Nas noites escuras da alma, somos convidados a olhar para nós, com compaixão. Nós nos sentimos sozinhos, como se o mundo todo tivesse esquecido de nós. Ao mesmo tempo que é desafiadora e desesperadora, a noite escura é cheia de possibilidades.
Uma das características da noite escura, é que a resposta é desproporcional ao problema. Eu me lembro, que quando as minhas filhas eram pequenas, eu ficava me perguntando, como seria o futuro delas. Ficava aflita pensando como elas iriam crescer, como iríamos sustentá-las, onde iriam estudar, se teriam saúde, e tantas outras preocupações.
A situação era paradoxal, pois nessa época da vida, não havia nenhum motivo para esse tipo de preocupação. Panelas vazias, caderneta pendurada na venda, aluguel atrasado, já haviam ficado para trás, em minha história pessoal.
No entanto, aquele medo inexplicável do que poderia acontecer com as meninas.
Nas noites escuras, Deus nos envia anjos, chegam até nós mensageiros, na forma de amigos com a boa palavra ou o bom exemplo, nas mensagens que ouvimos no rádio, nos livros que nos acalmam a alma.
Eu lembro que lendo o livro “Não faça tempestade em copo d´água” de Richard Carlson, me deparei com esse trecho:
“Sem dúvida, muitos de nós aprendemos a arte neurótica de perder nossas vidas nos preocupando com uma variedade de coisas – tudo ao mesmo tempo. Deixamos os problemas passados e as preocupações futuras dominarem nossos momentos presentes, e, com isso, acabamos ansiosos, frustrados, deprimidos e desesperançados.
... Quando estamos preocupados fazendo “outros planos”, nossas crianças estão ocupadas crescendo, as pessoas que amamos estão se mudando e morrendo, nossos corpos estão ficando fora de forma, nossos sonhos se evanescendo.
Em resumo, estamos aproveitando mal a vida.
... Quando nossa atenção está voltada para o momento presente, apagamos o medo de nossas mentes. Medo é a preocupação que temos com relação a eventos que poderão acontecer no futuro – não teremos dinheiro suficiente, nossos filhos enfrentarão dificuldades, ficaremos velhos e morreremos, seja o que for.”
Lembrei da minha mãe.
Ela nos deixou quando eu tinha 14 anos, será que ela ficava questionando como seria o futuro dos seus 6 filhos? Se ela, com todas as dificuldades pelas quais passou, sempre nos incentivava a acreditar num futuro melhor, porque eu me sentia tão desamparada?
Caiu a ficha ! E um novo dia amanheceu.