Ao ouvir falar das "Noites Escuras" no módulo 7, várias recordações vieram a minha mente.
Lembrei da história de uma tia-bisavó materna que devia ter um certo grau de autismo e que na época em que era viva, não se tinha conhecimento sobre essa forma especial de ver a vida.
Quem me contou a história dela foi minha avó, e o que mais me chamou atenção em seu relato foi justamente a maneira como ela se referia a sua tia, "era meio doidinha".
A partir daí comecei a refletir sobre essa situação e, com os conhecimentos da aula, percebi o quanto de carga essa tia carregava e como era pesada.
Naquele momento, agradeci a minha tia por ter escolhido vir com tal missão e entendi o porquê da compulsão por comida que ela tinha, pois antigamente pessoas como essa minha tia eram, na maioria das vezes, discriminadas por seus familiares e suas necessidades de afeto não eram validadas.
De acordo com as experiências relatadas por Andrew Solomon em seu livro Longe da Árvore, a aceitação de uma noite escura necessita da entrega amorosa e disponibilidade de quebrar paradigmas, o que a muitas pessoas não se disponibilizam a fazer.
Talvez pelo peso de ser diferente e o medo do julgamento alheio.
Enfim, tudo é uma questão de escolha e sabemos que toda ação tem uma consequência, porém se mantivermos o amor e a prática da mudança em nossa forma de ver o mundo como prioridade o caminho se torna mais fácil.
Assim como minha tia, na adolescência, passei por um período de compulsão alimentar e não conseguia expor o que pensava com medo de ser excluída, pois já tinha passado por isso na escola quando criança.
Ao entender que não estava sozinha e que não tinha nada de errado ter opiniões e comportamentos diferentes, que eu era aceita mesmo tendo opiniões contrárias as da maioria, a carência foi passando e junto a compulsão.
Hoje me sinto grata por naquela época me permitir mudar a partir dessa noite escura, pois sei o quanto ganhei com toda essa transformação.
#mod07#asnoitesescuras