São constelações que procuram soluções para questões complexas e que exigem movimentos profundos de ambas as partes, tanto do terapeuta como do cliente. Essas constelações lidam com temas difíceis, como não- nascidos, quer sejam natimortos, abortados intencionalmente ou de forma espontânea, os assassinados, as vítimas e seus perpetradores.
Constelações épicas trazem à luz memórias pessoais ou transgeracionais, que se encontram na base de sintomas complexos, tais como dislexia, gagueira, autismo e doenças autoimunes.
Tendo em vista que, para que uma solução possa emergir, em uma constelação sistêmica, há de se cumprir um caminho de mão dupla: cliente e terapeuta terão sempre papéis definidos, porém aqui, nas constelações épicas, isso deve ser cuidado, especialmente.
Haverá uma dinâmica conjunta para a jornada de cura, onde o cliente expõe sua dor e pede ajuda, porém se comprometendo a percorrer um caminho de transformação em direção à sua cura e o terapeuta, especialmente ao lidar com temas épicos, mais ainda deverá usar de empatia, acolhimento e conhecimentos, no intuito de resgatar o que foi perdido ou esquecido pelo cliente, o verdadeiro sentido da sua vida.
Nesse módulo aprendemos a importância de pequenos detalhes, que se iniciam a partir do agendamento e se estendem por todo o processo de acolhimento. O ambiente físico e emocional devem ser afetivamente cuidados.
Para tanto, o terapeuta deverá usar de mecanismos e estímulos que tornem o ambiente simples e acolhedor: odorizador de ambiente, sons e perfumes que lembrem a natureza, mandalas curativas, flores singelas, poltronas confortáveis, vista da janela para a natureza, espaço amplo e arejado, quadros com cores vivas, água potável ou saborizada, chás e também cuidado especial com a ordem e higiene locais.
Temas existenciais exigem muito do constelador e terapeuta, pois tratam acerca de destinos difíceis e a acolhida é um cuidado essencial. Todo o processo curativo deverá se apoiar na transcendência e na espiritualidade. As constelações épicas têm como estrutura o auto perdão, onde a reparação ou o ônus são assumidos por um membro do sistema familiar.
Movimentos de inclusão e não julgamento serão pilares para que as soluções possam vir à luz.
Conhecimentos e sensibilidade serão mecanismos importantes a serem utilizados pelo terapeuta ao lidar com temas épicos. Na inclusão dos filhos não- nascidos poderá sugerir nomes ou símbolos, como flores, anjos, etc. Além disso, poderão ser usadas as frases de cura que selarão a constelação como: “Agora eu sei.”; “O Amor sempre traz de volta." etc.
“Que bom que as flores e os anjinhos agora sorriem para mim através de vocês. Agora eu tomo vocês , porque agora eu sei.”
Após os movimentos de cura, o cliente poderá experimentar insights como:
- Eu sempre quis ter uma família numerosa! Por isso sempre comprava objetos em duplicata!
- Agora eu entendo por que se passava esse ou aquele sentimento no meu coração!
- Agora eu vejo sentido em tantas coisas na minha vida!
Concluindo, com um comentário de Susy Guedes:
“São temas que exigem um tanto mais do terapeuta sistêmico e também de quem traz o tema. Porque, para que aconteça a resolução, exige um processo, que passa pelo perdão e a reconciliação. Por vezes, nem sempre os envolvidos estão dispostos a perdoar, a reconciliar - isso parece simples, mas quando a memória traumática é originada de situações de injustiça, de profundas violações, perdoar e reconciliar não é tarefa fácil”.