“Todo sintoma mostra um risco. Portanto, um sintoma pede cuidado, pede o restabelecimento da ordem. Todo sintoma é relacionamento consigo mesmo, com outrem, com a existência. Alguém autoriza, alguém pede, alguém oferece.” (A Verdade Sobre o Sofrimento Humano – Olinda Guedes).
Eu inicio o meu relato com esta citação para dizer que a leitura deste livro está fazendo com que algo dentro de mim “veja” cenas da minha vida, dentro da história da minha família. Tive dores, que após terem sidos tratadas, voltaram numa localização próxima, mas com outras formas de sintomas.
Então, vamos ao relato!
Sempre tive problemas dentários, dores na articulação temporo mandibular (ATM). Fiz um tratamento grande, inclusive com implantes dentários e, foi depois que eu iniciei este curso, que alguma “luz” acendeu e me dei conta de que um grande trauma da minha mãe, possivelmente, possa ter influência na minha vida e no meu organismo.
Minha mãe, como já contei em um outro relato, teve os dentes “arrancados”, um a um, por um dentista, a pedido do meu avô, dela e dos outros quatro irmãos.
Ela carrega um trauma grandioso.
A cada meia dúzia de frases, duas são para falar da dor de ter seus dentes naturais e saudáveis arrancados, por conta da ignorância do pai, que achava que dentes causavam dores e davam gastos.
Eu ouvi tanto essa história que comecei gradativamente a desenvolver alguns sintomas.
Primeiro, foi o bruxismo na adolescência e, depois, uma série de outros problemas dentários. O que mais me chamava e ainda me chama a atenção é que ela fala e põe a mão do lado direito do rosto, e diz que, até hoje sente a dor do primeiro dente arrancado, ouve o barulho do dente caindo numa vasilha de inox, exatamente do lado que eu acumulo dores.
Como já mencionei, passei por um tratamento dentário grandioso. Atualmente não tenho mais dores, porém, depois de me tratar, comecei com dores do mesmo lado (direito), mas num músculo atrás da orelha.
Fiz alguns exames e estou com um problema na cervical, que causa essa dor por pinçar o nervo.
Enfim, senti a necessidade da citação do livro fazer parte deste relato, por fazer tanto sentido na minha vida.
Meu avô já não está mais entre nós, mas sei que teve uma infância de muita dor e violência familiar. Deve ter sido acometido por traumas que talvez tenham influenciado na criação dos filhos, na forma como se comportava em família, com autoritarismo com os filhos e com a esposa principalmente, que pedia a morte por não aguentar a convivência conjugal.
Outro fato que também me causa curiosidade é que, quando meu pai tinha 7 anos, em um momento de brincadeira infantil, teve o olho direito perfurado com uma flecha de bambu. Um amiguinho, na inocência da infância, soltou a flecha em direção a ele lhe causando esse trauma, essa dor, essa tragédia em família.
Eu fiz uma cirurgia de miopia há sete anos atrás por conta do alto grau, tinha três graus no olho esquerdo, mas no direito tinha quase dez. Atualmente, tenho apenas um grau em cada olho, mas tenho muita sensibilidade no olho direito, um incômodo que nunca passa, mas o médico diz não ter nada no interior do globo ocular.
Agora eu pergunto o porquê do incômodo!?
O mesmo incômodo que percebo que o meu pai tem.
Estou escrevendo com muita emoção! Encerro meu relato feliz por tanto conhecimento adquirido e sensibilizada com tantas coisas começando a fazer sentido para mim!
#mod06