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O QUE FIZ PELOS OS MEUS PAIS

O QUE FIZ PELOS OS MEUS PAIS
Sarah Borges
jul. 20 - 7 min de leitura
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Minha jornada nas Constelações familiares, como aluna da Formação Real, teve sua estruturação baseada no conhecimento e na utilização das três Leis sistêmicas formuladas por Bert Hellinger.

Segundo Bert, estas 3 leis regem os relacionamentos humanos e o devido respeito a elas oferece a oportunidade de vida mais leve e em conformidade com o nosso destino.

Entretanto, quando estas leis são violadas, conscientemente ou não, todo o sistema familiar será acometido com emaranhamentos que se manifestaram como dificuldades ou pesos para membros deste sistema.

Estas leis naturais são a ordem ou hierarquia, o pertencimento e o equilíbrio.

A lei da ordem ou hierarquia diz que quem veio antes de nós (como nossos avós, pais e irmãos mais velhos) possui o direito de precedência, e temos de respeitá-los como mais velhos. Assim, a hierarquia familiar é regida pela precedência no tempo, ou seja, quem veio primeiro têm mais autoridade sobre quem nasceu depois.

Ao analisar a ordem dentro do meu sistema familiar, identifiquei claramente que este princípio estava em desordem. Para começar, meus pais sofreram de orfandades que se constituíram em traumas infantis e repercutiram na forma de se relacionarem com o mundo adulto.

Pois bem, para sair da dor da criança ferida e da escassez, casaram-se. Meu pai com 22 anos e minha mãe com 16. Depois de três anos eles já tinham três filhos (eu e meus dois irmãos).

Filha única de mulher, e a do meio, sempre me portei como salvadora do sistema e me coloquei em superioridade aos meus pais e aos meus irmãos.

Por sentir pena do meu pai não ter pai e da minha mãe não ter mãe, por amá-los cegamente e de forma arrogante, sai do meu lugar sistêmico e tentei, em vão, dar a eles um amor que deveria vir dos meus avós, numa forma de desrespeito ao destino deles e ao meu próprio destino.

Com esta percepção, tenho praticado o amor que cura e me colocado simplesmente com filha e não mais como a que carrega todo o peso do sistema e muitas bênçãos tem sido alcançadas.

De acordo com a lei do pertencimento, todos têm o mesmo direito e a necessidade de pertencer a um sistema familiar e não podem ser excluídos. O sistema sempre busca de algum modo promover a inclusão daquele membro para que o equilíbrio familiar seja retomado, ou seja, preocupa-se em proteger todos da mesma forma.

Se por acaso esse direito é negado a algum membro, o sistema o reconduz ao grupo através da sua representação por outro familiar, geralmente as crianças, que são mais suscetíveis a esse amor cego. Através dessa lembrança, ainda que deslocada, o sistema garante o pertencimento de todos.

Desta forma, tenho vivenciado que as exclusões em forma de julgamentos e esquecimentos na minha família surgem em forma de suicídios, abortos, dificuldades de engravidar, morte materna no parto, falta de desejo de ter filhos, doenças no aparelho reprodutor masculino e feminino, assassinatos, disputas de herança, desunião e afastamentos de irmãos e primos e tantas outras desordens.

Após essa tomada de consciência tenho realizado progressos na cura pela aceitação e inclusão de todos que tenho consciência dentro do meu sistema. Confesso que não é tarefa fácil, mas, aos poucos observo que a minha família atual não é a mesma.

Nosso relacionamento mudou e muitas curas ocorreram. Hoje temos o lugar de cada um respeitado e a consciência de que tudo e todos que se apresentam para nós precisam ter um lugar nos nossos corações e no nosso sistema familiar.

A terceira lei fala sobre o equilíbrio entre o dar e o receber no trabalho sistêmico. Ou seja, onde houverem pessoas se relacionando, essa lei atuará. Em qualquer convivência, quem dá mais e recebe menos acaba sendo magoado. Quem recebe muito e dá pouco acaba se sentindo em dívida.

Assim, no equilíbrio entre dar e receber, quem recebe sente-se em dívida e, em contraponto, dá, gerando nova dívida, que logo é sanada, e assim por diante. Existe uma busca de reciprocidade e compensação nas relações humanas, onde o dar e tomar deve ser praticado em igual quantidade entre os envolvidos.

Quando ocorre desequilíbrio, uma das partes pode se sentir pressionada a se afastar por não poder retribuir ou a pessoa que dá muito, ao perceber o peso de sua “benevolência”, para de ceder, dando uma chance ao outro de se equalizar na relação.

Esse sistema encontra uma exceção na relação entre os pais e filhos. Nesse relacionamento, os pais somente dão e os filhos tomam, sempre. A compensação acontecerá quando os filhos se tornarem pais, e então, darão aos filhos sem exigir algo em troca. Os pais fazem isso pois também foram filhos e receberam, sem ter que dar nada em troca. Dessa forma, a vida caminha adiante com equilíbrio para todos.

Trazendo a terceira lei para a minha experiência pessoal, compreendi que além de estar fora do meu lugar sistêmico e lutando para pertencer, não me abria a receber. O não merecimento fazia com que eu quisesse compulsivamente me colocar em superioridade e dar, sem nunca me abrir a receber com forma de aliviar a minha dor de rejeição e me sentir potente, poderosa, superior aos outros.

Só quando eu assumi este processo de olhar para dentro de mim e permiti ser eu mesma e não uma farsa para ser aceita, eu passei a considerar a possibilidade de fazer novas escolhas dentro de um amor maior. Aprendi a respeitar e acolher tudo o que foi e como foi.  Assumir esse presente plenamente, assumir a vida plenamente honrando e agradecendo meus pais.

Os princípios subjacentes da consciência de grupo fazem-se conhecidos em nossos relacionamentos e em seus efeitos. Quem conhece tais efeitos pode transcender os limites das consciências pela compreensão. Onde as consciências cegam, a compreensão sabe; onde as consciências prendem, a compreensão libera; onde as consciências incitam, a compreensão inibe; onde as consciências paralisam, a compreensão age; e onde as consciências separam, a compreensão ama. Bert Hellinger, em “O Amor de espirito”.

#mod02

 

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