Texto de Conclusão do Módulo 3 – Saber sistêmico. 17/6/21
A história de amor dos meus pais.
Meus pais se encontraram nos anos 50. Ele, Dolfírio, 62 anos, dois casamentos, 11 filhos. Ela, Alice, 23 anos, um casamento e uma filha. A diferença de idade não foi barreira para que se unissem e vivessem uma nova história, um recomeço, uma nova família da qual me orgulho de pertencer. Tiveram cinco filhos.
O primeiro casamento do meu pai foi com Dona Ana e se rompeu quando ele foi em busca de novas oportunidades de trabalho e ela não pode acompanhá-lo, acredito, por estar com um filho recém-nascido de dois meses. Em outras terras, papai constituiu nova família com D. Geralda e tiveram um filho. Após 5 ou 6 anos ela muda de cidade e papai fica com o filho.
O primeiro casamento de minha mãe foi interrompido quando seu ex-marido foi preso por crime passional. Ela conta que sofria de violência física e abusos emocionais. Ela deixou minha irmã com meus avós maternos na roça e veio para a cidade trabalhar. Na pensão onde trabalhava como cozinheira, ela foi apresentada ao meu pai e aí começa a história de Dolfírio e Alice, meus amados pais.
Desconheço a história da adolescência e infância do meu pai. Sobre minha mãe sei que ela não quis estudar e meu avô a colocou para ajudar minha avó nas tarefas domésticas. E ela aprendeu a cozinhar e possui mãos abençoadas, sua comida é maravilhosa!
Meus pais se casaram quando eu tinha 5 anos de idade e me lembro do dia, eu usava um vestido branco e brincava no meio dos convidados. Tiveram uma vida comum, com altos e baixos , discussões e entendimentos. Com nós filhos, eram carinhosos do jeito que sabiam ser, cuidadosos, corretivos sempre que necessário.
A educação foi dentro dos valores importantes que formam a base de uma família e o caráter dos filhos. Meu pai sempre pontuava a necessidade dos estudos na vida, mesmo nunca tendo frequentado escola. Aprendeu a ler e escrever com ajuda de pessoas próximas. Viveram juntos até o falecimento do meu pai, então com 91 anos.
Minha mãe não se casou novamente. E nos criou, educou e levou pra vida.
Então eu me dou conta que minha vida foi e é muito abençoada. Sinto muito orgulho e gratidão por ter nascido em uma família onde pude receber o melhor da vida: amor, carinho, acolhimento, educação, força e valores.
Em cada fase vivi alegrias e tristezas, ganhos e perdas, que me permitiram ser quem eu sou e estar onde estou. Emaranhamentos, claro que tive e ainda tenho. Crises existenciais, muitas. Medos, os mais variados. Mas, acima de tudo, muita coragem para buscar ajuda e me cuidar. Compreensão de que não tenho todas as soluções e nem preciso ser perfeita e dar conta de tudo.
Sou humana, sou mulher e sou uma buscadora. Reconheço e honro o que recebi de meus ancestrais e de meus pais a melhor herança: a VIDA com AMOR.