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#MÓDULO3 - NARRATIVA SOBRE A INFÂNCIA E A VIDA CONJUGAL DOS MEUS PAIS E A MINHA HISTÓRIA

#MÓDULO3 - NARRATIVA SOBRE A INFÂNCIA E  A VIDA CONJUGAL DOS MEUS PAIS E A MINHA HISTÓRIA
Eloni Gomes
jun. 28 - 8 min de leitura
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Desde criança, idealizamos nossos pais, vendo-os como modelos e, muitas vezes, heróis. E isso não seria diferente na vivencia de meu pai, mãe e supostamente eu mesma.

Meu pai ao falar da sua infância muitas vezes relatou sobre ter tido uma infância sofrida e desafiadora. O relacionamento entre meus avós na época era muito conturbado, com traições, brigas e desentendimento entre o casal. Meu pai sempre relatou que foi doloroso para ele e seus irmãos, mas não mais doloroso que a morte do seu pai, o qual foi assassinado quando meu pai tinha apenas 11 anos de idade.

Após o ocorrido meu pai, por ser um dos irmãos mais velho dentre 8 irmãos, segundo ele se sentiu na obrigação de ajudar sua mãe no sustento da casa e os cuidados com seus irmãos. No entanto, ele assumiu o papel de pai de seus irmãos até os mesmos conseguir levar as suas vidas individual e segura. Meu pai desde muito jovem começou a fazer uso contínuo do álcool, casou-se com minha mãe ainda jovem, e tudo refletiu em um relacionamento disfuncional.

O relacionamento entre ambos foi desafiador, com muitas traições cometidas pela parte do meu pai, e inclusive com filhos, estes resultantes do relacionamento extraconjugal com um membro na mesma família de minha mãe, o qual resultou em 3 primos/irmãos para nós 3 filhas mulheres fruto do casamento entre meus pais.

Com o passar dos anos, mudamos muito de uma cidade para outra em busca de uma vida melhor, mas acabamos voltando para o interior e durante 5 anos ficamos aos cuidados com minha avó/nona que ficou acamada, necessitando dos cuidados decorrente de uma doença enfermo, onde meu pai se comprometeu de cuidar de sua mãe e nos todos participamos deste momento. Após o falecimento de minha nona ocorreu à separação entre meus pais.

Depois disso meu pai teve outros relacionamentos afetivos e também com mais 2 filhos, registrados e aceitados por ele. No entanto, no seu último relacionamento não tiveram filhos, e conviveram por 22 anos juntos, mas minha madrasta/"boadrasta" vem a falecer de um infarto e meu pai segue sua vida sozinho, mas atualmente, ele ainda segue com muito sofrimento pela perda.

Minha mãe é a filha mais velha dentre as mulheres de sua família, com o total de 6 irmãos, 3 homens e 3 mulheres. Desde muito nova trabalhou árduo na lavoura junto aos seus pais e irmãos. Sempre nos contou que meus avós tinham para com eles uma criação rígida e inclusive com tentativa de incesto dentro do lar por parte de meu avô para com ela e suas 2 irmãs.

Diante dessa situação ela foi levada para trabalhar em casa de família, atitude pela parte de minha avó para que meu avô não chegasse ao ato para com ela. Diante de toda a dedicação aos afazeres da casa junto a sua mãe e o trabalho o qual se dedicou, ela não teve a oportunidade de estudar.  Casou-se nova com meu pai e teve 3 filhas mulheres, eu mais minhas 2 irmãs.

Durante o relacionamento conjugal com meu pai ela disse sofrer muito com as traições de meu pai, e inclusive pelo fato dele manter um relacionamento extraconjugal com a irmã mais jovem de minha mãe, o qual teve 3 filhos com a mesma. Segundo minha mãe, não conseguia terminar o relacionamento por medo de não conseguir nos criar sozinha.

A separação só ocorreu após a morte de minha avó paterna e depois que todas nos tínhamos em torno de 9 a 13 anos de idade. Após a separação ela se envolveu em relacionamentos doentios. Nos últimos anos encontrou relacionamentos digamos saudáveis, mas com perdas seguidas de seus companheiros, 2 perdas repentinas, mas hoje segue em relacionamento com um terceiro companheiro.

Como é comum internalizarmos tudo o que vemos, escutamos e sentimos por parte de nossos pais, além do receber e dar amor, também tem o envolvimento com o ambiente à nossa volta. E desta forma colhemos a matéria-prima para a construção do "eu", ativo através do relacionamento e vínculo que refletem em nos filhos, bem como o lugar ocupado por cada um dos pais.

Minha infância me remete a memória das discussões entre meus pais, especialmente pelo vício do álcool pelo meu pai e as dificuldades que passamos devido a isso.

Quando pequenos nos envolvemos com os problemas adultos, mas ainda não possuímos maturidade para digeri-los como desemprego, falta de dinheiro e crises de relacionamento, fazendo com que nos sentimos culpados e nos julgando responsáveis pela animosidade entre os pais. Meus pais se separaram quando eu tinha 11 anos.

No entanto, a escolha foi reciproca entre meu pai e eu para eu continuar morando com ele e minha outras 2 irmãs ficaram aos cuidados de minha mãe.

A partir daquele momento assumi um lugar de dona de casa, e companheira de luta junto ao meu pai. Trabalhava na lavoura com ele e estudava. Após um tempo ele encontrou uma companheira, mas mesmo assim eu me sentia rejeitada e não recebia os cuidados necessários. Assumi como cuidadora de criança desde muito nova e após trabalhei como cuidadora de idosos desde meus 15 anos, mas não desisti de meus estudos.

Estar em um relacionamento amoroso pode gerar muita ansiedade e medo. Meus relacionamentos amorosos desde muito cedo eram conturbados, sem alguma segurança. Relacionava-me e sonhava com um casamento, filhos e família, nos entanto, nada fluía. Traição, ciúmes e abandono deixam a marca de que não se pode confiar em ninguém, tornando-nos pessoas inseguras, desconfiadas e controladoras.

É comum encontrarmos pessoas que têm algum tipo de reserva em relação ao casamento porque, no passado, vivemos em ambiente familiar marcado por relacionamentos cuja relação manteve traços de hostilidade do que de amor, com episódios de agressão, indiferença e frieza ou uma vida toda de violência física ou psicológica. Os companheiros os quais tive em minha vida, sempre tiveram algo voltado para uso de drogas, álcool, ciúmes doentios ou relacionamento extraconjugal.

Dentre um desses relacionamentos tive meu primeiro filho.  Esse relacionamento durou mais tempo que os outros, no entanto muito doentio de ambas as partes, pois esse companheiro veio já de muitas histórias repetidas de casamentos, separações e filhos, e inclusive com os relacionamentos extraconjugal muito presente em todas as relações, incluindo o tempo em que mantivemos um relacionamento. Foram idas e vindas, e muito sofrimento para ambas as partes permanecendo no mesmo ponto do passado, apesar de viver o momento presente, transformando a situação em um ciclo repetitivo de comportamento.

Ao término desse relacionamento, busquei me manter firme na minha melhora e em busca de um relacionamento saudável. Me dei um tempo e hoje posso dizer que estou construindo a minha família a qual idealizei. No meu relacionamento atual temos 3 filhos homens, João  de 12 anos do meu primeiro relacionamento, Davi de 6 anos do primeiro relacionamento do meu esposo e o Henry de 5 anos fruto do nosso relacionamento.  Mudança de pensamento se fez necessária de ambas às partes, pois a mudança real vem com a forma que cada pessoa enxerga a vida, seu passado e o presente.

Muitas vezes preferimos ficar presos na dor que já aconteceu, revivendo fatos antigos, sentimentos e emoções, apegados aos mesmos argumentos e justificativas, ao invés de enfrentarmos o novo ou o desconhecido. Este se apresenta como um relacionamento saudável, buscamos evoluir a cada dia.

Nossa escolha se fez por entre o processo de mudança, para não repetirmos o mesmo padrão de comportamento, dores e frustrações as quais poderiam se manter intactas para as próximas gerações.

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