A cada instante ele fala, e é preciso leva-lo a sério. Tudo tem um significado, e é preciso olhar o todo, não somente o sintoma, não somente o cliente, mas o todo.
Por meio de uma abordagem sistêmica é possível identificar, através da linguagem corporal do sintoma, o que necessita ser olhado, ressignificado, solucionado. Por vezes será necessário também algum outro tratamento em paralelo e até mesmo medicamentos, mas enquanto não se resolve as questões que estão ‘debaixo do tapete’ e se leva a sério o que o corpo está dizendo, o sintoma não vai embora.
Todo o nosso corpo tem significado, cada sintoma tem significado. Observando esses sintomas e significados e o que o sintoma pede e exige que se faça nesta parte do corpo, a cura e a remissão chegam.
Experienciar este movimento faz a diferença, faz o milagre. É um trabalho fenomenológico, de cura não só daquele que procura o trabalho da abordagem sistêmica, mas de todos com os quais ele se relaciona.
Alguém que carrega um sintoma, não o faz porque quer. Está carregando um sintoma porque o sistema impõe, porém a cura é porque ela faz como opção dela se curar.
Alguém está doente porque o sintoma exige e alguém se cura porque faz o que é necessário.
Analisando tudo isto podemos então nos perguntar a nós mesmos: o que o sintoma pede de mim? O que ele exige de mim? O que o meu corpo pede que eu leve a sério? E o que eu estou disposta a fazer?
Um sintoma só se cura quando a pessoa leva a sério os seus sinais. Um corpo só estabelece o seu equilíbrio quando é levado a sério, quando é devolvido a esse corpo a alegria, a consideração, o respeito que ele precisa. Quando tudo isso for devolvido a esse corpo, o sintoma vai embora.
No livro ‘A verdade sobre o sofrimento humano’ de Olinda Guedes, eu li algo que me impactou:
‘um sintoma é sempre uma benção, uma oportunidade de completar-se (...) a condição para a cura é concordar com o sintoma’
A partir destes estudos passei a olhar para os meus sintomas como benção, como que eles me dissessem: olhe para mim, perceba-me.
O corpo fala, basta ouvirmos o que ele quer nos comunicar.
Agora eu sei. O processo de cura está acontecendo.
Fabiana Zappielo