Olá, querido leitor e colega de formação, a cada conhecimento adquirido nas Constelações Sistêmicas retiro um véu que cobria meus olhos, não apenas para situações relacionadas a mim, mas para toda a família.
De forma amorosa e sem julgamentos vou compreendendo a fragilidade de todos nós, seres humanos, e o papel importante de cada situação para nossa evolução.
Houve, e ainda existem, muitos emaranhamentos e lealdades na minha família, tais como, não completar os estudos, não se casar com os parâmetros da sociedade e lealdades nas escolhas profissionais. Antigamente eu não tinha o olhar do que isso significava, mas hoje consigo olhar além do aparente e compreender o porque dessas situações e muitas outras.
O conhecimento liberta, essa é a frase mais importante pra mim nesse ano 2021.
Agora consigo entender por que sempre fui considerada a ovelha negra da família, pois me coloquei inteiramente à disposição do meu sistema, não para desonrar o que estava sendo seguido, pelo contrário, consegui entender que esse título me foi atribuído exatamente por honrar as lutas de todos os meus antepassados.
Eu sentia em meu coração que a força que me foi passada por eles nos direcionava para ir além e que, ao incluí-los em meu coração, conseguiria seguir em frente e mudar o destino que vinha se repetindo.
Então, por todos aqueles que não puderam concluir os estudos eu era obstinada a me formar na graduação, por mais obstáculos que surgissem eu determinei que eu venceria e fui a primeira em nossa família a ter um diploma universitário.
Por aqueles que por algum motivo afastaram a família, eu me determinei a sempre manter todos unidos.
E assim seguia meus objetivos, imaginando estar fazendo o certo e até determinado momento era, no entanto, comecei a me questionar se era tão certo assim esse caminho, por que ele me machucava? Por que me causava esse pesar, essa angústia, esse sentimento de obrigação, sentimento de não pertencer?
Inconscientemente, algo me direcionava ao passado, a segredos familiares que eu não entendia por que vinham parar em mim, qual motivo: por que eu preciso olhar para isso?
E dá-lhe terapia para entender esses conflitos!
Contudo, o amor sempre trás de volta, como aprendemos com a professora Olinda Guedes, e, claro, comigo não foi diferente, eu estava olhando de forma errada.
Além do aparente, como aprendi com a professora, eu não estava honrando meus antepassados, eu estava querendo ser maior, fazer diferente deles, julgando seus comportamentos e decisões, eu estava totalmente na contra mão e era isso que alimentava essa dor.
Até que comecei a estudar as Constelações e fui percebendo que, no fundo, o sentimento por trás não era honra e sim:
Raiva.
Você pode pensar nessa raiva?
Eu também não imaginava esse sentimento, mas além do aparente eu estava me colocando em uma situação de salvadora, de que eu ia ser melhor que eles, que eu jamais faria igual, e isso alimentava um sentimento de raiva porque eu considerava que eles não haviam feito o necessário, colocando-me, assim, superior aos meus pais e meus antepassados.
Foi libertador entender que eu não precisa e nem tinha obrigação de salvar ninguém e que eles fizeram tudo o que podiam, da forma que tinha que ser, e que esteve e está tudo bem.
Coloquei-me no meu lugar, sabendo que não sou mais forte, não sou melhor, fiz apenas escolhas diferentes, e a sabedoria deles que me foi passada através dos seus erros e acertos, deu-me base para me fortalecer e me direcionar.
E esse é o meu papel dentro do meu sistema, olhar para tudo que foi feito, acolher com amor e com entendimento que tudo foi como deveria ter sido, e assim a vida segue em frente.
Bert Hellinger, em seu livro Ordens do Amor, imputa em nós a clareza sobre essa cegueira involuntária, direciona a caminhos que nos levam ao bem, evitando o mal dado pelo destino.
Graças aos ensinamentos das Constelações Sistêmicas, dos Saberes Sistêmicos, a essa obra escrita com tanto amor e ensinada pela querida professora Olinda Guedes, alcancei a coragem necessária para me desprender desses laços danosos. Olhando para as dificuldades, entendendo como se formaram e aprendendo a lidar com elas.
Eu poderia continuar escrevendo muitas linhas sobre os inúmeros emaranhamentos e lealdades que meus familiares viveram e vivem, e eu também, situações de dor e superação que emocionariam ou deixariam muitos indignados, mas senti na alma que deveria finalizar esse texto com palavras de esperança.
Existe, sim, uma forma de rompermos com os ciclos danosos em nossa vida, e para isso precisamos crescer, e não é fácil porque não se trata de poder tirar carteira de motorista, trabalhar, pagar contas, formar uma família, crescer trata-se de olhar para as situações da vida de forma funcional, e muitas vezes isso pode ser desafiador e doloroso mas, tenha certeza, é libertador.
A escravidão não está apenas em grilhões de ferro, em um passado triste de nossos antepassados da nossa história, podemos ser escravos da nossa soberba, do pensamento , da ilusão e na minha opinião a pior de todas, da ignorância.
Nunca é tarde para sermos felizes e essa felicidade vive dentro de nós, por isso é tão importante conhecermos de verdade nossos mais profundos sentimentos e desejos. Se não for agora? Quando? Só precisamos de coragem e disposição e pagar o preço. Quanto vale sua felicidade?
A minha vale a minha vida, pois, Deus em sua infinita bondade não colocaria uma alma na terra para ser infeliz.
Hoje sempre agradeço a meus pais, a todos que vieram antes deles, ao mais distante ancestral que proporcionou a chegada da vida até mim e me proporcionou passá-la adiante com todo amor e humildade, pois sem eles jamais seria essa pessoa de sorte que sou e não teria realizado tantos sonhos.
Gratidão a você que dedicou seu tempo precioso a ler essas linhas, espero de alguma forma ter tocado seu coração.
Abraço! Kátia.
#mod02