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MINHA AVÓ JOSEFA!

MINHA AVÓ JOSEFA!
Gilda Roldao
set. 6 - 5 min de leitura
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Por um tempo fui protelando em escrever a carta aos meus antepassados. Nasci e cresci com meus pais, Antonio e Elza, conhecendo e  convivendo somente com a família materna. Minha mãe era família de classe média e meu pai de uma família extremamente vulnerável. Meus avós maternos no início do namoro dos meu pais não concordavam por dois motivos: meu pai ser pobre e quase negro.

Minha mãe relata que teve grandes enfrentamentos antes e após casamento. Mesmo contra a vontade,  meus avós maternos sempre foram muito presentes. Sou a filha mais velha, minha mãe teve um aborto espontâneo, e minha irmã caçula nasceu eu tinha 08 anos. Meus pais passaram por situações financeiras bastante complicadas, pois os recursos eram insuficientes para subsidiar os custeios básicos. 

Meus avós me ofereciam além do necessário e a partir da idade de 03 anos passei a ficar mais com meus avós Sebastiana e Eliziario. Eles me completavam com amor e me enchiam de presentes. Eles sempre foram muito presentes na minha vida.

Fiquei adolescente morando com eles e me casei aos 19 anos, eles foram meus padrinhos.

Tive um casal de filhos os quais meus avós eram completamente apaixonados... um amor recíproco. E assim meus filhos curtiram os bisavós por 07 anos, quando perdemos os dois em um período de 01 ano e 02 meses, ambos sofreram infarto. Foi uma perca muito grande que tivemos, pois sabíamos a falta que iam nos fazer. 

Hoje todas as vezes que me lembro deles, especialmente da minha avó Sebastiana, é com um sorriso largo no rosto... Vó quanta falta você me faz... quantas lembranças boas tenho de você, quanta alegria você me deu, me lembro detalhes da minha primeira bicicleta, eu tinha apenas 03 anos...te amo ❤... obrigada por ter feito parte da minha vida... sinto falta do chá pra dormir, das massagens, dos cremes, das comidas gostosas, dos doces maravilhosos,  das pescarias, da mulher guerreira, e da fé que sempre teve... gratidão Vó!

Meus avós paternos sinto muito por não ter vivido com vocês... Meu pai Antonio me contou que ficou órfão de mãe aos 07 anos de idade, seus dois irmãos José, tinha 09, e Sebastião, 05 anos. Minha avó era Josefa e meu avô Messias. 

Meu pai se recorda que em um dia, após minha avó ter lavado toda roupa branca de cama com anil e embarreado as paredes com saibro, que extraia do barro, na simples casa de chão batido...deu banho nos três filhos, trocou-os e os  colocou sentados em um banco de madeira do lado de fora da casa, com a ordem de que não era para se levantarem dali.

Horas se passaram, o sol virou, queimando-os até que o filho mais velho não suportando se levantou com medo, pois estava desobedecendo a ordem da mãe, e foi até a janela do quarto, onde avistou-a deitada na cama com um copo sujo no criado, voltou para os irmãos e disse: acho que a mãe morreu. Realmente minha avó Josefa havia se envenenado, e morreu no local.

Na viuvez, meu avô deu um filho para cada família. Meu pai se lembra o quanto sofreu com essa separação, o irmão mais novo, de 05 anos, deixou de comer e chorava muito chamando pelo meu pai. A família que havia ficado com meu pai acabou ficando com o Sebastião também... meu pai se lembra que quando se encontravam viviam abraçados até pra dormir. 

A mulher que estava cuidando deles se chamava Regina, hoje falecida, não a conheci. O esposo dela era muito bravo e ruim, mesmo com pouca idade já tinham que trabalhar na roça. Meu avô Messias se casou com uma viúva que tinha vários filhos, tendo o caçula 07 meses, e trabalhou e criou todos eles. 

Quando os filhos já estavam todos adultos, ela se separou dele, afirmando na época ser por conta da bebida. A partir daí viveu até morrer na casa do filho Sebastião, irmão caçula do meu pai. Meu avô era alcoólatra, meus tios também. Meu pai não bebe destilado, mas aprecia demasiadamente cerveja. 

Meu pai nunca foi amoroso e carinhoso comigo... acredito que ele me ama, mas não consegue expressar esse sentimento. Meus avós paternos, hoje eu vejo vocês e sei o quanto devem ter sofrido por nunca terem feito parte da minha vida.

Gratidão pela vida de vocês!

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