Adorei o livro que deu título a esta publicação.
Prosa encantadora que nos conduz à compreensão da pedagogia sistêmica e das dinâmicas que ocorrem no processo de aprendizagem.
O sujeito da ciência Pedagogia é o ser humano como educando. E, educandos somos todos nós, não importando a nossa idade.
A nossa realidade existencial é singular porém cercada de muitas outras realidades existenciais, o que nos obriga a compartilhar as nossas vivências individuais que, por fim, se tornam coletivas.
Na vida há um processo pedagógico permanentemente atuante e de caráter universal que se utiliza da troca e do compartilhar das realidades existenciais.
Troca deliberada, almejada e que se quer manter. Troca outra que é imposta, não pretendida e indesejada que se quer dela livrar.
Em geral, a troca é desequilibrada, embora possa ser motivada por boa intenção, e o resultado do desequilíbrio é dano e sofrimento.
Já no primeiro capítulo do livro somos lembrados pela autora que para BEM VIVER é preciso SERVIR.
Servir! Advertência que acompanha a humanidade desde remota era. Aliás, Bert Hellinger informou que a vida nos toma a seu SERVIÇO! Ou seja, vivemos para servir.
Mas servir não é atitude passiva, de sujeição à desordem e ao desequilíbrio! Servir é atitude ativa, é colocar-se à disposição de um propósito maior.
E, viver, tem seu preço!
Às vezes, parece difícil viver, principalmente BEM viver, porquanto muita coisa parece conspirar contra isso.
Será?
Então seguimos com a leitura e os capítulos vão delicadamente nos seduzindo a percepção e nos conduzindo a um profundo exercício reflexivo sobre o processo de aprendizagem, mas, também, sobre educandos, educadores, dinâmicas existentes nas relações humanas, sobre os princípios que regem as necessidades básicas da criatura humana, e, por fim, sobre a reconciliação, a paz e o amor.
A querida e sábia pedagoga - Olinda Guedes - através das páginas que se sucedem, vai nos acolhendo em sua compreensão e vai nos auxiliando a olhar melhor para o processo educacional, e, como a uma deliciosa quitanda mineira (*), vamos prazerosamente nos entregando a essa compreensão que nos enseja a percepção da existência de texturas, cheiros e sabores diversos, porém igualmente bons, igualmente certos.
E a nossa criança interior, que também é educanda, faminta desse alimento substancioso, começa a ser por ele nutrida.
Ela exulta porque é VISTA, é RESPEITADA e será CUIDADA. Ela finalmente encontrou um bom jardineiro para cuidar de seu solo fértil mas até agora negligenciado.
O que traz quem levamos para a escola?
Traz a sua humanidade, a sua ânsia de pertencer, de estar em ordem e de poder compensar!
(*) quitanda mineira: broas, biscoitos, roscas, bolos e doces da culinária mineira.