Na obra “A Doença Como Caminho”, Thorwald Dethlefsen e Rüdiger Dahlke (São Paulo, Cultrix, 2007), nos trazem a idéia de que os sintomas e as doenças podem ser vistos como professores, pois nos ajudam a ter mais consciência dos aspectos ocultos de nós mesmos e a integrá-los.
Para eles, a cura só acontece pela transmutação da doença e nunca pela vitória sobre o sintoma, pois a cura pressupõe a compreensão de que o ser humano se tornou mais sadio e mais consciente.
Na visão sistêmica o profissional da saúde olha para o doente e não para a doença, pois a cura começa na alma. Todos os sintomas que o paciente trás numa consulta são secundários e escondem o principal, que é a doença da alma.
Como dizem os estudiosos, “o corpo fala”, e ao olharmos para os sinais, com atenção, acessaremos a solução e talvez a cura, nomeada como o desaparecimento dos sintomas, que acontece quando o paciente internamente permite a si mesmo o movimento de cura.
Nesta autorização interna, tratamentos externos encontram o caminho para alcançarem o resultado que propõem, em um corpo que abre um espaço interno e verdadeiro para a cura.
Como nos ensina Bert Hellinger, somos movidos no nosso inconsciente pela nossa lealdade ao sistema familiar que fazemos parte. Ou seja, somos leais ao meio que pertencemos, especialmente quando o assunto é doenças e sistema familiar.
Esta lealdade é um instinto profundo que nos mantêm a disposição de qualquer necessidade do sistema familiar. São necessidades que geralmente se instalam de forma silenciosa em nossa vida.
As necessidades do sistema familiar se manifestam em três campos: no pertencimento de todos que fazem parte (não pode haver exclusão de nenhum membro), no equilíbrio entre as relações (trocas sem abismos entre o que se recebe e o que se dá) e na ordem entre os membros, definidas pela data de chegada (respeito pela autonomia dos membros mais antigos em relação aos membros mais novos).
Nossa saúde é um dos principais lugares em que percebemos a influência da necessidade de compensação quando as necessidades do sistema são desrespeitadas.
Olhando a história dos meus ancestrais é possível perceber muitas lealdades, como diabetes, problemas de estômago, obesidade, depressão, transtornos psíquicos, infarto (um neto faleceu de infarto andando a cavalo, da mesma forma que o avô paterno).
O que percebemos é que as doenças se repetem nas gerações, como padrões e, para pertencer, por amor cego, uma lealdade invisível, eu adoeço, de forma inconsciente.
Por isso é preciso ampliar o olhar para a saúde e o que atua nela a partir do nosso inconsciente e também para essa ligação profunda da nossa lealdade com o nosso sistema familiar é o grande serviço oferecido pelas constelações familiares e o campo de saúde sistêmica.
Assim, seguindo os ensinamentos de Bert Hellinger, eu acolho as doenças e os sintomas do meu sistema e dou um lugar em meu coração e em meu sistema familiar para cada um de vocês. Honro os saudáveis e os doentes e peço permissão para fazer diferente. Eu escolho ser saudável. Eu escolho a saúde.
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