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O QUE FAZ O AMOR DAR CERTO?

O QUE FAZ O AMOR DAR CERTO?
Nathalia Charlois
mai. 27 - 7 min de leitura
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Pensando nesta pergunta, me coloquei a pensar sobre as histórias conjugais de minha família. Meus pais se conheceram e se apaixonaram, tarde para a época em que viviam, minha mãe na época com 25 anos e meu pai aos 28.

Minha mãe imaginava que seria solteira e não mais casaria. Já meu avô o paterno cobrava que meu pai se casasse “nem que fosse com uma mulher preta”, para que não fosse um solteirão, já que seus irmãos homens mais novos que ele, já haviam casado.

Já neste pequeno parágrafo podemos perceber várias questões como imposições da época em relação a idade que deveriam casar e também um racismo muito forte que estavam presentes em ambas as famílias, por conta do que meus avós passavam aos filhos.

Meu pai foi criado em um sítio, na zona rural de uma pequena cidade do sul de minas, com seus nove irmãos. Apesar de uma família numerosa e não ter dinheiro sobrando, meu avô, retireiro, garantia o sustento do filho com a retirada e a venda do leite e também com as plantações de subsistência e criações de galinhas e porcos. Tiveram uma vida bastante simples e também de muito trabalho, pois ajudavam nos serviços dos pais, antes de irem à escola. Meu pai é o filho mais velho, minha avó casou-se grávida dele, e acredito ter sofrido muito preconceito em relação à família do meu avô por conta desse fato, devido a época em que isto aconteceu. Minha avó cogitou a ideia de tirar meu pai, por conta do desespero e do medo que tomou conta dela.

Dos nove irmãos, meu pai foi o primeiro filho que continuou e terminou os estudos, até o ensino médio, mesmo com todas as dificuldades encontradas. Ele diz ter sofrido muito nesse período, pois por ser uma criança/adolescente da roça, sofria com o preconceito de crianças da cidade, dizendo sempre ter que mostrar que sabia, se dedicar mais, para que fosse visto e valorizado.

Contou-me sobre sua juventude em Minas Gerais, disse que namorou algumas meninas e que aproveitava as festas com seus irmãos e amigos. Mudou-se para o interior de São Paulo, assim que se formou em seu curso técnico, sozinho, sem nunca ter viajado para longe de seus pais, em uma cidade totalmente desconhecida, aos 25 anos, deixando uma namorada em Minas.

Disse que descobriu o mundo ao ter vindo para Bauru, pois começou a trabalhar, ganhar seu dinheiro, conseguiu comprar alguns pertences e morou com outros colegas mineiros numa república. Diz ter aproveitado muito a vida e num dos casamentos de seus amigos, conheceu minha mãe.

Minha mãe é a caçula mulher de uma família de seis filhos, após o nascimento dela, teve mais um irmão, o único homem dos filhos. Meus avós maternos tinham bastantes conflitos, pelo que minha mãe conta, meu avô tinha problemas com álcool, o que gerava brigas agressivas por conta deste fator. Porém, existem histórias afetivas também, quando ela conta dos piqueniques que a mãe proporcionava aos filhos, as festas de natal que o pai fazia para a família, onde ele gostava de comemorar o nascimento de Jesus com todos unidos, com bastante fartura.

Mudaram-se bastante de casa, meu avô era maquinista, assim como o pai dele. Apesar desses conflitos constantes, quando eu cresci um pouco, percebia que existia um amor do meu avô para com minha avó, mas que não souberam viver esse sentimento de uma forma saudável.

Separaram-se quando minha mãe era criança e foi aí que ela passou dificuldades financeiras, pois meu avô não deu suporte nenhum aos filhos mais novos e nem para minha avó. A mesma teve que começar a trabalhar, alugar alguns cômodos da casa para que pudesse se sustentar e sustentar os filhos que ainda moravam com ela. Minha mãe disse que ficou um tempo sem estudar, para poder ajudar a mãe e começou a trabalhar bem nova.

Iniciou um trabalho em uma universidade em Bauru, a USC, onde trabalhava na biblioteca e ali fez amizades bastante significativas para sua vida, que perduram até hoje. Incluindo com uma irmã que era a chefe delas, que era muito rígida, mas que minha mãe lembra com muito carinho até os dias atuais.

Devido a essa necessidade de trabalhar desde cedo, minha mãe sempre foi muito independente. Conta que teve alguns namoros, mas nada muito sério, que ela pensou que daria em casamento, até que conheceu meu pai e resolveram se casar.

Desse casamento, nasceram dois filhos, meu irmão e eu, com uma diferença de um ano e meio. Meu pai trabalhava viajando a semana toda, então era bem ausente no dia-a-dia e na nossa criação, ficando todas as responsabilidades da casa e da nossa criação com a minha mãe. Ela deixou de trabalhar para se dedicar a nós. Levava-nos no parque, nos levava para ver avião no aeroporto, no bosque, zoológico, cada dia tinha uma programação diferente. O casamento dos dois tinham suas dificuldades também, meu pai ficava apenas final de semana conosco, tinha suas dificuldades em compreender o papel de pai, porém auxiliava da maneira que podia, dando todo suporte financeiro e material.

Olhando para mim, percebo que sempre tive dificuldade em me relacionar, talvez por sentir essa falta que a figura paterna teve em minha vida. Coloquei-me em algumas relações abusivas e tóxicas, onde saí bastante machucada, não conseguindo impor limites para me proteger e me respeitar.

Precisei de terapia, de aprendizado, de aprender a me amar, me cuidar, aprender a viver feliz comigo mesma, assistir diversas aulas da professora Olinda, para compreender que eu poderia me abrir de novo, mas dessa vez para uma relação saudável. Atualmente, me encontro numa relação onde o amor transborda e o respeito prevalece, onde olhamos para a mesma direção e queremos construir nossas vidas juntos.

Sou grata aos relacionamentos que não deram certo, pois foram parte do meu processo de cura de minhas feridas antigas, para que pudesse estar inteira e disponível para uma relação saudável.

Obrigada, Obrigada, obrigada!

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