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O QUE EU LEVAVA EM MINHA MOCHILA NA ÉPOCA DA ESCOLA

O QUE EU LEVAVA EM MINHA MOCHILA NA ÉPOCA DA ESCOLA
Paula Azevedo
mai. 10 - 5 min de leitura
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O livro: “o que traz quem levamos para a Escola” fez parte da Bibliografia do meu Curso de Pedagogia Sistêmica, que realizei no Instituto Jean Lucy, com Osvaldo Lins e o próprio Jean.

O Jean é um Educador Sistêmico, Terapeuta , Constelador do Mato Grosso, profundo admirador do trabalho da Olinda Guedes. Em sua Introdução ao curso de Pedagogia Sistêmica, nos apresentou Olinda como a primeira pessoa a falar de Pedagogia Sistêmica no Brasil.

Inspirado neste livro da autoria da Olinda, Jean, em seu livro sobre Pedagogia Sistêmica[1], também faz um relato do seu primeiro dia na escola.

Ao realizar a leitura desta obra,  fui convidada a retornar à minha infância...

Me lembrei da minha primeira mochila, ela era uma maletinha preta com alças para pendurar nas costas. Tinha um desenho com fundo vermelho... Não me lembro se a ilustração era de coelhinhos ou gatinhos, só lembro do fundo vermelho. Me lembro até do cheirinho dela...

Não me lembro do que tinha dentro dela... Minha cartilha (A cartilha da Mimi), com certeza! Acho que cadernos, lápis e borracha. Cada criança da minha sala tinha uma Caixa pequena de Isopor pintada de Azul céu, identificada com uma foto nossa 3x4 onde ficavam nossos pertences (escovas de dente, creme dental e outros).

Minha escola cheirava muito bem... Era um espaço maravilhoso, tinha tanque de areia, túnel de concreto, piscina, brinquedos. Minha escola era Azul céu e branca e se chamava Pingo de Gente, em meu uniforme, ostentávamos uma gota azul como emblema na camisa.

Eu sempre estudei pela manhã (até hoje sou matutina), o nome da minha primeira professora é Iraíma, mas semanas depois, me colocaram na classe da Tia Lacy, onde estavam as crianças mais adiantadas. As meninas tinham cabelos lisos e soltos, eu usava tranças.

Eu usava um sapatinho de couro estilo boneca, da Vulcabrás... Meu pai sempre engraxava meus sapatos.

Meu lanche ia numa lancheira azul, na maioria das vezes, era iogurte Danfrut (Danone), de morango com calda de morango no fundo, e Mirabel, um biscoito de waffer. Meu pai às vezes colocava também biscoito goiabinha da marca Piraquê...

Acabei de sentir o gosto dele na minha boca agora!


Eu pedi a meus pais para ir à escola... Nem sei o que eu pensava, eu só via as crianças maiores indo e queria ir também... Minha Tia tinha uma escolinha em casa, eu por muitas vezes a vi ensinando às crianças, então, queria aprender também.

Mas quando cheguei na escola de fato, minha adaptação foi muito sofrida, eu era muito tímida, e chorei muito querendo minha mãe e meu pai... Era uma sensação de vazio no peito, eu só chorava e chorava, chorava o tempo todo... Muita angústia!

A escola não soube lidar com meu choro...

Eu me lembro de umas estagiárias, que tentavam me acalentar e ficavam comigo no colo, mas em outras vezes, me lembro de ouvir que se eu não parasse de chorar, ficaria num quarto escuro e sozinha. Um dia, desisti de chorar...

Meus pais com todas as suas limitações, pois eram pais novos, queriam o melhor para mim. Eles se encantaram com sua pequena garotinha, me achavam muito espertinha, por isso, me colocaram bem cedo na escola.

Hoje a Educação Infantil é bastante difundida, mas não há 40 anos atrás, por isso, afirmo que fui uma criança privilegiada por ter começado meu processo de escolarização no início dos anos 1980, antes dos 7 anos, idade que a maioria das crianças era matriculada nas escolas.

Eu levava também em minha mochila uma grande fome, um grande desejo de aprender a ler e a escrever... Eu já perguntava muito a meus pais o que estava escrito aqui, ali e acolá... Eles me falaram que eu era muito curiosa... Sempre desejei decifrar o mundo...

Não consigo descrever o efeito que a minha primeira professora teve em mim, eu me sentia tão distante dela, mas foi nesta época que eu decidi ser “professoura”... Talvez eu tenha sido inspirada mesmo é pela minha Tia Lídia, aquela que tinha uma escolinha em casa.

Meus pais de alguma forma, amavam a escola, acreditavam nela e na Educação, e deram a ela um bom lugar, por isso, eu fiquei em paz e pude iniciar e completar meu processo de aquisição da leitura e escrita. E não apenas isso, pude também desenvolver uma trajetória escolar muito bem sucedida seja no antigo primário e ginásio, hoje chamado Ensino Fundamental, no Ensino Médio optando pelo Magistério,  assim como nas duas Graduações, no Mestrado e nas especializações.

Defesa da Dissertação e obtenção do grau de Mestre - 21/08/2015 - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

 


[1] Introdução a Pedagogia Sistêmica: Uma nova postura para pais e Educadores. Life Editora.

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