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NOITES ESCURAS DA ALMA

NOITES ESCURAS DA ALMA
Edda Eva de Siqueira Lira
jul. 23 - 6 min de leitura
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As noites escuras da alma foram estudadas de forma poética por São João da Cruz (Livro - A Noite Escura da Alma).

São sofrimentos pelos quais todos nós passamos na vida, independentemente da nossa vontade, mergulhamos em memórias pessoais e transgeracionais, experienciando:  aflições, muita angústia, ansiedade, medo, melancolia e muita solidão. A nossa vontade está apenas na disposição da flexibilidade, sabedoria para pedir ajuda (como a terapia) e humildade para aceitar e transitar por elas sem sucumbir.

Esses sofrimentos são circunstâncias para compreendermos “que a vida não é fácil para ninguém”, é um grande desafio. É, sobretudo, a oportunidade de grande transmutação em nossa vida. São ocasiões que, por mais que pessoas amorosas e atenciosas nos cerquem, temos que passar por isso sozinhos, como se estivéssemos num meio de um deserto, e somente nós podemos encontrar aonde e como chegar.

Por alguma razão desconhecida, em determinado período ao longo da vida de uma pessoa, dispara-se algum gatilho que desperta essas memórias (similares a fatos presentes) com um sofrimento desproporcional, individualizado e intransferível, podendo ser tão grave a ponto de levar uma pessoa a experienciar os limites entre a vida e a morte de gerações anteriores.

A psicose, esquizofrenia, transtorno bipolar e síndrome do pânico são exemplos dessas vivências sem proporção.

Na psicose, a pessoa vive em dois mundos simultâneos, no mundo real e no imaginário, sem conseguir diferenciar. Em muitas vezes, os mundos se fundem, com sintomas de delírios. Já, na esquizofrenia, o indivíduo apresenta um transtorno em que uma alteração cerebral dificulta o julgamento correto sobre a realidade, a produção e pensamento simbólicos e abstratos e a elaboração de respostas emocionais complexas.

No transtorno bipolar, a pessoa “oscila de humor”, entre a euforia e a depressão, com frequência variada de leve a grave. Apresenta grande risco de suicídio e pode manifestar comportamentos, tais quais: gastar muito dinheiro, intensificar as relações sexuais, ter planos irreais e até perder o contato provisório com a realidade.  

A síndrome do pânico geralmente evolui com o processo de ansiedade, e a pessoa repentinamente, sem nenhum evento aparente, começa a sentir palpitações, medo, e/ou a sensação de que o sangue corre de forma acelerada pelo corpo.

Também pode apresentar palidez, hiperventilação, dificuldade para respirar, tontura, dormência, arrepios, vertigem, náuseas, transpiração, sensação de desmaio, pensamento suicida, e posteriormente, medo de sentir tudo isso de novo.

Se for feito um levantamento da história do sistema familiar dos antepassados da pessoa que apresenta sofrimentos desproporcionais e gravíssimos – psicogenealogia (o estudo da árvore genealógica), se concluirá que o indivíduo carrega o peso dos erros passados em que se originaram os distúrbios. E, geralmente, esses ancestrais foram excluídos.

Os sintomas revelam que tudo o que o indivíduo relata ver, de fato, foram acontecimentos traumáticos ocorridos nas gerações de uma ancestralidade muito distante.

Foram passando de geração em geração até essa memória precisar ser vivenciada por um descendente como sintoma gravíssimo, que precisa ser elaborado e curado. É indispensável manter acompanhamento do médico psiquiatra, das medicações alopáticas, da intervenção sensorial para colocar em ordem as leis do amor e curar.

Paralelamente, podem ser utilizadas as terapias alternativas complementares.

Assim, portadores de transtornos mentais e comportamentais estão carregando muito pelo seu sistema familiar. Uma tarefa extremamente difícil, na qual todos os integrantes da família deveriam apoiar, ter empatia e ajudar, já que estão sendo poupados do sofrimento. Muitas vezes, por meio de uma constelação, o facilitador pode explicar para a família o que essas pessoas carregam pelo sistema. E, assim, esse sistema vai conseguir migrar da má culpa (sem sensatez e lucidez, sempre inocente e não leva a lugar nenhum) para a boa culpa.

A família se torna grata e podem ser anjos na vida da pessoa que sofre, que é o verdadeiro anjo.

Ainda podemos citar que, dentre outros, nas noites escuras da alma temos: as pessoas hospitalizadas com doenças gravíssimas, os presidiários, a gagueira e a dislexia (condições da esquizofrenia), as pessoas que de repente sucumbiram por infelicidade, que vivem uma relação de codependência em vínculos abusivos, sofrendo pelo desequilíbrio entre o afeto e sexualidade.

Para todos os indivíduos que passam por um momento tão difícil, é preciso olhar com muita benevolência e empatia sistêmica.

Com as noites escuras, tiramos a lição de que o argumento retratado no bordão “tudo depende da sua força de vontade”, estimulado pelo individualismo social, não procede de forma alguma, já que, a partir dessa perspectiva, podemos concluir que o sofrimento humano não está relacionado apenas aos sofrimentos individuais, mas aos sistemas do grupo, aos problemas da própria história familiar.

Ainda é possível deduzir que, caso a pessoa escolha permanecer na boa consciência, esse sofrimento seria tão somente reflexo dos erros do grupo familiar, já que a carga familiar passada limita a nossa liberdade individual e impõe por meio do inconsciente coletivo que as ordens do amor sejam restabelecidas para que a cura seja alcançada.

Seguindo essa linha de raciocínio, a coragem para fazer novas escolhas, trilhar um caminho diferente ao dos familiares, discordar do grupo, mesmo que o indivíduo tenha medo, insegurança e culpa, na vivência da má-consciência, oportuniza a libertação desse sofrimento para os descendentes.

No tormento das noites escuras da alma, padecemos do sentimento de desamparo e desprezo por parte de todos ao nosso redor, em dissonância com a realidade. Esse é uma ocasião em que a intervenção sistêmica seria essencial. As incertezas e o vazio invadem a nossa alma.

Mas, a nossa alma sábia chega ao ponto em que enxerga a oportunidade de um salto quântico, de ir além. É exatamente quando nossa alma recupera o senso de ver adiante, que chega o momento de saborearmos as novas perspectivas, com olhos diferentes de outrora, longe do dissabor até então vivenciado.

Assim, podemos sair da profunda solidão com mais humildade, gratos e reconciliados com a vida para a qual estamos a serviço. A sensação é de renascimento: você sai do combate da guerra e encontra a profunda paz. Após esse tormento, fato é que mudanças virão.

E, como disse Elizabeth Ross, “A vida está mais para uma britadeira: ou nós saímos dela polidos ou despedaçados”.

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