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TEMPO E DINHEIRO

TEMPO E DINHEIRO
JAMILE SOUZA VILLA-FLOR
mai. 21 - 9 min de leitura
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A minha relação com tempo e dinheiro era muito ruim.

Hoje está bem melhor, porém, ainda não me sinto plena no que diz respeito a esses aspectos. Tenho aprendido muito nesta minha jornada sistêmica. Estou aprendendo a valorizar o dinheiro e tê-lo como uma energia boa, positiva em minha vida e já passo isso para os meus filhos.

Tenho procurado me conscientizar das crenças limitantes que assimilei em meu sistema familiar e, a cada dia, estou mudando esses padrões vibracionais negativos. Eu era leal ao meu sistema e nem sabia, fazia de tudo para pertencer, mesmo sendo através da dor e dos problemas.

Os meus pais sempre foram prósperos, meu pai trabalhava em uma empresa de nome, tinha uma boa função e ganhava muito bem. Nunca faltou nada em minha casa, tínhamos tudo do bom e do melhor.

Mas, mesmo tendo um bom emprego e prosperidade, o meu pai continuou sendo leal ao seu sistema familiar dele. Os meus avós paternos e os irmãos do meu pai eram humildes, ele foi o único da família que conseguiu ter êxito na vida profissional, sempre foi dedicado em tudo que fazia, filho excelente.

Hoje eu vejo que meu pai pela lealdade oculta a família de origem, nunca se permitiu ir mais longe, talvez por culpa de ele ter e os outros não terem. Ele poderia ter progredido mais, sempre foi muito inteligente e capacitado, mas ele sempre confundiu humildade com não poder ir mais longe. Ir mais longe para ele era como se estivesse sendo ganancioso, como se fosse algo de errado, pecado.

Ele passou todas essas impressões para nós, os filhos. Sempre dizia e até hoje ainda diz que rico não entra no céu, ele até condenava as pessoas que tinham casas luxuosas, carros. Ele dizia: “para que ter tanto se quando morrermos não iremos levar nada?"

A família de origem dele era muito próspera, todos tinham formações, cargos, condições financeiras boa, moravam bem, por causa disso a família do meu pai se sentia excluída, só porque eles tinham posses, mas eu cheguei a conhecer alguns dos tios e primos do meu pai e eram pessoas bem simples, apesar de terem posses, fui muito bem tratada por eles.

Meu avô paterno foi o único dos irmãos que não teve êxito profissional, tinha um trabalho simples que mal dava para sustentar a família, ele complementava com a pescaria e também fazia alguns trabalhos de carpinteiro.

A minha mãe não concordava com o meu pai nestes aspectos, dessas crenças limitantes, ela sempre teve a mente mais para frente e nos estimulava a crescer na vida.

Na empresa em que o meu pai trabalhava ele tinha que passar muitos dias fora; já perto de se aposentar ele conseguiu uma função onde ele permanecia no local onde residia e não precisava ficar viajando. Eu acredito que por causa dessa ausência dele, houve o movimento do amor interrompido. Não era culpa dele, mas uma criança não compreenderia isso.

E por falta de conhecimento, a minha mãe não soube lidar com isso, e fazer essa entrega dos filhos para o pai.

Outro fato que me ocorreu e que tenho certeza que contribuiu para essa minha dificuldade em seguir para a vida foi que, por causa dessa forma de meu pai pensar, a qual eu citei acima, as crenças limitantes dele e que a minha mãe não concordava, isso gerou muitos conflitos entre eles.

Ela queria crescer mais, sair de perto das famílias de origem deles, mas meu pai nunca quis, viveu perto dos parentes dele e dos da minha mãe também, e isso interferiu na união deles porque não podiam ter uma vida dedicada aos filhos e ao relacionamento deles como casal.

Meu pai passou a vida tendo que resolver as dificuldades e os problemas dos familiares, e eram muitos os problemas, desde dificuldades financeiras a dificuldades em relacionamentos.

Então, os meus pais não puderam ter uma vida de casal plena. Era sempre se preocupando e tendo que resolver os problemas dos seus familiares. Haviam problemas dos mais diversos tipos.

Como o meu pai tinha uma condição financeira melhor, todos se aproveitavam disso. A energia da nossa família se voltava para o passado e os filhos que deveriam ser a prioridade ficavam com o que sobrava de energia, porque a maior parte da energia era dedicada a carregar adultos inconsequentes nas costas.

Por causa disso, passei a minha infância vendo a minha mãe criticar o meu pai, ela não admitia isso. Minha mãe era e ainda é uma pessoa muito boa, caridosa, gostava muito de ajudar as pessoas. O problema é que ajudar é diferente de manter, de carregar nas costas, de ter que sempre ficar resolvendo os problemas dos outros. E isso ela não queria, mas para agradar, ser aceita, não ficar como vilã, ela se submeteu a tudo isso.

Apesar dos emaranhamentos relatados no texto, eu tenho muito orgulho dos meus pais, eles nos deram o que tinham, não poderia ser diferente e eu aceito. Antes eu tinha muita raiva disso tudo, eu queria ter mais a atenção deles e creio que os meus irmãos também.

Tudo isso que houve, de certa forma impactou em minha vida profissional, eu tenho um bom emprego, sou funcionária pública, mas sempre sinto que falta algo, nunca me acho boa o suficiente, sou muito estudiosa, mas não consigo aplicar em minha vida de forma plena os meus conhecimentos, sinto uma barreira muito grande, minha relação com o tempo é muito embaraçada, sempre tenho dificuldades em cumprir os prazos que eu mesmo coloco, sempre vou empurrando para depois.

Uma hora eu faço, mas desperdiço muito tempo para fazer coisas simples, que poderiam ser feitas num piscar de olhos, eu levo dias. Muita procrastinação. Em tudo.

Se faço um curso, é um sacrifício para eu concluir. Me planejo toda, e então aparecem mil coisas para eu fazer que vão me deixando embaraçada. Tem horas que a minha mente parece que vai dar um nó.

Eu amo estudar, me sinto bem empolgada, mas a minha mente as vezes fica longe, confusa e eu acabo perdendo tempo com essa falta de concentração.

Em relação ao dinheiro, mesmo ganhando bem, eu não conseguia vê-lo, sumia, apareciam gastos de onde eu nem imaginava, mas até que isso melhorou,  eu passei a mudar a minha forma de ver o dinheiro e isso ajudou muito, hoje ele está fluindo graças a Deus.

Mas quanto ao tempo, ainda estou bem emaranhada. Estou em reconciliação com os meus pais em meu coração. Se antes eu tinha raiva porque eles desviaram grande parte do tempo e energia para o passado, para o sistema de origem deles, hoje eu aceito e digo sim para tudo como foi, foi do jeito que tinha que ser.

Sou grata a eles por terem me gerado, pela vida e pelo algo a mais. Sou grata a eles porque além de terem me gerado, me criaram com muito amor, são meus genitores e são os meus pais, mesmo em alguns momentos tendo sido disfuncionais.

Sou grata a eles porque mesmo ajudando os outros não deixaram que nada faltasse em nosso lar, e com seus gestos de solidariedade me mostraram que precisamos nos importar e acolher os outros.

Contudo, peço a permissão e a bênção deles para fazer um pouco diferente, não por me achar melhor do que eles, mas porque quero levar a nossa família a um patamar mais saudável, de mais equilíbrio e farei isso em honra e gratidão a eles e a todos que vieram antes deles.

Agora, nós podemos ter mais equilíbrio no dar e no receber. Agora nós podemos tocar a nossa família para vida onde os mais novos têm a prioridade no sistema e os mais antigos têm mais força.

Agora, o amor tem a oportunidade de fluir em nossa família de maneira mais saudável, o amor saudável, o amor que cura, o amor com ordem.

Agora, nós podemos ter mais paz, prosperidade, tranquilidade, dinheiro, equilíbrio, vida. E isso é muito bom!

Gratidão mamãe e papai.
Gratidão aos meus avós por terem me dado a oportunidade de ter pais excelentes.
Gratidão Vida!

#mod05
 

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