Certa vez li, em algum lugar, que Deus não nos prometeu uma vida sem dor. E nossa vida é repleta de escuridões emocionais: a perda de uma pessoa querida, o fim de um relacionamento, o envelhecimento, doenças, problemas na vida profissional ou ainda uma permanente sensação de insatisfação.
São períodos de fragilidade e, também, de transformação, e devemos encarar essas fases difíceis como ritos de passagem e como oportunidades de examinar as necessidades mais profundas da alma. Esse processo pode nos dar uma nova compreensão do sentido da vida e, no fim, proporcionar a cura.
Doenças como bipolaridade e depressão fazem parte do meu sistema, tanto do lado materno quanto paterno. Foi muito difícil aceitar que meu pai sofria dessa doença (bipolaridade), e, pelos relatos da família, é possível que meu avô paterno também sofresse da mesma psicose.
A bipolaridade é um comportamento que oscila de depressivo a eufórico em minutos, um sofrimento para a toda a família, mas com certeza incomparável ao que sente e vive o bipolar, que carrega dentro de si memórias de perpetrador e vítima.
Por um tempo julguei meu pai, o via como fraco, e há bem pouco tempo, depois de seu falecimento, é que consegui ver a sua grandeza, também por meio dos ensinamentos de Bert Hellinger.
Minha mãe tem diagnóstico de depressão há muitos anos. E, por um tempo, eu tive também, uma noite escura na minha vida.
Logo em seguida à depressão passei pelo luto do meu pai, também foi difícil, mas com ajuda da constelação familiar pude abrir-me para a intervenção sistêmica e ficou mais leve.
Hoje olho para a pessoa que sofre e respeito o sofrimento, pois ela carrega muito para o sistema, está poupando muitos outros dessas tarefas difíceis.
É durante as adversidades e quando nos sentimos frágeis e desamparados, que mais crescemos enquanto espírito. As maiores lições chegam travestidas de dor. Manter a fé e seguir caminhando são os segredos para vencer essas dificuldade e retirar o máximo dessa experiência.
Não há mapa, receita de bolo ou manual, pois cada um vive a sua verdade e atrai para si as experiências na medida exata de suas necessidades. O sofrimento é também a chave que nos liberta da prisão e as cicatrizes que trazemos na alma são o lembrete de que somos fortes, além de representarem a memória da nossa jornada.
Devemos aprender com ela, agradecer por estarmos avançando na jornada evolutiva, agora capazes de perceber o mundo para além da materialidade.
É o momento de deixar fluir as emoções e também a razão. Nem tudo pode ser explicado à luz da razão, e essa é a primeira lição que a Noite Escura da Alma nos ensina: há coisas que não farão sentido, mesmo para a alma mais espiritualizada.
Finalizo com essa frase linda, que representa com grandiosidade essas provações: “Do sofrimento emergiram as Almas mais fortes; os personagens mais notáveis são marcados com cicatrizes”. Khalil Gibran
#MODULO 7