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AS LEIS DO AMOR E OS MOVIMENTOS QUE CURAM MINHA HISTÓRIA

AS LEIS DO AMOR E OS MOVIMENTOS QUE CURAM  MINHA HISTÓRIA
Isabel Escabelo
set. 12 - 4 min de leitura
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Sempre fui uma filha muito "obediente", sempre honrei meus pais e tive muito medo de decepcioná-los.

Enquanto criança sempre gostei muito de estudar, meu rendimento no aprendizado sempre foi mediano, me esforçava em período de provas, porém no dia a dia me distraía com muita facilidade nas aulas expositivas. Acho que a minha apatia era um reflexo da dificuldade financeira que passávamos em casa.

Meu pai pedreiro e minha mãe dona de casa.

Eu sentia nas palavras de desabafo da minha mãe, uma decepção em relação a vida financeira do casamento, ela sempre foi muito carinhosa, porém, não conseguia deixar de expor os ressentimento que tinha em relação ao meu pai e as escolhas dele.

Meu pai deixou um emprego numa usina local para seguir uma vida autônoma, dizia não ter paciência na interação com chefes e colegas de trabalho, afirmava com convicção e até com um pouquinho de arrogância não gostar de receber ordem, mas como o único ofício aprendido com o meu avô (pai dele) foi em construção civil, foi esse caminho que então resolveu seguir, contrariando minha mãe ao extremo.

Desta forma, minha mãe desabafava suas angústias diante dos filhos com muita frequência, dizendo que o meu pai somente estaria pensando nele e não no futuro da família, que autônomo não recebe quando não tem serviço para prestar, enquanto que numa empresa, mesmo com um salário bem menor, ele teria benefícios, renda fixa todo o mês e uma aposentadoria garantida.

Contudo, ela fazia isso diante dos filhos, mas tinha medo de fazer isso diante do meu pai, eles brigavam bastante, tenho essa memória viva em mim.

Enfim, relatei tudo isso para justificar minha apatia e meu pouco rendimento nos estudos e a tristeza que também morava no meu coração, sentia uma culpa por existir, por dar gastos.

Minha mãe repetia muito que meu pai "se matava" embaixo do sol para não ter estabilidade e nem dar segurança a família.

De acordo com a frase que iniciei este relato, sempre sofri pelos meus pais a ponto de não querer ser um problema, de não querer ser um peso diante das responsabilidades deles enquanto pais jovens e com uma família para dar conta.

Era uma aluna muito triste, porque diante das minhas colegas eu era a única que não levava lanche, que não tinha as canetas coloridas e diversidade de lápis de cor, pasta de papel cartão (uma moda que marcou uma geração) e mochila para carregar meu material escolar.

Mas, não reclamava, não pedia, não me comparava diante deles, não sei se já era uma maturidade precoce, mas tinha pena de fazer tudo isso diante da minha mãe, queria poupá-la.

Quando completei catorze anos minha mãe me levou para fazer inscrição num laboratório de pragas desta mesma usina local como menor aprendiz (nomenclatura usada atualmente para trabalhadores menores de idade). Fui com tanta tristeza que só de pensar hoje aqui escrevendo, me dói a cabeça; não gosto muito de lembrar, porque dói meu coração.

Queria ir para escola durante o dia, como todas as minhas colegas, mas trabalhando eu tive que estudar a noite. Foi muito “penoso” para mim, então, considero esse episódio também algo que fiz em nome do amor, apesar de não poder decidir por mim, como menor de idade.

Casei muito nova, engravidei com vinte e um anos, apesar de ter casado por amor, não gostaria de ter casado vestida de noiva com mais de seis meses de gestação, fiz isso por amor aos meus pais, que fizeram questão, como se tivessem lavando minha honra.

Pela minha vontade teria casado somente no cartório.

Acho que fazemos muito durante toda a vida em nome do amor, ficaria horas enumerando tudo o que fiz para demonstrar meu amor e respeito pelos meus pais.

Amo-os além da vida.

Apesar de tudo, acho que ainda fiz muito menos do que eles merecem.

#mod02

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