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A INFÂNCIA DOS MEUS PAIS E A RELAÇÃO CONJUGAL

A INFÂNCIA DOS MEUS PAIS E A RELAÇÃO CONJUGAL
Isabel Escabelo
set. 11 - 3 min de leitura
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Meu pai conta, ora com olhos marejados, ora com sorriso no rosto, sobre a sua infância, que foi cheia de aventuras mas também de tristezas. Sorri quando fala das suas travessuras de menino e chora quando fala dos medos que passava com a presença do pai.

Principalmente quando este chegava em casa no fim da tarde após o trabalho. O pai nunca sorria, ele não se lembra de ter visto o pai sorrindo na vida. É difícil ouvi-lo contar sobre seus medos e inseguranças sem chorar.

Uma criança que foi violentada, mau tratada e até abusada sexualmente por primos sentirá dificuldades de ter o coração livre de maus sentimentos diante de um passado de dor. Aos 56 anos o coração enfartou, ficou alguns minutos parado, mas voltou a bater. Ele fala que voltou a viver porque desejava muito brincar com os netos e vê-los crescerem.

A infância da minha mãe também não foi só de boas lembranças, assim como o meu pai, marcado por traumas, minha mãe também carrega um trauma de violência na adolescência. Ela e os irmãos tiveram todos os dentes saudáveis extraídos com a autorização do pai (meu avô).

Ela lembra e fala todos os dias sobre isto, e quanto a vida na infância ela conta que logo aos sete anos, mais ou menos, foi trabalhar no corte de cana para aumentar “os fardos de corte” em produção e a renda mensal do meu avô. Eles moravam e trabalhavam numa usina sem tempo para brincar.

O término deste módulo me fez refletir sobre o conceito de que “só damos aquilo que temos dentro de nós”. Acredito, apesar de não concordar e de não achar que se justifica um comportamento não afetivo, que o meu pai nunca conseguiu ser um marido carinhoso por ter vivenciado toda a situação de violência e abuso do meu avô para com os filhos e a mãe.

É assim que vejo o relacionamento conjugal dos meus pais, meu pai sem demonstrações de afeto e a minha mãe permissiva diante da situação, reclamando algumas vezes com os filhos. Mas ,continua na relação há 49 anos. O mais impressionante nisso tudo é que meu pai não consegue demonstrar carinho na vida conjugal, mas, é carinhoso enquanto pai e avô, assim como a minha mãe.

Desta forma, não consigo ter um posicionamento em relação a vida conjugal dos meus pais, porque se o problema foram as dores da infância, como ambos conseguem ser tão carinhosos com os filhos e os netos? A impressão que tenho é que as dores acometidas somente adentraram a vida conjugal.

#mod03

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