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MOVIMENTOS QUE CURAM

MOVIMENTOS QUE CURAM
Maria da Salete Ximenes Cavalcante
fev. 12 - 19 min de leitura
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AS LEIS DO AMOR E OS MOVIMENTOS QUE CURAM

Construir um texto sobre os temas tratados no segundo módulo, é um grande desafio, por se tratar de conteúdos que orientam o desenvolvimento das constelações sistêmicas familiares como prática filosófica, que possibilita o desenvolvimento de uma postura de vida, que fortalece os indivíduos em seus relacionamentos, desde que respeitem as três Leis básicas, que regem todos os relacionamentos humanos que foram nomeadas por Bert Hellinger como Leis do Amor ou Leis da Vida.

Importante estarmos sempre atentos que os ensinamentos de Bert Hellinger são baseados na ciência da fenomenologia e em conhecimentos da área da psicologia, biologia, física, matemática, entre outros.

Em seus estudos e experiências de vida, Bert Hellinger observou que nenhum sistema admite exclusão. Quando isso ocorre, através do movimento natural da consciência coletiva que determina de forma inconsciente muitas das ações dos indivíduos, o sistema buscará compensar essa exclusão para cura das repetições nos padrões sistêmicos de comportamentos como experiências traumáticas e memórias sistêmicas de muitos sofrimentos.

A constelação sistêmica como uma técnica e instrumento terapêutico, através de sua forma simples e clara, busca trazer para o sistema, seja ele familiar ou organizacional, a inclusão do que estava separado, rejeitado ou esquecido. O movimento de inclusão e reconciliação possibilita liberação dos conflitos ou doenças, gerando força e sucesso aos indivíduos e ao seu sistema.

Para a prática da Constelações sistêmicas familiares, no que tange à forma como os representantes servem ao cliente, manifestando no corpo as memórias transgeracionais do seu sistema, Hellinger baseou-se na teoria dos campos morfogenéticos.

Porém, o grande insight desse método proposto por ele, é a relevância e influência das 3 Leis Sistêmicas dentro dos relacionamentos humanos, bem como, a importância delas para mostrar fatos e desordens de cada um.

Os estudos mostram que tendo ou não, consciência da presença dessas Leis, todos somos submetidos a elas. Bert Hellinger observou que assim como a lei da gravidade atua independente de nossa vontade ou controle, as Leis Sistêmicas atuam onde há pessoas se relacionando; ele as denominou como: Ordem, Pertencimento e Equilíbrio.

A mestra Olinda chama sempre atenção quanto a Lei da Ordem ou da Hierarquia que mostra que cada membro de um grupo familiar tem o seu lugar e um papel a desempenhar. A ordem é estabelecida pela hierarquia, pela ordem de chegada da pessoa no sistema familiar, onde quem chega primeiro tem precedência sobre quem chega depois, porque, aqueles que vieram antes tem autoridade sobre quem veio depois. Não significa obediência cega e automática, mas antes de tudo, reconhecimento da precedência e respeito.

Dessa forma, um pai tem anteposição e autoridade sobre um filho, um avô sobre um neto, um tio sobre um sobrinho, etc. Qualquer inversão de papéis provoca desequilíbrio no sistema, o amor deixa de fluir naturalmente. “Aqueles que vieram antes, tem autoridade sobre os que vieram depois”.

Bert Hellinger chama atenção para o fato de que é nesse momento que pode ocorrer um grande conflito, quando os que estão em uma posição abaixo se colocam em postura de outros familiares que estão acima. Muitas vezes, mesmo sendo feito através de gestos de amor ou imaturidade, podem ser considerados como uma arrogância cometida de forma inconsciente.

Mestra Olinda dá como exemplo na prática, quando essa lei é infringida, ou seja, quando um filho passa atuar como pai ou mãe dos próprios pais ou o irmão ou irmã que age como pai ou mãe do outro irmão ou irmã. Esse comportamento gera desordem com consequências graves. Os familiares podem se ajudar, sem que assumam papéis diferentes do que receberam ao nascer.

Eis aí o lugar de honra e de força vital.

Hoje, entendo todo o sofrimento e raiva que meu irmão mais velho, (in memorian), tinha por mim, eu como mais nova e irmã gemelar, me comportava de forma inconsciente e ingênua, tentando ajudá-lo para que papai não lhe batesse tanto, e, na escola, minha luta para que ele fosse incluído entre os colegas, compreendido e visto pelas professoras, por ele não gostar de estudar, ser desobediente, briguento, trabalhoso, hiperativo sendo um fator de exclusão no ambiente escolar.

Hoje com um novo olhar, possibilitado por novos conhecimentos e, autoconhecimento, entendo que de certa forma, inconscientemente assumi um papel que não era meu.

Compreendo agora que sentimentos intensos como raiva, injustiça, exclusão originam-se frequentemente num ponto em que um movimento foi interrompido precocemente, no qual a criança não pôde prosseguir. Essa raiva protege a criança da dor do amor. A raiva aqui é somente o outro lado do amor.

Depois de adulta, desejosa de lhe proporcionar uma moradia digna, eu e meu pai compramos uma casa para ele, ajudei a criar seu filho do segundo casamento, levava mensalmente um suprimento de alimentos para sua família, porque já estava gravemente doente, recebia as compras, mas, eu percebia em seu rosto um ar de raiva e de humilhação, como se dissesse, eu quero mesmo é meu lugar de direito, de ser incluído, aceito, pertencido, amado, próspero, ter um lugar ao sol.

Agora eu sei, meu irmão, eu te entendo, eu te vejo, eu te aceito, não mais te julgo, eu só queria te ajudar, por favor me perdoe, pelas vezes que através de gestos de amor ou imaturidade, e ou até com palavras fui arrogante e, orgulhosa com você, de forma inconsciente.

Eu te amo, eu te incluo, eu devolvo seu lugar que por direito é seu, fique em paz e na luz em uma das moradas do Criador.

Vejo esse mesmo padrão de comportamento se repetir entre meus filhos, o irmão mais novo em ascensão financeira e logrando lugar de destaque na hierarquia no nível do executivo estadual, tendo uma boa vida de conforto e bem-estar, bons carros, viajando para onde quer, etc.

Enquanto que a irmã mais velha, primogênita, e o irmão do meio, ambos gemelares, não conseguem deslanchar profissionalmente, os três são bacharéis em direito, como o pai, sendo que os dois mais velhos, mesmo com carteira da OAB, com especializações em várias áreas do direito, não estão realizados; ela não gosta da profissão, hoje faz uma outra formação acadêmica em área da saúde e está bem entusiasmada com a nova profissão.

Hoje com 47 anos, é uma mulher bonita, educada, gestos delicados, com várias potencialidades afloradas, ainda não tem independência financeira, tão pouco consegue afetivamente se acertar com ninguém, já teve quatro relacionamentos, todos abusivos, muito ansiosa e depressiva, faz uso de remédios psiquiátricos e não procura autoconhecimento, nem terapias, para lidar melhor com suas frustrações e buscar resiliência de forma produtiva.

O irmão, um homem de 46 anos, já galgou cargos técnicos e hierárquicos do executivo estadual, quando o tio foi deputado por vários mandatos, e, depois conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, morrendo prematuramente de morte trágica de acidente aéreo, ficando o corpo carbonizado, ele perdeu o chão depois desse acidente, caiu em uma depressão grave que já dura quatro anos, o tio era como um tutor e se estimavam muito, muita dor nessa caminhada.

Nesse interim, ocorreu o nascimento de sua segunda filha, nesse período de turbulência, luto e movimentos desintegrados, teve que fechar o escritório de advocacia e alugar sua casa, porque a esposa não deu conta de cuidar dele e dos filhos, um garoto de seis anos na época, hoje com nove, e uma bebê de meses, hoje com três aninhos.

Me vejo entre uma guerra entre os irmãos. Revoltado porque o irmão não lhe ajuda financeiramente como ele queria, se sente injustiçado, não visto e amado por ele, houve até ameaças de morte, de denúncias infundadas, ele surta que não conhece e nem respeita ninguém. Hoje não conseguimos ter paz, e alegria, vivemos em uma codependência.

Com o pai, não é diferente, outro desentendimento, já foram muitos parceiros, com a descoberta de traições para comigo, se revoltou contra o pai, ele não se sente respeitado, considerado, nem pertencido pela família. Ninguém quer entender que uma depressão é uma doença grave, talvez se fosse uma outra doença física, visível, até já tivessem compreendido. Diz que só eu o vejo e acolho e lhe incluo.

A mestra Olinda em uma de suas lives falou uma coisa que me fez pensar muito sobre situações de incompreensão vividas, de memórias de injustiças em um sistema sempre marcharão juntas. Quem marcha contra, está na energia da criança ferida, do órfão do sistema. Que posturas sistêmicas como ataques, é um grande corpo de dor que clama por justiça.

Conhecedora que a essência e base das Constelações é “expor-se ao que se mostra” na realidade não somente em minha família, mais em todos os sistemas familiares os conflitos são emaranhamentos provocados pela exclusão, pelo não pertencimento, desobediência da ordem e ou hierarquia, e desequilíbrio entre o dar e receber.

Aqui me chama atenção a questão da lealdade familiar que é a ligação com a nossa origem e tudo o que ela nos deu, se mostrando como um vínculo profundo com o nosso sistema familiar, embora distante dos nossos olhos e não percebamos, continuamos a interagir como aqueles que vieram antes de nós e independente da época ou momento, há uma grande chance de repetirmos algo que já foi feito antes.

Na Constelação, essa lealdade nos coloca em posição de corrigir as peças que coloca o sistema em perigo. Ainda que seja algo inconsciente, essa disponibilidade pode colocar a todos em um perigo constante. Isso porquê podemos nos deparar com objetos em que a resolução está além de nós no momento.

Sem se dar conta, um indivíduo pode repetir as ações boas ou não dos seus antepassados.

Neste ponto se instala o movimento automático do campo familiar em tentar manter tudo conforme o esperado. Por exemplo, inconscientemente, alguém pode “escolher” sofrer para que respeite a história de vida de um antepassado.

Ele vai abdicar de sua individualidade para que o sistema se mantenha alinhado com suas diretrizes iniciais. Portanto, os especialistas defendem que a maior parte de nossas impressões acontecem de maneira inconsciente. Este campo oculto acaba pôr guardar tudo aquilo que experimentamos direta e indiretamente enquanto convivemos com os outros.

O maior exemplo são as dificuldades enfrentadas pelos descendentes, gerando brigas e outros conflitos ao longo da vida, por abrir mão de si mesmos em prol do sistema familiar, com o tempo, essas pessoas podem se “rebelar”. A influência exercida sobre suas escolhas as obrigaram a represar quem eram individualmente e o que queriam. Isso provoca parte dos conflitos familiares, afastando os membros, portanto, devemos ser leais à nossa origem, no entanto, não podemos “ser escravos de uma prisão sem muros, mas que nos sufoca constantemente”.

Hellinger diz, que em vez de olharmos para nós mesmos, por exemplo, para os nossos desejos e para aquilo que vemos como nossos problemas ou como nossas feridas ou nossos traumas, olhamos para os nossos pais, para a família. Estamos ligados a algo mais, a muitos. Então, aquilo que experimentamos como algo terrível ou que causa sofrimento tem seu lugar em um contexto maior.  

Mas, chama atenção também, que "quando olhamos somente para a família, depois de algum tempo, a visão fica novamente estreita. Precisamos então ultrapassar com o olhar para além dela, incluir de novo o todo em nossa atenção, percepção e também em nosso amor e abrir-nos. Então existe um caminho para fora daquilo que talvez pareça ser insolúvel na família”, do livro A Fonte não precisa perguntar pelo Caminho - Página 28,  &2º - A Amplidão.

Hellinger diz ainda, “se em nossa percepção podemos nos orientar para o individual, e se nós fizermos isso, o outro nos escapa. Quando nos orientamos para um, frequentemente excluímos o outro ou negamos ou até mesmo o renegamos.

Então, ficamos alheios àquilo que tudo carrega. Podemos também nos orientar para o muito, mas de tal forma que não nos concentremos no muito, mas, por assim dizer, o percebamos ao mesmo tempo apenas como um todo, e nessa percepção, nos recolhamos ao nosso centro, e através desse centro, ao centro do ser, profunda essa reflexão, não é?

Quando temos essa ligação, temos com a multiplicidade o mesmo relacionamento - um relacionamento de respeito, de veneração e de coragem, de tal forma que podemos levá-la para dentro de nós, também em sua multiplicidade e em sua diversidade, até que conflua em nosso centro. “ Hellinger

"Hoje tenho me dedicado e estudado os movimentos da alma, deixo atuar em mim e experimento, em cursos como este, como os movimentos da alma atuam. Eles ultrapassam em muito o que até agora tinha vindo à luz nas constelações familiares. Portanto, é mais um passo adiante" (Hellinger, no livro citado, no tópico O Todo) que serve a paz e ao amor, esse é o verdadeiro amor do espírito.

Mestra Olinda diz, que se não curarmos a nossa vida, o nosso coração, nossas tristezas, nossos sofrimentos através de terapias sensoriais e constelatórias, não teremos empatia, nem gentileza para perceber, e, cuidar de si e do outro, porque o amor do espírito é um amor sincero, com gratidão, com o perdão de forma mais pura, compaixão, é dizer eu vejo você, eu percebo você eu entendo você.

Ela fala também que cada um tem seu papel na hierarquia na lei da Ordem, e no Pertencimento o fator determinante é o respeito à presença dos membros naquele grupo, determinado pelo vínculo, e isso não pode ser desfeito. Um vínculo é constituído por laços de sangue: nossos pais, filhos, irmãos, meio irmãos, avós, bisavós, etc.

O vínculo também pode ser determinado por laços do destino: parceiros atuais e anteriores, onde houve consumação sexual, sobretudo de onde foram concebidos filhos, que sobreviveram ou não; promessas de casamento e amor eterno que não foram cumpridas, estupros, entre outras.

Essas situações citadas geram elos que devem ser reconhecidos e respeitados, ocupando um lugar em nosso coração. Também se constitui vínculos, quando alguém contribui com o bem-estar de nossa família, de forma positiva como uma herança por exemplo, ou de forma negativa (quando alguém perde a vida pelo bem de alguém do sistema familiar).

Dessa forma, todos precisam de um lugar respeitoso em nosso sistema familiar. Nas empresas e organizações há características especiais quanto ao pertencimento, que está condicionado ao tempo de exercício contratual. “Todo membro de uma família tem o mesmo direito de pertencer. ”

Bert Hellinger afirma que pertencer traz segurança e bem-estar, por esse motivo, quando existe exclusão de alguém da família, gera um tensionamento na rede, porque devem ser reconhecidos como parte integrante.

Isso inclui por exemplo, crianças que não nasceram ou que foram abortadas. Elas fazem parte mesmo que seja difícil pertencem ao sistema e devem ser integradas ao grupo.  Eis aí o lugar de honra e de força vital.

A mestra Olinda sempre ressalta que o equilíbrio fala da troca entre o dar e o receber dentro de um relacionamento entre iguais. Ela pode ser facilmente percebida, veja quando alguém te dá algo, ou te faz um elogio, nosso movimento natural é agradecer e retribuir, porque nos sentimos pressionados e em dívida. Não agradecemos apenas por exigência social, mas sobretudo, pela pressão interna que nos leva a retribuir minimamente.

Muitas vezes nos sentimos constrangidos com um elogio, talvez porque não consigamos receber ou porque não nos sentimos em condições de seguir cumprindo as expectativas do outro. Mas sempre reagimos diante das trocas relacionais. Se somos capazes de nos doar em benefício de alguém que amamos, também somos merecedores de receber o que eles têm a nos oferecer em retribuição, ou seja, deve haver reciprocidade.

Uma relação sem troca se resume numa espécie de convivência sem o amor que se deixa fluir entre duas pessoas. “Onde houverem pessoas se relacionando, as trocas entre elas devem ser equilibradas. ” Bert Hellinger. Essa lei é infringida quando pessoas se doam demais e, consequentemente, ficam num lugar onde é difícil receber a dedicação que um dia deram.

Hellinger defende que o equilíbrio é se permitir vivenciar o fluxo das relações de experiências vivenciadas a partir da partilha. Existe uma exceção da aplicação desta lei. Trata-se da relação entre pais e filhos, em que os pais dão e os filhos recebem, onde a compensação de retorno por parte dos filhos, vem quando eles se tornam pais.

No caso de não terem filhos, a compensação acontecerá servindo a vida com seu trabalho.

Concluo essa reflexão do segundo módulo, com muita gratidão porque me   deu a oportunidade de estudar e pesquisar com carinho sobre as leis do amor e da vida para me apropriar de uma nova postura de vida e de busca de cura de meus traumas e sofrimentos sem culpas e julgamentos, porque nos leva a ter uma nova consciência.

É uma proposta de vida que só tem a acrescentar a qualquer pessoa que sinta o chamado interno de compreender o que rege o convívio humano. Da mesma forma que é transformador, para quem deseja encontrar seu lugar, dentro do grupo familiar e, conhecer com respeito sua própria história.

Estas tomadas de consciência geram movimentos de transformação, libertação e cura que permitem restabelecer a ordem e a harmonia não apenas na vida do participante, mas igualmente em todo o sistema familiar, bem como restabelecer o fluxo de Amor que estava bloqueado.

#mod02

Fontes pesquisadas:

. Livro: A Fonte não precisa perguntar pelo Caminho – Bert Hellinger

 . Sites:

  1.  Instituto Ipê Roxo;
  2. www.constelação clínica.com

. Apontamentos aulas com a mestra Olinda Guedes

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