Mãe é tempo, pai é dinheiro. Somente pela mãe a criança terá portas abertas ao pai. Essa frase reverberou em mim por alguns dias. Como um movimento, algo em mim que viajou diretamente para minha orfandade.
Anos e anos vividos sem olhar para mim mesma, sem seguir o que meu coração me dizia. Anos e anos onde minhas escolhas era para encaixar naquilo que esperavam de mim, como uma eterna endividada que não entendia por que se sentia assim, devendo, tendo que atender. “Onde tem sofrimento, mora ali uma ignorância” já dizia nossa Mestra Olinda Guedes. Lição aprendida, agora é ação.
Usar o tempo a meu favor, fazer coisas que gosto, mesmo que por enquanto sejam pequenas coisas. Alinhar meu trabalho de forma que não seja apenas o meu sustento, mas que caminhe junto para uma realização pessoal, e contribua com a sociedade de alguma forma.
Aprender a falar não. Não devo nada a ninguém, tenho que atender em primeiro a mim mesma e meus propósitos, e quando isso transborda, o outro é beneficiado. Deixo ir embora a culpa de nascer bem em um mundo cheio de misérias. Troco essa culpa pela ação e o comprometimento de fazer algo real para essas pessoas.
Mesmo que sejam poucas. Ou apenas uma.
Coloco a culpa de carona na minha orfandade e despeço-me delas. Deixo ir, agradecida por me ensinarem tanto nessa vida. Obrigada mãe, obrigada pai, pela vida que me permitiram.
Entendi agora que não interessa o que fizeram comigo, interessa o que eu fiz com aquilo que fizeram comigo. E isso muda tudo.
Aceito a história de vocês, e compreendo que vocês foram o melhor que poderiam ser. Honrarei meu Tempo/Mãe, abrindo as portas para meu Dinheiro/Pai.