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O SINTOMA, DOENÇA COMO CAMINHO PARA A CURA.

O SINTOMA, DOENÇA COMO CAMINHO PARA A CURA.
Liane Dall'Agnol
jun. 11 - 5 min de leitura
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Desde criança tinha episódios de alergia.

Fiquei internada algumas vezes, porque dava um grosseirão no corpo todo, da cabeça aos pés, não podia nem caminhar.

Uma vez o diagnóstico foi que era alérgica a tomate, outra vez foi a carne de porco e na outra manga, não a fruta mas a floração dos pés de manga. E assim foi durante quase quarenta anos, a culpa do tomate, do calor, do camarão e assim por diante.

Até que neste último fim de ano deu uma crise bem diferente, além da coceira e do grosseirão na pele, deu também bolhas e a pele ficou roxa, começou nas mãos e foi se espalhando pelo corpo.

O dermatologista trocou quatro vezes a medicação e era a mesma coisa que tomar água, não fazia a mínima diferença. E eu com a agenda cheia de clientes para atender, queria a todo custo que aquilo melhorasse.

Como trabalho com estética, o dermatologista disse que era alergia a um dos produtos que utilizo em cabine e que tinha muitas esteticistas com alergia a aquele componente. Até cogitei com o médico talvez ter uma origem emocional, mas ele me fitou e respondeu prontamente que isso não existia.

Como já estudo há alguns anos essa relação dos sintomas e doenças, a forma como se expressam no corpo, já sabia que as doenças de pele, as alergias, poderiam estar relacionadas a um conflito de território, segundo a nova medicina germânica; quando por algum motivo, sentimos nosso território ameaçado, nosso corpo produz certas substâncias de proteção em excesso, o que leva a sintomas na pele, como manchas, cocheiras, urticárias.

A foto deste post é da minha mão; tive nos braços, colo, pescoço, barriga, um pouco nas pernas. Nenhum medicamento dava jeito e já não podia mais nem usar sabonete ou shampoo porque tudo que encostava na minha pele piorava o quadro. Verão, calor e não podia nem usar um desodorante. Não conseguia dormir porque a coceira era tanta, que passava as noites em claro tomando chás, fazendo banho de ervas e andando pela casa. Eu me sentia um cão sarnento.

Para atender minhas clientes, tinha que enrolar os braços em plástico filme e usar luvas.

Eu só pensava que naquela época não poderia estar acontecendo aquilo, fazia tantos meses que não tinha nem um pontinho de alergia e justo na época de maior faturamento que é o fim de ano eu prestes a pirar com o corpo tomado por cocheira e bolhas. E foi este pensamento ligado a uma história que recordei de natal, conversando com uma amiga que é terapeuta, que veio à consciência qual situação me levou a sentir meu território ameaçado.

Assim, em uma conversa com uma amiga, contando episódios de natal, eu comentei que nunca gostava da época do natal, porque quando era criança nesta época presenciava mais as brigas dos meus pais, por estar mais em casa, de férias da escola e várias vezes saia de casa, ia para casa das amigas porque era horrível presenciar eles brigando.

Que certa vez quando eu tinha uns seis ou sete anos, eles mandaram eu e meus irmãos para a casa dos meus avós, que moravam num sitio em outra cidade, assim que começaram as férias da escola em dezembro e eles iriam para lá somente no natal. Eu estava ansiosa para revê-los no dia do natal, mas eles não apareceram, foi o primeiro natal sem eles. E inventaram uma história que não fazia o menor sentido, mas eu ouvi um dos meus tios contando que a situação estava incontornável que eles iriam mesmo se separar.

Naquele momento parecia que o mundo desmoronava, quantas sensações estranhas, que eu nunca havia sentido e não conseguia contar a ninguém o meu desespero porque sempre fui muito introvertida, muito tímida e falar sobre aquilo, que eu nem mesmo sabia nomear, era impossível pra mim.

Foram dias horríveis, eu me sentia abandonada, eu só queria que meus pais me buscassem e me levassem para casa, mas eu nem tinha como falar com eles; naquela época não tinha celulares e pouca importância se dava ao que uma criança queria.

E desde então, durante quase quarenta anos, na época do natal eu tinha crises horríveis de alergia e nunca havia percebido que era sempre nesta época.

Foi então, neste último natal, devido à uma crise de alergia das piores que já vivi, que eu compreendi o que a alergia vinha me mostrar; quais memórias eu acessava nesta época do ano que faziam meu corpo reagir desta forma.

Desde então, venho ressignificando essas memórias, cuidando da minha criança ferida e torcendo para que o próximo natal seja realmente uma época festiva.

 

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