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NARRATIVA DA HISTÓRIA DOS MEUS PAIS E A MINHA

NARRATIVA DA HISTÓRIA DOS MEUS PAIS E A MINHA
Célia da Veiga
jul. 23 - 6 min de leitura
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O meu querido pai, em memória, teve uma infância muito difícil no sentido da forma muito rude em que meu avô o tratava. Como o meu pai era o filho mais velho, foi muito cobrado nas atividades de trabalho na roça, começou muito cedo, e foi assim até no dia em que ele casou com vinte e três anos, sendo que foi morar em outra cidade, ficando lá por dois anos trabalhando em terras arrendadas.

O resultado do trabalho era dividido cinquenta por cento para o proprietário do terreno e cinquenta por cento para o meu pai.

Após este período de dois anos ele voltou a morar com os meus avós, sendo que já havia nascido a minha primeira irmã, onde o meu avô o tratava de uma forma melhor. Porém o meu pai queria ter suas próprias terras, então ele trabalhava com o meu avô e em mais um local onde tinha plantação de fumo.

Quando o meu terceiro irmão já tinha nascido, o meu pai conseguiu comprar uma chácara que era de propriedade dos avós dele.

Ele trabalhava muito e quando nasceu o meu quarto irmão que deveria ser gêmeos, porém um não desenvolveu na placenta. Esse irmão que nasceu tinha três meses quando deu paralisia infantil no meu terceiro irmão, aí as coisas começaram a ficar muito difíceis.

A minha mãe teve que ficar um tempo em função da doença desse terceiro irmão, e a dificuldade financeira ficava cada vez mais difícil.

Quando o meu quarto irmão tinha cinco anos, o meu pai queria uma menina parecida com a minha mãe, nesta época as coisas começaram a melhorar. Foi feita a vontade do meu pai, depois de uma menina e três meninos eu nasci cinco anos depois da quarta gravidez da minha mãe que era para ser gêmeos e não desenvolveu uma placenta, depois do meu nascimento veio mais um irmão e uma irmã.

Eu era muito grudada com o meu pai até uns seis anos de idade, depois que fui para a escola e o relacionamento ficou mais distante. O meu pai faleceu em 2010 com 80 anos, teve um percurso de sofrimento antes de falecer, pois ficou acamado por três anos e meio. Sou muito grata a ele por ter desejado tanto o meu nascimento e por nos ensinar belos valores.

Minha querida mãe teve uma ótima infância com os seus pais da forma que eram em relação à educação dos filhos. Porém tinha muita doença na família.

A minha mãe nasceu na terceira gestação da minha Dinda sendo que, a gravidez anterior a da minha mãe, a Dinda quando no sétimo mês deu uma doença, chamada bexiga, na Dinda e no bebê que nasceu com sete meses e morta.

Era uma menina.

Quando a mãe tinha sete anos deu tosse comprida no seu quinto irmão que já tinha problemas no coração, como conta minha mãe conseguia ver o coração em alto relevo no peito do irmão e ele veio a falecer com seis anos de idade. A mãe relatou que quando ela tinha oito anos de idade e chegava o por do sol ela sentia muita tristeza.

O seu irmão veio a falecer quando a mãe tinha doze anos.

A mãe sempre trabalhava na roça, geralmente de fumo, ela falava que eram épocas difíceis porém ela se sentia feliz no âmbito familiar. Quando ela conheceu o meu pai que já estava interessado na minha mãe há uns dois anos, namoraram por nove meses e noivaram marcando o casamento para cinco meses depois.

Ela tinha vinte e dois anos quando casou.

E assim seguiram vencendo os desafios e dificuldades da vida, porém sempre juntos, até ao falecimento do meu pai. Hoje minha mãe diz que no período da doença do meu pai eles conseguiram se perdoar por tudo aquilo que não foi bom na história dos dois.

A minha mãe sentiu muito quando o meu pai adoeceu e veio a falecer.

Eu, como a sexta filha, esperada menina e apegada ao meu pai, senti muito na infância quando fui para a escola e houve um afastamento entre eu e meu pai. Senti o vinculo de amor interrompido. Hoje depois de terapias e compreendendo a história, entendi que existia um pudor muito grande em relação a pai e filha no que se refere à sexualidade.

Era uma forma de preservar o cuidado que tinham em relação às meninas.

Eu fui à última filha a sair de casa com os meus trinta anos, e mesmo com esta idade eu chorei quando pensei, eu sou a última a sair de casa e agora os meus pais vão ficar sozinhos, mas depois foi tranquilo.

Eu acredito que esse sentimento veio pelo fato de antes da felicidade a lealdade. Percebo também que quando compreendemos o nosso passado e curamos determinados emaranhamentos, o fluxo da vida nos presenteia com belas oportunidades.

Hoje estou no meu segundo casamento e é muito diferente a forma de se relacionar, onde tem maturidade emocional e cumplicidade, muito diferente dos relacionamentos anteriores onde eu repetia um padrão equivocado que era a sensação de falta de afeto e cumplicidade.

Sou muito grata aos meus pais por tudo que eles foram, e a minha mãe aqui que ainda está sendo uma pessoa que tem muita vontade de aprender e viver.

Sim, muitas fichas caem ao ler livros, ao estudar, ao ver as pessoas constelando, como realmente somos todos um e quando nos permitimos curar padrões equivocados essa cura proporciona outras curas.

Gratidão.

 

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