A solidão está relacionada a desconexão com nosso bando, nossas raízes, nossa ancestralidade.
Quando tocamos o outro, ele sente que você está disponível, que não irá atacar. Isso é consciência de manada, os animais agem assim trazendo senso de grupo, segurança e pertencimento.
Quando Olinda falou sobre essa questão do toque, me fez refletir o quanto os atos de violência abalam profundamente nosso senso de pertencimento.
Sendo o toque, o abraço, o acolhimento, a base de toda a nutrição emocional na infância, da conexão com a mãe, com nosso feminino, e que a partir disso nos sentimos pertencentes e nos tornamos adultos funcionais, imagine o impacto que uma agressão física pode causar!
Ainda mais vindo de nossa família, nossos pais, que são nossas raízes e que esperamos nos sentirmos seguros e amparados por eles.
Meus pais nunca me bateram, mas em minha ancestralidade houveram atos de violência, e essa memória transgeracional impacta e muito nossas relações e percepção de mundo. Estou tendo a oportunidade de compreender isso e o porquê de eu me sentir assim mesmo nunca havendo passado por isso.
Também comecei a perceber isso mais profundamente esse aspecto em meus clientes. Todos que trazem sentimento de solidão, de falta de sentido, de propósito, apanharam muito quando criança.
Há uma desconexão muito grande com o emocional e também com a capacidade de receber da vida, de se conectar com a existência, sentir alegria e confiar que é seguro estar aqui. E esses clientes são os que mais tem dificuldade em expressar certas coisas, pois trazem muito o sentimento de que serão punidos.
Aquele sentimento do "engole o choro" que toma espaço.
E de fato, quanto mais nos mostramos humanos ao clientes, mais ele se sentirá acolhido e confortável durante o processo terapêutico. Busco sempre trabalhar com essa linguagem amorosa, escutando e conduzindo dessa maneira, e também compondo meu espaço de atendimento com coisas que trazem esse acolhimento, e que mesmo de maneira online, percebo o quanto isso tudo chega até eles de maneira positiva.
Dar este abraço, esse toque que toca além do físico, que toca o coração do cliente, faz com que aos poucos ele sinta essa segurança, esse amparo de que "tudo bem sentir, tudo bem chorar, tudo bem se emocionar".
Assim eles vão percebendo o que os leva a agir de maneira tão reativa, compreendem seus medos e e começam a se preencher de si mesmos, recuperando sua autoconfiança e poder pessoal.
Eles vão no próprio tempo deles, se sentindo pertencentes pelo amor, e não mais pela dor.
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