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A VIDA CONJUGAL DOS MEUS PAIS E COMO ISSO INFLUENCIOU A ME TORNAR A PESSOA QUE HOJE EU SOU

A VIDA CONJUGAL DOS MEUS PAIS E COMO ISSO INFLUENCIOU A ME TORNAR A PESSOA QUE HOJE EU SOU
Eliane Jaqueline Doncato
mar. 14 - 4 min de leitura
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Ao ouvir a proposta da Olinda para escrever sobre a vida conjugal dos meus pais parei para pensar de que forma poderia me expressar.

Minha mãe costumava dizer que se casou aos 22 anos com meu pai só para não ficar solteirona. Aos 23 já tinha minha irmã. Eu nasci quando ela estava com 26 anos e meu irmão aos 33 anos. Desde pequena costumava sair bastante de casa, ia nas  irmãs, na minha avó, nas amigas e nós ficávamos em casa, mesmo depois de idosa seguia nesse ritmo.

Eu chamava ela de cigana, não tinha parada dentro de casa. Frequentava clube da terceira idade e ele não ia porque dizia que não era velho. Meu pai deixava minha mãe nos bailes do clube de carnaval, mas nunca ia. Ele gostava de ficar em casa jogando cartas.

Sempre disse para nós  que se fosse  jovem novamente jamais teria tido filhos, pois havia ajudado a criar os irmãos e estava cansada de criança.

Na família da minha mãe a ordem de nascimento foi assim: primeiro três mulheres, depois cinco homens. Minha avó sempre, segundo minha mãe, se fingia de doente  para elas cuidarem da casa e dos irmãos.  

Meu avô era extremamente apaixonado por minha avó e minha mãe tinha mágoa da mãe dela. Segundo ela a infância foi alegre, pois andavam a cavalo, corriam pelos campos e gostava muito da escola.  Quanto ao relacionamento conjugal deles dentro da minha visão era de coleguismo, ela nunca conseguia demonstrar carinho.

Meu pai era super alegre, faceiro e gostava muito da minha mãe, acho que tentou de tudo para obter a atenção dela. Era muito católico e amava os filhos e netos.  Sempre foi o filho predileto da minha nonna que costumava dizer que foi o parto mais difícil, porque ele era grandão. Depois foi uma criança doente, teve tifo e ela fez a promessa de que se ele se curasse, iria para o seminário. Ele ficou no seminário dos treze aos dezoito anos depois saiu para servir o exército.

Minha nonna não aceitava nem dinheiro, nem presentes dos outros filhos, mas do meu pai aceitava pois ele ajudou a todos os irmãos mais novos com trabalho e dinheiro. O que deixava minha mãe furiosa é que também tinha muito ciúmes da relação do meu pai com a mãe dele, vivia falando da sogra pelas costas.

No início éramos eu, minha irmã e mais três primas com idade parecidas. Meu pai era bondoso ajudava aos outros, cuidou dos pais da minha mãe quando ficaram velhos e doentes, cuidou dos pais dele que desencarnaram devido ao câncer. Cuidou do irmão mais velho que faleceu jovem aos 42 anos pela mesma doença. Cuidou da irmã mais nova que faleceu disso aos 27 anos e cuidou de outro irmão que faleceu de leucemia. Ele também faleceu de câncer aos 74 anos. Depois mais um dos seus irmãos também faleceu. Hoje só dois estão vivos, a irmã mais velha e o irmão mais novo.

A família do meu pai vem de uma trajetória de câncer.  Ele tornou-se uma pessoa depressiva que fazia de tudo para não demonstrar que era. Teve uma fase da bebida, mas que, por amor à minha filha parou com esse vício. Ele cuidou muito dela, era um amor grandioso.

Narrando tudo isso eu me dei conta que a minha vida foi assim: casei-me aos 29 anos depois de dez anos juntos, tive minha filha aos 35 anos e aos 40 anos depois de um relacionamento de 21 anos me separei.

Por lealdade à família hoje eu entendo isso. Também tive câncer de mama em estágio inicial aos 54 anos. Fiz quimioterapia, radioterapia e hoje uso anti-hormônio.

Aí a ficha caiu, compreendi isso que no meu casamento muitas vezes agi como minha mãe, a questão mais uma vez da lealdade, mas hoje sei que não quero mais nada disso para minha vida.

A vida deles foi a vida deles e a minha vida é a minha vida, escrevo isso porque desejo que seja assim, ainda não é mas em um futuro bem próximo será.

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