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NOITE ESCURA DA ALMA DE UMA CRIANÇA

NOITE ESCURA DA ALMA DE UMA CRIANÇA
Dalva Castro
jul. 12 - 3 min de leitura
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A Noite Escura da Alma.

Eu conhecia a história que São João da Cruz também sofreu da escuridão espiritual por longos 45 anos e até mesmo Madre Teresa de Calcutá teria sido “vítima” dessa escuridão emocional. 

É possível que até mesmo Jesus Cristo tenha experimentado a angústia desse período, ao proferir a frase “Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”.

Pois então …

Naquela noite eu fui deitar e senti uma dor profunda. Agora entendo que doía a minha alma. Eu sofria da dor do não merecimento. Eu ainda não entendia porque o Papai Noel não visitava nossa casa e eu e meus irmãos não ganhávamos brinquedos. E aquela boneca que eu queria tanto? E o carrinho para meu irmão? E a bicicleta para minha irmã? 

Eu tinha 7 anos e pensei: será que não somos crianças boas o suficiente para ganharmos brinquedos no Natal?

E lembrei-me das vezes que meu pai nos castigava quando brigávamos por alguma coisa. Será que Papai Noel ficou sabendo das nossas desavenças, nossas brigas? Meu pai fazia a gente ficar abraçados para fazermos as pazes e respeitar um ao outro. Quando achava que o tempo tinha sido suficiente para aquele desconforto ele falava  : - “peçam desculpas agora um para o outro e digam que não vão brigar mais.

Outras vezes ele misturava milho e feijão numa peneira para fazermos a separação.

Que Deus me perdoe, mas eu sentia raiva do meu pai por fazer isso conosco. Ficava com raiva da mamãe. Na minha cabeça mãe era para proteger os filhos e naquele momento me sentia desprotegida. A sensação do amor negado pela minha mãe. Nossos braços doíam. Se fosse hoje, certamente o Conselho Tutelar chamava meu pai para uma conversa e lhe daria uma cópia do ECA. 

Sentimentos de culpa por ter raiva dos meus pais, o não merecimento de ter brinquedos e abandono pela não proteção da minha mãe, começaram a brotar num coraçãozinho tão pequeno. Apesar de tudo eu amava meus pais e meus irmãos. 

Em uma linda tarde, estava descansando num balanço num pé de árvore no quintal de casa feito pelo meu pai. Eu fechei os olhos e fiquei em silêncio profundo. Eu e eu. Não ouvia nada. Só despertei quando eu ouvi minha mãe gritar alto : - “Dalva, minha filha, recolha os ovos das galinhas e traga-os que vou fazer biscoito para nós. Já é hora do café e já já seu pai está de volta.”

Fui recolher os ovos e dei um sorriso para as galinhas. Eu era feliz por termos galinhas e nos fornecer ovos todos os dias. 

Na verdade eu queria mesmo era ficar sentada no balanço pensando sobre a minha vida, mesmo sem saber nada sobre ela. Acho que naquele dia eu comecei a Meditar. 

E me deu um frio na barriga quando lembrei que meu pai ia chegar. Ele não gostava de barulho de crianças por perto. E o frio aumentou quando lembrei que no jantar eu tinha de comer jiló. 
 

Com amor, 

Dalva 

#mod07

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