A canção “Luar do Sertão” me conecta aos meus queridos avós e bisavós, me leva ao meu tempo de criança. Apesar de naquele tempo eu morar na roça, eu gostava mesmo era de ir para a fazenda de meus avós.
Era a Fazenda Grotão, que ficava na encosta de uma serra.
Tinha um morro grande que tínhamos de descer para chegar na casa, após longa caminhada. Íamos à pé.
Mas era uma delícia lá. Casa grande, lindo pomar com frutas deliciosas, muita água cristalina da fonte, moinho d’água de limpar café, arroz e milho, fartura na cozinha e deliciosos queijos que o vovô fazia.
Gorjear dos pássaros, o canto do galo de madrugada, o mugido dos animais, o murmulhar das árvores, a brisa amenizando o sol da tarde, a harmoniosa convivência familiar ...
Era tão bom ir lá! Enquanto a vovó fazia pipocas, que eram servidas na peneira, e biscoito frito para os netos, o vovô ligava o rádio para ouvir músicas caipiras. Uma que ele gostava muito era “Luar do Sertão”.
Ainda hoje, quando ouço essa música, eu me lembro dos meus avós e bisavós com amor e carinho. Eu me conecto com eles e isso me coloca num estado de presença, de disposição, de gratidão por tudo que eles representam em minha vida. Graças a eles a vida chegou até mim.
É muito revigorante essa música.
Em que ano foi composta a música Luar do Sertão?
A toada “Luar do sertão” (1914) reivindicada por Catulo da Paixão Cearense como autor único, deve ter apenas a letra composta por ele, pois provavelmente é adaptação de uma melodia de domínio popular, recolhida e modificada por João Pernambuco – “É do Maitá” ou “É do Humaitá”. Na opinião de Pedro Lessa é o hino nacional do sertanejo brasileiro,
Qual a diferença entre o Luar do Sertão e O Luar da cidade?
Não tem aquela saudade do luar lá do sertão...” ... Realmente, o luar no sertão é mais belo e o céu mais brilhante do que o da cidade, ofuscados pelas luzes artificiais das vias públicas.
Luar do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Ó que saudade do luar da minha terra
Lá na terra branquejando folhas secas pelo chão
Este luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade do luar do meu sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata prateando a solidão
E a gente pega na viola que ponteia
E a canção e a lua cheia a nos nascer do coração
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Coisa mais bela neste mundo não existe
Do que ouvir-se um galo triste no sertão que faz luar
Parece até que a alma da lua é que descanta
Escondida…