Acerca do que venho elaborando a sobre afetividade e sexualidade, sinto que este foi sempre um tema misterioso pra mim, um tabu.
Não lembro da minha mãe, tão pouco meu pai, falar comigo sobre menstruação, sexualidade, relacionamentos. Fui descobrindo sozinha, as vezes com amigas, mas sempre ouvindo em casa sobre proibições, não pode isto, não pode aquilo... nada dito em conversas, palavras soltas e sempre pejorativas e opressivas sobre o assunto.
Tenho um sensação servil, reduzindo a mulher a isto.
Sem direitos, sem prazer, sem iniciativas... Isto gerou em mim timidez, insegurança, medo da intimidade, falta de libido, baixa autoestima... por vezes, me sentia violentada, outras me sentia triste, já chorei silenciosamente, mesmo em um relacionamento estável, mesmo sendo amada. Sinto que não posso me arrumar demais, me sentir bonita, atraente porque estarei me “oferecendo.”
Agradeço por hoje poder ver, ter a consciência de que posso fazer diferente, e concordar com o destino de cada uma.
Queridas mulheres, todas vocês que vieram antes de mim, todas vocês que disseram sim a todas vidas de nossa linhagem, eu vejo vocês! Vejo a renúncia, a opressão, o abuso, o abandono que passaram. Eu sinto tanto, tanto.
Agora eu sei que todo sofrimento fizeram com que vocês excluíssem o masculino da vida de vocês, mas agora já passou, foi o suficiente. Não precisamos mais derramar nossas submissas lágrimas e nem nos submeter a atos violentos por prazeres alheios.
Tomo a vida que vocês me deram generosamente e vou fazer uma coisa boa com ela, agora é seguro amar, é seguro se relacionar com intimidade.
Deixo com vocês o que é de vocês e sigo meu próprio destino!
Gratidão por tanto! Gratidão!