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O PÔR DO SOL NO CÉU DO OUTONO

O PÔR DO SOL NO CÉU DO OUTONO
Márcia Regina Valderamos
mar. 23 - 7 min de leitura
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Me lembro da primeira vez que olhei para o céu de verdade. Passei quase que a metade da minha vida sem olhar para o céu para enxergar nele ele mesmo.

Sempre buscava no céu algo que eu queria ver, como fazia quando criança junto com minha mãe e meu irmão, nas poucas vezes em que ela conseguia interagir com a gente sem ficar nervosa. Ela apontava as nuvens e dizia que elas tinham formato de ursinho, de ovelha, de coelhinho, cachorrinho, cavalinho, etc....Era lindo! Até hoje eu olho para as nuvens e vejo bichinhos, mas agora vejo também outras formas, até o sorriso da minha princesa que está com Jesus....

Mas, eu passei muito tempo sem enxergar o céu. Eu só olhava para ver se iria chover, se estava nublado...

Nasci e cresci na Capital do Estado de São Paulo, cercada de prédios, de construções... mal dava para saber que tinha céu. Muita poluição.

Fora que ver é uma coisa, enxergar e ver além, além do aparente, como diz nossa amada Mestra Olinda Guedes, é outra completamente diferente.

Levei uma vida para perceber isso.

Meu amado papai dizia poucas coisas enquanto era vivo, quase nenhuma frase completa, clara. Mas, teve uma que ele disse e que eu guardei no meu coração:

“Caminha olhando para o chão para não tropeçar em pedras, não cair em buracos”.

E eu fazia exatamente o que ele mandava. Então, eu não olhava para o céu e, caso olhasse em algum momento, era rapidinho. Afinal, eu não podia deixar de caminhar, fazer, não tropeçar, não cair, correndo de um canto para o outro naquela cidade grande, cheia de prédios, de carros, ônibus, metrô. Muita gente, muita pressa, muita fuligem, muito tudo e quase sempre nada de nada.

Mesmo olhando sempre para o chão, obediente que eu era, “caí em muitos, muitos, muitos buracos”, exatamente porque não me dava o direito de enxergar o céu.

Às vezes olhava para o céu, mas para pedir a Deus algo. Gritando por socorro, desesperada, desacreditando das coisas daqui da Terra, eu buscava ver Deus, meus pais depois que partiram para lá, minha sobrinha que está com eles, mas o céu mesmo eu não enxergava.

Não podia. Não tinha serenidade para enxergar as coisas como são.

Meu pai, que, com tanto cuidado me pediu para não olhar a não ser para o chão, sempre “ver” onde eu pisava, perdeu completamente a visão aos 56 anos de idade. Por não ter “olhado” com os olhos da alma, a diabetes lhe acometeu.

Um dia, trabalhando longe do centro enlouquecido da minha cidade, estando nos bairros de periferia bem distantes, já próximos ao interior do Estado, uma amiga muito querida me falou do céu de outono. Disse que era a época do ano em que ela mais gostava de apreciar o céu, das cores que se faziam ao entardecer, no pôr do sol. Eu parei para prestar atenção, pois essa minha amiga é como uma irmã para mim.

E naquele lugar sem poluição, sem tantos prédios, eu pude enxergar a beleza Divina do céu de outono pela primeira vez. Foi maravilhoso! Fiquei extasiada e muito agradecida a Deus e a minha amada amiga Marly Bravi!

Agora, mais de trinta anos depois, enquanto olho para o céu aqui nesse lugar lindo onde moro, no interior de São Paulo, cercada de verde por todos os lados, presente de Deus para a minha aposentadoria, vejo da minha janela as cores que ela falava.

Hoje enxergo a beleza dessa obra magnifica do Criador.

Fico admirando e pensando naquela que me ensinou a enxergar toda essa formosura, como ele é, sem querer que haja algo que eu quero ver.

Enquanto me delicio com essas imagens, recebo dela, que pouco me escreve, uma mensagem. Nela, leio as palavras tristes que minha querida ali derrama e a sinto chorando, dizendo que está com COVID, que está internada. Também diz que o marido está entubado, que o filho dela, a nora e seus dois netinhos (um de 4 e outro de 2 aninhos) também estão infectados. O rapaz está infectado pela segunda vez e agora está internado. O filho do marido dela também se contaminou.

Meu coração fica destroçado! Olhando para o céu, eu vejo um vermelho esplendoroso, juntamente com as sombras que se formam nas nuvens por já estar anoitecendo.

De um lado, um vermelho vibrante que me faz pensar na vida, no pulsar do sangue, na oxigenação das veias de todos os seres humanos, de todos os viventes. De outro lado, as sombras do perigo iminente da morte, do anoitecer definitivo, do apagar das luzes, do não mais oxigenar.

Choro muito pelas vidas perdidas dos nossos irmãos pelo mundo, choro muito pelos brasileiros que não mais estarão conosco, nem no corre-corre do dia-a-dia, nem no descanso merecido depois de tanto trabalhar.

Meu coração chega a doer por tantas perdas, tantas famílias enlutadas!

Penso em como é simbólico o outono, com esse seu vermelho vivo, pulsante, para dentro, introvertido, no findar do dia, vir logo após o verão, época em que o sol se faz dourado, reluzente, extrovertido, para fora, até mesmo quando o dia se esvai.

Lembro como essa minha amiga/irmã, seu marido, filhos tanto correram nessa vida e agora todos foram parados, brecados. Como todos nós.

A natureza reflete nossa vida, a nossa chegada, nossa estada por aqui e a nossa partida.

Enquanto choro e reflito, enxergo, ao olhar para o céu novamente, formas que parecem anjos, com um sombreado azul escuro no seu entorno, azul claro no centro e uma luz vibrante, de um vermelho vivo proveniente desse centro. Me traz a certeza de que a finitude é só do visível, porque, para o além do que se vê, além do aparente, há muito mais vibração, pulsação. Há vida em plenitude, abundância e eternidade.

Nessa imagem, eu sinto que, juntamente com os anjos, todos nossos irmãos que se foram, estão formando um grande círculo ao redor do Universo. Estão de mãos dadas, percebo que eles estão iluminados por uma luz de um brilho impossível de ser fitado diretamente, com diversas cores: branca, lilás, violeta, verde, vermelha, azul, amarela. Essa Luz vem do coração de Jesus Cristo. Eles vibram essa profunda e intensa energia de cura sobre o nosso planeta, sobre todos nós!

Ah, como é bom enxergar, como é bom saber!

A cura já se faz! Gratidão!

 

 

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