu estudar para ser padre e minha mãe que foi morar na escola de freira, pensava também ser o caminho religioso o seu destino. Certo dia nas férias minha mãe chegou em casa e notou que minha avó estava sofrendo maus tratos pela cuidadora, decidiu então abandonar os estudos e o convento.

Meu pai volta de suas férias para casa e percebe que sua vocação não era para o seminário, por algum tempo ficou no sítio com os pais e logo foi para a cidade estudar, aos 13 anos, morou sozinho, trabalhava de dia e estudava de noite.

Meus pais se conheceram e meu pai se apaixonou por minha mãe, meu avô era bastante rígido e pouco permitia que saíssem para namorar, mas com bastante persistência meu pai conquistou a confiança de meu avô permitindo o namoro dos dois.

Assim como  meu avô meu pai também era bastante rígido, controlador e autoritário. Minha mãe explosiva, submissa e sem iniciativa própria. Sempre foram bastante unidos, um disposto a acompanhar o outro, um completando o outro. Trabalharam para serem pessoas melhores, casal melhor e tiveram esta conquista com o apoio na igreja.

Crescemos nesta caminhada e hoje vejo o quanto meus pais são diferentes, o quanto buscaram mudar os costumes, o que haviam aprendido como correto hoje conseguem olhar de outro modo e fazer um pouco diferente. Desde a louça na pia, as roupas para guardar em seu roupeiro que era considerado serviço de mulher, quanto a lavar o carro e trabalhar fora, que eram tarefas masculinas.

Hoje um ouve o outro e acolhe suas dores, suas queixas, como meu pai tem trabalhado para deixar o autoritarismo e conseguem viver com um pouco mais de liberdade e leveza. Um relacionamento de 43 anos que podemos dizer que são exemplo de dedicação, amor e compreensão.

Vi a criança ferida em minha mãe, o vinculo de amor interrompido em meu pai, e como eles vivem em mim, os vejo em meus dias.

Minha dificuldade de relacionar-me em toda a minha vida, quantas vezes me escondi para não tem que conversar com alguém, me sentia uma estranha em minha casa ou em qualquer vinculo que fizesse logo precisava escapar, uma prisioneira de meus medos.

Certa vez em uma consulta com um medico homeopata me perguntou sobre meus amigos, eu respondi com toda minha alma que não os tinha, alguns até me consideravam amiga mas não era reciproco de minha parte, e ele ficou bastante surpreso pois não achava comum jovem não ter amigos.

Realmente não soube ter, não me sentia bem em ouvir que eram amigos meus, como se eu não fosse capaz de gostar de alguém ou digna de que gostassem de mim.

Tive dificuldade em namorar, e hoje casada há 16 anos e com 23 anos de relacionamento tenho meu melhor amigo como meu companheiro. No início de meu relacionamento encontramos algumas dificuldades e fizemos alguns ajustes em nossos 7 primeiros anos de relacionamento. Tenho algumas limitações ainda mas que buscamos mudanças juntos com terapia. 

Compreendo que trago comigo estas crianças feridas de meus pais, não permito que pessoas se aproximem muito de mim, que me vejam como preciso apenas de um colo, de apenas deitar e ficar quietinha, ser acolhida, então me desgasto tentando  resolver só.

Como mãe sou uma mulher forte, destemida, busco soluções e quando não as encontro estudo, pesquiso, procuro profissionais para me ajudar e se não resolvem ou se não agem de uma maneira que meu coração se aquiete não tenho me calo, não me canso até que possamos ver melhoras.

Dou graças a Deus por manter minha mente e meu coração em mesma frequência, se um não se sente confortável com o que estamos vivendo outro não me mantem em estado de alerta. 

Neste módulo vi minha mãe em mim quando precisava enfrentar tudo sozinha, sem ajuda de seus pais, sem se permitir ser frágil algumas vezes; vi meu pai em mim quando para educar era rígido e controlador pois foi assim que aprendeu, que por amor "justificamos" nossos maus habitos na educação de nossos filhos e para ser bom precisa ser forte.

Me vejo em meus filhos quando me dizem verdades que me fazem repensar meus preceitos, quando me dizem que estou em busca de perfeição e neles eu não encontrarei.

Onde toda a desordem tenta mostrar-nos com amor o que foi excluido, onde está este corpo de dor que precisa ser curado? O que devo modificar em mim para que possa curar esta criança e recuperar o vinculo de amor interrompido em nosso sistema?

Minha mente buscou soluções no aparente do aparente, coloco-me nas mãos de Deus para que assim como me trouxe até aqui eu tome consciência do que preciso mudar em mim e assim encaminhar para a solução.

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