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O CAMPO INFORMA

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Maria Seleta da Silva Machado
mar. 10 - 4 min de leitura
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O campo informa, sim o campo informa quando estamos presentes e com nossa consciência desperta. Certamente são numerosas as informações trazidas à nossa mente , infelizmente a maioria de nós vive pouco consciente dessa comunicação.

Os sonhos sempre foram frequentes e intensos na minha vida, fossem de olhos abertos ou no terror da noite, quando frequentemente, eu era visitada por seres invisíveis que me puxavam pelas pernas, havia os buracos profundos onde caía, as facadas que tomava na barriga, as fugas sem resultado porque as pernas não saíam do lugar e todos os infernos das noites escuras e longas. 

Por vezes, quando minha mãe não estava no meu campo de visão, eu ficava olhando a cacimba com medo de que ela tivesse se jogado, pois ouvia histórias de suicídio dessa forma. Amor carente!

Desde bem pequena, sempre tive atitudes que não eram condizentes com a vida que eu queria. Morava no campo, mas meu desejo de pertencimento estava na cidade, nas luzes e nos sons. Havia beleza urbana e um certo luxo no meu imaginário, que eu mesma, nunca havia experienciado.

Nasci no campo e antes dos 2 anos fomos morar na cidade meus jovens pais estavam começando a vida com grande sacrifício, muito trabalho e escassez, naqueles tempos já éramos 4, na verdade seríamos 6 , mas meus pais consideraram as dificuldades da vida que levavam naqueles tempos e interromperam duas gestações. Não os julgo,  entendo a necessidade de sustento e o esforço para vencer sem a presença de familiares que pudesse auxiliá-los.

Minha mãe conta que deixava  eu e meu irmão, trancados no quarto e ia ajudar meu pai no restaurante que tinham. 

Contam de fugas minhas com 2 ,3 anos e que na cidade de Rio Grande, eu já era reconhecida nas ruas pelos guardas municipais, os quais me levavam ao restaurante.  Hoje eu vejo o quanto houve de abandono.

Aos 5 anos fui matriculada no Jardim de Infância que não cheguei a frequentar, porque uma semana depois voltamos para viver no campo. A necessidade de mudança de vida dos meus pais, que não tinham conseguido melhorar de vida na cidade, se  somou  a viuvez da irmã de meu pai que perdeu o marido num acidente e ficou com dois bebês. Voltamos todos juntos! 

O assobio do sul Minuano, o coaxar de sapos, rãs e pererecas nos lamaçais do entorno de nossa residência, no inverno frio e chuvoso do Rio Grande do Sul, tudo aquilo me incomodava e trazia uma sensação de solidão, de nostalgia, às vezes, de medo.

Talvez ,por isso eu quisesse as luzes, os barulhos, as pessoas que estariam alertas , dessa forma eu também estaria visível.

Eu fui dessas crianças que não param e não dão sossego, vivia no mundo da lua, fantasiando outras vidas mais movimentadas. Eu inventava brincadeiras “menina arteira essa, ninguém pode com a bola dela" e aprontava alguma, assim e me divertia e era percebida. Quase todos os dias eu apanhava da minha mãe, tão sobrecarregada e eu espoleteando.

Já maiorzinha, eu sempre inventando coisas que me tirassem da rotina e com ciúmes do meu irmão bonzinho,  quase que diariamente provocava a ira de minha mãe . Às vezes pulando janelas, entrando em lagoas (minha mãe não entrava) e correndo, eu escapava das surras. Nesses dias, eu ficava andando pelo campo e ao entardecer eu voltava certa de que ela já estaria calma e eu escapado de mais uma. Vez ou outra, ficava horas e horas em brincadeiras solitárias e quando avistava meu pai chegando ia toda serelepe encontrá-lo. Então, chegava em casa já acompanhada e toda feliz.  

Sempre lembrei de minha infância como um período de muita alegria, brincadeiras e com grande felicidade, não lembro de ter sido uma criança triste ou carente. Hoje eu percebo que há memórias que ainda precisam ser drenadas, para que a minha criança  se sinta mais protegida , menos buscadora, mais amada.

O campo informa, sim o campo informa! As lembranças vieram agora em turbilhão e deixei fluir as emoções e sensações corporais guardadas no meu inconsciente. Percebi que estava constelando pela intensidade dos sentimentos, pelo colorido das imagens e a clareza das falas.

Estou mais presente, mais completa, mais Eu.

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