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MULHER E MÃE DA ROÇA

MULHER E MÃE DA ROÇA
Jussara Correa
mai. 9 - 3 min de leitura
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Mulher e mãe da roça de todas as etnias e todas as cores. De muitos sonhos e tão poucos amores.         

Arrendatária, proprietária  ou bóia fria.             

Que cotidiano é o teu que inicia bem antes do sol nascer e só acaba muitas horas após o anoitecer?                                          

Tu que lavas, passas, cozinhas, educas, ara a terra e silencia porque não é vista como trabalhadora por não estar inserida num meio considerado produtivo.                                       

Dona de seus afazeres e detentora de muitos poderes que se cultivam e se transmitem na coletividade.   

Tu é que sabes a hora de semear, transplantar e colher cada produto da terra de acordo com as fases da Lua.   

Já não plantas mais a cebola nem a batatinha e, por falar nisso, cadê suas galinhas que andavam soltas pelo terreiro? Tiveram de dar lugar a galinha branca do grande galinheiro. Aquela que cresce rápido e custa pouco .                                   

Para a indústria expandir, te subordina  e te explora. E ainda fizeram de tua família uma integrada.                                     

Mulher e mãe da roça.                     

O tempo passa depressa, tudo vai se reelaborando, se transformando e tu já não bebes água pura da fonte porque a enxurrada que desce lá do monte está contaminada de tanto veneno.                             

Mulher e mãe da roça, como é grande seu dicionário.     

E uma pena que não tens horário e nem salário, apenas algumas  homenagens em certas datas do calendário.     

Mulher e mãe da roça,.           

Inventaram a grande plantação, peço que  intercedas  em oração para que na virada do século se garanta o chão para que nossos filhos ainda possam comer o pão.     

Bendita mulher e mãe da roça, querem acabar com a agricultura!

Que vais fazer tu, com os balaios de taquara, as cestas de vime e as sacolas de palha?                                           

Pode ser que um dia os homens cá da cidade se preocupem em guarda-los para que um dia nossos filhos possam saber como era a vida da mulher e mãe lá da roça.                       

Poesia escrita em 1999 em homenagem as avós.

Hoje dedico a toda minha ancestralidade feminina que morou na roça e que permitiram minha existência e também para aquela que ainda vivem na roça, em especial para a amada Professora Olinda Guedes que tanto nos ensina  com amor.         

Feliz dia das mães!!!

 

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