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NOITES ESCURAS DA ALMA

NOITES ESCURAS DA ALMA
Selma Melo
abr. 8 - 7 min de leitura
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Essas aulas realmente nos levam a uma profunda reflexão, e também a uma sede imensa de libertação, e quando me refiro a libertação, falo dessa liberdade para poder voar e viver de fato, com a alma leve ultrapassa as fronteiras do eu, esse desejo é muito maior, é um desejo que nos leva ao passado, nos situa no presente e nos mostra as possibilidades de um futuro que, no momento, é sonho.

A mim remete até uma certa angustia de perceber o quanto poderia ter feito e não fiz, e também uma certa melancolia em ver quanto pode ser feito com quem ainda está ao meu redor, mas perceber que ainda não chegou o momento para muitas pessoas perceberem e acordarem para as noites escuras de suas almas aflige. 

Como o mundo seria muito mais feliz e cheio de amor compreensão e fraternidade se todos procurassem, ao invés de julgar, trabalhar para a construção e libertação de seus semelhantes.

Sei que sou imensamente falha, mas, dentro dos meus limites, entendo o poder do amor e procuro fazer o que é possível e também ir até onde me deixam ir. 

Esse módulo me trouxe muita luz, luz do entendimento, do porquê de tantas perguntas sem resposta, não só minhas, mas de toda minha família. E diria que não só da minha família de sangue, mas de quem convive comigo há anos.

Vou começar meu relato pelo meu avô paterno, até porque eu realmente não sei nada para além de que ele veio de Portugal, e também não sei como é realmente sua história, se ele veio sozinho ou se meus bisavós também vieram, não sei dizer absolutamente nada em relação aos tios de meu pai, a família do meu pai, são praticamente todos falecidos, tenho apenas uma tia com 81 anos a qual, segundo me dizem, não é possível dar créditos ao que informa.

O que sei é que minha avó, já falecida a mais de 50 anos, se encantou por outro homem e abandonou meu avô. Não quero aqui julgar como toda minha família julgou e julga a minha avó; eu realmente não sei o que aconteceu.

Jamais ouvi alguém tocar no assunto e dizer como foi a relação da minha avó e meu avô, não sei de nada, absolutamente da vida dos meus familiares; não tenho elementos para sequer fazer a árvore genealógica da minha família paterna.

Meu avô, até onde sei, nunca mais se casou, não sei dizer como ele viveu, só sei que minha tia o acolheu já na velhice e cuidou dele até o dia que ele faleceu, sei também que era alcoólatra, assim como era o meu pai e meu ex-marido todos falecido.

Bem até aqui já é possível imaginar as noites escuras do meu avô, que não conheci, apenas sei das histórias muito superficialmente, pelo jeito era mendigo, não tinha vínculo familiar.

E assim é história da família do meu pai; todos meio perdidos; dá para escrever um bom livro de gente solitária, de famílias desajustadas, mas vou parar por aqui.

Aqui passo a me reportar ao meu pai quando minha avó se uniu a seu outro esposo. Meu pai foi posto para fora de casa, ele tinha então 10 anos de idade, a partir dai passou a ser “peão” de fazenda e prover seu próprio sustento, nunca mais voltou a viver com pai ou mãe, assim se tornou um moço sem muita noção, imagina a formação? E exemplo de amor carinho e aconchego familiar?

Porém, mesmo com todas essas limitações, era amoroso; aos 24 anos foi trabalhar numa fazenda a qual meu avô era administrador, chegando lá, por motivos familiares envolvendo uma tia materna, meus avós precisavam casar logo a filha que estava solteira com apenas 16 anos para que não ficasse “falada”; essa menina casada às pressas com o primeiro que apareceu é minha mãe.

Minha mãe era, e acho que sempre foi, apaixonada por um outro moço (isso ficou muito claro numa constelação que fiz há 2 anos mais ou menos), então além das noites escuras da infância e adolescência, lá vem mais noites escuras para meu pai, pois provavelmente nunca se sentiu amado, e ai, além das noites escuras do meu pai vem também as noites escuras da minha mãe.

Onde não há amor não há força, a superação das dificuldades fica ainda mais difícil, e para endireitar a situação, com toda dificuldade financeira, foram abençoados com 8 filhos, entre os quais, fazendo uma analise, ninguém conseguiu ter uma família bem estruturada; todos se casaram e separam ou nem se casaram, mas os relacionamentos não permanecem.

Minha família, ou seja, todas minhas irmãs e irmãos, são trabalhadores, não da para dizer que na atualidade alguém passe algum tipo de necessidade, financeiramente todos estamos encaminhados, porém, quando se trata do emocional, dai a coisa fica difícil.

São muitas noites escuras, lembrando que cada um batalhou pelo seu lugar ao sol, não contamos com herança ou coisa parecida, ficamos órfãos muito cedo, meu pai faleceu em um acidente aos 52 anos, minha mãe ficou sozinha para acabar de criar minhas irmãs caçulas.

Agora quero falar da minha irmã, a sexta filha e penúltima gravidez, pois a ultima gravidez foi de gêmeas; essa minha irmã tem diagnóstico de esquizofrenia; meu pai não tinha muita noção das limitações dessa minha irmã e minha mãe demorou muito para aceitar, buscou os recursos disponíveis na época e pouco conseguiu ser feito.  

Ela sempre muito difícil, como todo esquizofrênico, difícil para lidar, minha mãe não sabia e não tinha muita paciência para lidar com a situação e nós, os irmãos, também não, e ai que imagino todo sofrimento que causamos a ela por ignorância. 

Ela tinha picos de situações muito adversas do tipo não querer tomar banho, ter aversão por um, por outro, quando meu pai faleceu para ela foi motivo de felicidade, ela deveria ter uns 15 anos, vibrou muito e deu graças a Deus por isso. Após o falecimento do meu pai, ela pegou a aversão ao nosso irmão, o quinto filho, e essa aversão permanece até hoje, onde ele estiver ela não vai, se ele chegar, onde ela estiver ela sai, se esconde no quarto ou se afasta para não ver e nem ouvir a voz dele.

Enfim, eu gostaria muito que minhas irmãs participassem, procurassem a ajuda que esse conhecimento traz, mas já tentei muito; até me ouvem com certo entusiasmo, mas não passa disso, mas é assim né? Cada um no seu tempo e todos nós no tempo de Deus.

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