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NOITES ESCURAS DA ALMA

NOITES ESCURAS DA ALMA
Maithê Luiza Girardello
mar. 8 - 6 min de leitura
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A aula sobre as noites escuras da alma foi, sem dúvidas, a que mais me impactou.

Percebi que estou passando por um processo de noites escuras e, de certa forma, notei o quão pesado está.

Acho que, depois da minha história de vida, sempre acreditei que não seria fácil seguir.

As feridas ainda estão presentes no meu coração.

Lembro que aos 15 anos de idade fui diagnosticada com depressão.

Lembro que, na época, a maioria das pessoas questionava :

- mas por quê?

É tão novinha. Tem de tudo.

Eu sentia que o meu coração estava vazio.

Depois do episódio com os meus pais (separação, prisão, traumas) as coisas aparentemente estavam voltando ao lugar.

Meus pais haviam reatado, a família havia aceitado, não haviam mais brigas, discussões e medo da escassez.

Mas no meu coração e na minha alma, ainda existia algo.

Eu sentia que estava sufocando.

Quando conheci o meu atual marido vi nele e na família dele as moedas que eu buscava.

Evidentemente, as crises foram surgindo conforme fui enxergando quem eles eram, sobretudo quando percebi que não eram aquelas as moedas que eu buscava.

Há dois anos passei por momentos delicados e achei que não iria aguentar. Descobri que estava com lesões no colo do útero, passei por cirurgia, depois descobri que poderia ser algo grave, fiz acompanhamento semestral.

No entanto, eu sabia que havia algo mais.

O meu relacionamento com os meus pais já havia melhorado um tanto, mas eu ainda guardava memórias e mágoas dentro de mim.

Foi então que, com o diagnóstico do câncer, fui descobrindo que as feridas não estavam cicatrizadas como eu achava que estavam.

Ingressei fundo nos estudos sobre espiritualidade e autoconhecimento.

Busquei respostas, soluções e mudei a minha postura.

Conforme eu mudava o meu jeito de falar e agir, os meus pais também mudavam a deles.

Aos poucos consegui perdoá-los, de verdade. Mesmo assim, as crises de ansiedade só aumentavam.

Eu não entendia muito bem o porquê.

Então, novamente, me aprofundei nos estudos.

Comecei um curso de autoconhecimento e as respostas foram sendo reveladas.

A cura só aumentava.

A ansiedade, entretanto, também.

Sinto que quanto mais eu sei, mais perto eu chego de algo e, então, a ansiedade e o medo aumentam.

Foi somente hoje que eu entendi o porquê.

Existe um segredo prestes a ser revelado e eu estou chegando cada vez mais perto.

De uns tempos para cá, especialmente depois que comecei a estudar constelações, além da insônia e da ansiedade, fui perdendo peso e cabelo.

Finalmente agora consigo ter empatia comigo.

Sempre me cobrei muito, em tudo.

Queria terminar a faculdade e ser aprovada na OAB, passar em um concurso em menos de dois anos, fazer atividade física todos os dias, manter uma alimentação regrada e eu sempre busquei que o exterior influenciasse o meu interior.

Agora tudo faz sentido.

Quando paro para pensar nas dificuldades que os meus pais já enfrentaram, consigo ter empatia com eles também.

O quão difícil deve ter sido para o meu pai crescer vendo o seu pai sempre bêbado.

A minha mãe, da mesma forma, pois passou muitas necessidades.

Minha mãe sempre falava que rezava para o meu pai ser melhor do que o pai que ela tivera.

Em um certo período, ele foi até pior.

Eu sinto o peso em seus ombros por carregar tantas preocupações.

Mamãe sustentou a casa por muitos e muitos anos.

Foi responsável por mim desde sempre, enquanto papai estava nas bodegas enchendo a cara.

Eu reconheço as noites escuras da alma deles.

E eu sinto muito.

Ambas as minhas avós sofreram tanto com os maridos.

Vovó paterna conta sobre os episódios de alcoolismo e grosseria.

Agora, embora vovô não consuma álcool, ainda é muito machista com ela.

Para ela comprar alguma coisa, precisa pedir a sua autorização ou, então, comprar escondido.

Vovó materna por anos viveu da mesma forma.

Descobriu as traições do vovô e perdeu o seu brilho divino.

Também não tinha autonomia para tomar decisões, precisava apenas acatar as ordens de seu marido.

Quando vovô faleceu, vovó sofreu muito nos primeiros dias.

Ela não sabia tomar decisões. Precisou aprender e hoje as faz com muito êxito.

Ambas as minhas avós tomam remédios controlados para depressão.

O machismo na nossa família foi padrão por muitos anos.

Eu, graças a Deus tenho um marido maravilhoso.

Ele não é machista.

As vezes, eu é que sou, mas agora tenho consciência para entender e discernir quando é que estou sendo machista, pois assim eu consigo interromper o padrão.

Hoje eu tenho uma vida ótima.

Tenho uma casa segura e confortável, o carro que eu sempre sonhei.

Tenho faculdade, um emprego temporário, um marido dos sonhos, recursos financeiros.

Ainda assim, o meu coração não está em paz.

Ainda falta e eu não sei o que.

Havia decidido que não estudaria mais para concursos, pois finalmente encontrei o que faz o meu coração vibrar.

Contudo, sinto que não consigo ir.

Não consigo empreender.

Como se estivesse encurralada.

A cada passo que eu dou para frente, volto dois para trás.

Sei que são memórias transgeracionais agindo através de mim, pois o medo não tem coerência com a minha vida atual.

Sinto que, finalmente, posso ser gentil comigo mesma, sem exigir tanto assim de mim.

Eu decido me pegar no colo e cuidar de mim.

Eu decido me curar e me livrar desses padrões.

Eu decido ser livre para livrar as próximas gerações também.

Eu vou pagar o preço.

 

 

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