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VIDA CONJUGAL E PARENTAL DOS MEUS PAIS E O QUE ESTAS HISTÓRIAS INFLUENCIARAM NA MINHA VIDA

VIDA CONJUGAL E PARENTAL DOS MEUS  PAIS E O QUE ESTAS HISTÓRIAS INFLUENCIARAM NA MINHA VIDA
Isabel Escabelo
set. 10 - 5 min de leitura
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É sempre muito difícil para mim quando me é solicitado, a contar e falar do passado dos meus pais. Sempre ouvi histórias contadas por eles, mas sem muitos detalhes, afinal as histórias contadas aparentemente vêm sempre com um peso nas palavras, um peso que nos passa sofrimento e dor e nunca alegria e prazer.

Meus pais se conheceram numa quermesse (festa cultural e tradicional de algumas regiões). Eles tinham na época 18 anos, minha mãe conta que meu pai chamou à atenção dela, pois tinha uma postura galanteadora e um papo divertido e que chamou à atenção dela também, que ele estava nessa festa com os pés descalços.

Não eram todos que na época eram providos de recursos para ter sapatos, mas quando fala sobre esse detalhe do sapato percebo um desconforto dele em falar sobre isso.

Ele sempre desvia a conversa para outras minúcias. Já a minha mãe ao falar dela mesma, sempre ressalta que era desprovida de beleza (feia, marmota etc.), usando termos que ao mesmo tempo que tenta nos divertir rindo ao falar, sentimos dor na sua fala, pois ela demonstra claramente uma baixa autoestima, uma questão que ela carrega até hoje.

Sempre que tem oportunidade fala de defeitos, não encontra nunca qualidades em si mesma, mesmo enquanto nós, filhos, fazemos isso por ela. Ainda assim menospreza e exclui suas qualidades.

Eles tiveram uma infância cheia de traumas. Minha mãe, é a mais velha de quatro irmãos, ela carrega um trauma de adolescência que infelizmente não consegue superar, ela não passa um dia sem falar sobre isso. É um assunto que persiste diariamente nas nossas vidas desde sempre, e que nós filhos tentamos desviar o “rumo da prosa”, mas ela volta a falar quando menos esperamos.

Ela teve seus dentes saudáveis extraídos quando tinha mais ou menos uns 16 anos. Meu avô dentro da sua ignorância, achou por bem mandar um dentista extrair os dentes dos quatro filhos e colocar prótese, alegando ser para o bem dos mesmos em não sentirem mais dores, já que o filho caçula vinha com um quadro de dores de dente.

Num momento de incapacidade racional ou de falta de altruísmo mesmo ele foi atrás de um profissional e o pagou para fazer essa barbárie com os quatro filhos.

Minha mãe conta que o sofrimento maior dela enquanto filha mais velha, foi ver a inércia da minha avó que só chorava e não se movia para enfrentar o marido diante da situação, numa demonstração de submissão e medo, mesmo diante da defesa dos filhos.

A infância do meu pai não foi diferente. Muito trauma, advindo de violência doméstica. Meu avô agredia a minha avó na frente dos filhos, e na sequência agredia os filhos também.

Meu pai conta que doía muito mais ver as marcas da violência na mãe do que as marcas que o pai deixava no corpo dele e dos irmãos. Eles não podiam transitar perto do pai se não fosse para trabalhar na lavoura, não podiam sorrir, não podiam brincar (faziam isso somente quando o pai não estava por perto).

E como se não bastasse não poderem nem brincar, meu pai um dia saiu para brincar escondido com um amigo, o amigo na brincadeira perfurou o olho direito do meu pai com um bambu, numa brincadeira de flecha.

Entendendo um pouquinho mais sobre Constelações Sistêmicas e voltando no passado dos meu pais para confrontar com a vida conjugal que construíram, EU ME DOU CONTA de que apesar dos sofrimentos passado por ambos, diretamente eles não reproduziram as condutas sofridas nos filhos, mas indiretamente e sem nenhuma intenção sim.

É um casal que não tem o equilíbrio do amor, não são carinhosos um com o outro, não têm paciência mútua ao lidar com os imprevistos e situações cotidianas, não cuidam um do outro com carinho, mas sim por uma obrigação.

Enfim, acho que agora neste módulo começo a entender esse relacionamento conjugal dos meus pais. Ninguém dá o que não tem dentro de si.

Depois do meu estudo até o momento sobre Constelações eu vejo muito nas minhas dificuldades de resolução de conflitos, internos e externos destes traumas vivenciados por meus pais.

Tenho muitos problemas bucais que nem mesmo meu dentista consegue saber o porquê; já fiz cirurgia de miopia (tinha dez graus de miopia no olho direito) tenho dificuldades para resolver coisas pequenas no meu casamento, sofro de ansiedade, assim como o meu filho.

Para finalizar este meu relato, digo que estou em descoberta de mim mesma e sofrendo muito ao entender cada sofrimento que carrego. Penso que cada dia de sofrimento é um pedacinho do caminho que estou trilhando em busca da minha libertação, afinal preciso estar bem resolvida e preparada para poder ajudar as pessoas num futuro enquanto terapeuta.

#mod03

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