Há vários momentos na vida em que nos deparamos com situações com que nos fazem perder uma noite de sono, por mais que estejamos cansados.
Sim, segundo a querida mestra Olinda, estas noites chegam para todos, as chamadas noites escuras da alma, assim descrita de maneira poética pelo místico da igreja católica, São João da Cruz.
Penso que para uma mãe, essas noites aparecem com mais frequência, devido a preocupação em que o ato de criar um filho, traz por si só os mais diversos desafios.
Desde o momento em que uma mãe está com seu filho ainda em seu ventre, surgem dúvidas a respeito. Talvez sejam mais percebidas pela mãe, pois além de estar carregando, seus hormônios sofrem alterações e a sensibilidade fica mais aflorada.
Vou ressaltar aqui, a fase da adolescência, que é linda e repleta de descobertas para os jovens e um horizonte de desafios às mamães. Por mais que as mães se preparem para o momento ao qual os filhos cheguem a esta fase, sempre será uma caixinha de surpresas, pois cada um tem sua individualidade.
Destaco o desafio da mãe que se depara com o filho experimentando substâncias psicoativas.
No início é difícil perceber um comportamento diferente em seu filho, quando essa percepção ocorre, normalmente já está acontecendo há algum tempo.
Então, a mãe quando está com a cabeça em seu travesseiro, na escuridão da noite, começa a pensar onde errou e se culpa por vários episódios que ocorrem na vida de seu filho; desde a infância, fazendo se sentir tão, mas tão só que chega a perder o sono durante várias e várias noites.
Esta mãe se desliga da vida social e vive para o filho que precisa muito dela. Porém, sente-se frustrada por não poder ajudá-lo a se desvencilhar destas substâncias que lhe fazem mal, pois este não percebe da mesma maneira que a mãe.
O que pode ser feito então diante de um caso como este?
Como uma mãe pode ajudar seu filho?
Muitas perguntas não têm uma resposta certa para seguir, pois cada indivíduo é único e traz consigo sua história de vida com suas vivências e memórias transgeracionais.
Mas uma coisa é certa, para que esta mãe possa ajudar seu filho, ela precisa ajudar a si primeiro. Sim, esta mãe precisa procurar ajuda profissional para auxiliar seu filho no processo de cura.
Além da ajuda profissional, é importante ter uma alimentação saudável, praticar atividade física, e construir uma rede de apoio forte, com pessoas que lhe tragam informações, acalanto e apoio. Também é importante estudar sobre essas substâncias para entender o funcionamento delas no organismo de seu filho. Como diz um provérbio africano “é preciso uma aldeia para criar uma criança”.
Segundo a mestra Olinda nos fala em seu livro A verdade sobre o sofrimento humano, “a dinâmica sistêmica do consumo de drogas é: buscando a alegria de viver que vem do amor de graça dos pais.”
Para que essa sintonia amável volte a fazer parte da dinâmica desta família, é preciso que a mãe esteja fortalecida e comece a jornada de reconecção com seu filho através do amor, de muito amor.
Atitudes simples podem fazer muita diferença nesse processo de cura. Em primeiro lugar, enfatizo a importância da empatia, a escuta com o coração para escutar a alma deste filho que está gritando de dor.
A cada escuta é possível fazer um movimento de cura, mas para tanto, o apoio de uma profissional qualificada é de suma importância para que a mãe compreenda e deixe seu coração falar mais alto nos momentos que precisa, porém em outros momentos, colocar regras e ser firme em suas ações.
Só é possível a recuperação desse vínculo de amor que um dia foi interrompido, através do próprio amor; como a mestra Olinda nos diz, “O amor sempre traz de volta”.