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ORDENS DA AJUDA

ORDENS DA AJUDA
Sarah Borges
jul. 28 - 6 min de leitura
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As ordens da ajuda dizem que somente quem recebe a ajuda é capaz de fazer algo com o que vê. Há um limite claro de até onde um ajudador pode ir. Quando nos encontramos na posição de ajudar o outro, nem sempre compreendemos, com clareza, como até mesmo esse ato, por melhor intenção que tenha, deve respeitar a relação entre quem ajuda e quem é ajudado.

A primeira lei da ajuda refere-se basicamente a tomar para si apenas o necessário e dar apenas aquilo que se tem. O equilíbrio é a chave, tanto para quem doa quanto para quem recebe. Por isso, o caminho do meio nesta relação de assistência, é não ter nem demais e nem de menos.

Trata-se de uma atitude de humildade para compreender os próprios limites e, inclusive, para recuar em determinados momentos, quando o auxílio pode se configurar em algo danoso a si e ao outro.

Essa ajuda humilde traz uma consciência maior sobre até onde podemos ir e nos impele a tomarmos decisões que, mais adiante, podem evitar conflitos entre ajudador e ajudado.

A segunda lei consiste em saber compreender o contexto e reconhecer os próprios limites para, humildemente, não os avançar, ainda que o ego deseje isso. É o ato de reconhecer as circunstâncias e analisar com clareza suas possibilidades de ação, para realizar o seu melhor, apenas com os recursos que dispõe e nada mais.

Compreender quando é hora de agir ou de se retirar, e aceitar, com humildade e sabedoria, que a vida possui seus próprios desígnios. Ir contra isso é uma grande perda de tempo.

Na terceira lei, o ajudante irá se posicionar diante de seu ajudado, sempre de pessoa adulta para pessoa adulta. O cliente necessita empoderar-se a ponto de perceber que é o autor de sua história e responsável por suas escolhas, erros, acertos e conquistas. O terapeuta jamais poderá ocupar papéis que não são seus, para que ele se sinta melhor.

O cliente só alcançará a verdadeira transformação, se estiver no papel de adulto que é, reconhecendo seu potencial, a real necessidade de mudança, e trabalhando, de forma madura e consciente, no sentido de alcançá-la.

A quarta lei preconiza olhar para o cliente de forma sistêmica e não isolada, ou seja, considerando suas relações e todos aqueles que estão ao seu redor, em especial, a figura dos seus pais. Estes, por sua vez, também devem ser acolhidos e amparados com o mesmo respeito, não julgamento e compaixão que o cliente.

Portanto, é essencial envolver todos os familiares que estão diretamente relacionados ao cliente, de modo que o ajudador/terapeuta consiga ter uma visão sistêmica e mais apurada sobre a questão e, assim, possa ter mais ferramentas para ajudá-lo a resolver definitivamente seu problema.

Completando, a quinta lei estabelece que devemos honrar e respeitar a história de cada pessoa; amar sem reservas, como é, na essência, e buscar compreender e aceitar os desígnios da sua vida, o seu destino. Assumir essa postura, ajuda o terapeuta a enxergar melhor a natureza da queixa do cliente, sob o viés daqueles que convivem diretamente com ele.

Também auxilia a que tenha novas perspectivas do problema, que ajudem o cliente a enfrentar suas dificuldades e solucioná-las de vez.

A nossa postura de terapeuta irá determinar a cura ou minar o processo de desenvolvimento do cliente e, consequentemente, a eliminação do seu problema. Julgamentos e críticas acabam sendo um impeditivo para encontrar a confiança e o empoderamento que precisa para sanar a queixa, e contribuem apenas para remoer sua questão pendente e ficar sem forças para seguir em frente.

Muitas vezes, dependendo do  momento, nosso recuo é importante para que haja uma ação do cliente, para que outras forças que não compreendemos totalmente possam agir e a vida possa, finalmente, seguir o seu curso. Buscar servir com respeito, amor, não julgamento, paciência e compaixão e agir da melhor maneira, possibilita construir uma relação positiva e equilibrada, entre nós que ajudamos e aqueles que por nós são ajudados.

A esse respeito, Bert Hellinger ensina o seguinte: “Como ajudantes, temos a ideia de que devemos, a qualquer preço, manter uma pessoa viva e ajudá-la a ter uma vida feliz. Entretanto, ela está entregue a outras forças, diante das quais nossos esforços fracassam. Ao invés de nos vermos apenas diante da pessoa que busca ou necessita da nossa ajuda, olhamos para além dela. De repente, sentimos que há outras forças em ação, que são maiores que nós. Aí nos acalmamos. Muitas vezes, também conseguimos olhar de outra maneira para a criança, sem preocupações”.

O desejo e a ansiedade de ajudar o outro, pode estar camuflando uma vontade oculta de mudar o outro. Neste sentido, observa-se uma vontade pessoal sobrepondo à verdadeira empatia e compaixão em relação àquele que sofre.

Durante a ajuda, o terapeuta não tem o direito de querer mudar o outro.

Toda vez que queremos mudar o outro, o outro não se permite, o sistema e o universo não permitem que isso aconteça. A mudança quando imposta pelo ajudante representa a perda da dignidade do ajudado diante do seu sistema, diante da vida.

O que nos torna livres para verdadeiramente nos curarmos em primeiro lugar, e ajudar a cura do outro, é olharmos com respeito, com compaixão. Assim, a constelação é feita não para que o outro fique melhor, que seja curado ou que tenha menos trabalho ou menos aborrecimento.

Ela é efetiva quando o cliente desperta o sentimento de: “agora eu sei! Mesmo que a situação nunca mude e mesmo que tenha que carregar o sintoma para sempre, agora eu sei!” Só assim, a verdadeira ajuda pode acontecer.

#mod08

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