Eu ainda era criança, apenas 9 anos, quando as primeiras lições a cerca dos trabalhos domésticos me foram passadas, arrumar a própria cama, lavar a louça, varrer as calçadas e lavar o banheiro.
Havia em nossa casa uma colaboradora que fazia todos esses serviços, mas diziam que já era hora de aprender, afinal eu já estava ficando uma mocinha e moças devem saber como cuidar de uma casa.
Eu gostava de fazer essas coisas, mas na verdade penso que a moça que trabalhava em casa amava o que fazia e por isso não me parecia pesado, ela sabia mesmo como fazer tudo aquilo sorrindo.
Alguns anos depois fui promovida a babá, nasceu um sobrinho e minha cunhada precisava de ajuda, então eu dava mamadeira, trocava fraldas, brincava e amava sair para passear com ele nas ruas.
Eu gostava de crianças e estar com ele me satisfazia, embora confesse que em alguns momentos eu queria mesmo era estar com meus amigos, mas tinha também essa liberdade de brincar e estar com eles.
Na adolescência fiz alguns cursos como: corte e costura, manicure e artesanato. Não me dei muito bem na costura, mas sei fazer uma barra e pregar botões, trabalhei como manicure e atendia nas casas de pessoas conhecidas e também ajudei por um tempo no salão da minha irmã, mas o que eu amava mesmo era o artesanato.
Fazia cartões de papel vegetal, caixas de presente com papelão e fitas, sachês, bombons de chocolate, laços e tiaras para crianças.
Era tão bom ver o sorriso de satisfação e contentamento quando as pessoas pegavam os produtos que eu havia confeccionado com as próprias mãos.
Quando fui para o colegial cursei magistério, mesmo sem muita vontade, porque eu tinha que ter uma profissão para não depender de marido quando me casasse, claro que embora tenha gostado do curso e me dedicado muito e nos estágios me realizava com as crianças, não exerci a profissão, enquanto estudava trabalhava de secretária do meu irmão advogado.
Meu desejo para a faculdade era cursar psicologia, porém não foi possível, acabei prestando vestibular para direito, passei, mas me casei e não cursei.
A família do meu esposo tinha uma ótica e eu passei a trabalhar com eles, não sabia nada de comércio, mas sempre me dediquei muito aos negócios, a ponto dos clientes e fornecedores, procurarem a mim para serem atendidos.
Depois de alguns anos acabei cursando direito, mas também não exerci, permaneci trabalhando nas óticas.
Eu gostava de estar com as pessoas e servi-las, mas sentia a necessidade de encontrar algo que me enchesse o coração e que ao acordar todas as manhãs eu tivesse uma motivação a mais para seguir profissionalmente.
Então em 2016 tive meu primeiro contato com as constelações, fiz o curso de florais de Bach e desde então não parei mais, posso dizer que minha profissão é ser terapeuta e ser um instrumento a serviço da vida.
Afinal foi com esse cuidado que lá atrás trilhei meus primeiros passos profissionais, cuidando do bem estar de todos da minha família.
Quando o passado é respeitado como é e como foi, sem com que ele venha a ser engrandecido ou diminuído, então o passado servirá ao futuro de bom grado. Bert Hellinger - A alma do negócio - página 101
Vejo a importância de ter exercido todas essas profissões, que estavam ligadas diretamente ao outro, a esse cuidado.
Hoje toda a experiência do contato com pessoas, de olhar o outro, ver suas necessidades e poder contribuir de alguma forma me faz olhar o cliente com olhos de amor.
Esse ano criei meu espaço terapêutico, fluir terapias sistêmicas e assim sigo fazendo o que amo e com o coração transbordando de tão preenchido.
Sou grata!